Escolas já receberam mais de um milhão de computadores

Escolas já receberam mais de um milhão de computadores


Relatório do Tribunal de Contas revela que 100 mil foram recusados por famílias e professores. 


Uma nova auditoria do Tribunal de Contas à aplicação de recursos públicos na digitalização para as escolas, depois de na semana passada ter saído um relatório sobre a compra de computadores e internet decidida no início da pandemia, revela que até março deste ano já tinham sido distribuídos às escolas 1,04 milhões de computadores. Destes, tinham sido entregues 682 mil (589 mil a alunos e 95 mil a docentes), estando na altura ainda 358 mil ainda por afetar. O relatório, que o i consultou, revela que 100 mil computadores foram recusados por docentes e encarregados de educação. Por outro lado, um terço dos computadores distribuídos não tinham o respetivo auto de entrega assinado pelos destinatários, que assumem custos com manutenção. Em contraditório, a Estrutura de Missão “Recuperar Portugal”, responsável pela gestão dos fundos do PRR que permitiram comprar 600 mil destes computadores, justificou que este auto de entrega só é necessário quando famílias e professores aceitam o empréstimo, que implica levarem os computadores para fora das instalações da escola.

A auditoria, que passa em revista não só os investimentos previstos com o PRR na digitalização das escolas mas também no âmbito do PATD – Plano de Ação de Transição Digital, ressalva que o financiamento desta reforma, previsto através de fundos nacionais e europeus, foi de 15 M€, em 2021 e 2022, e, para os Investimentos através do PRR, prevê-se um montante de 500 M€ até 2025. E em geral está a correr bem: “Observou-se que, tanto ao nível da Reforma como dos Investimentos, a execução está a decorrer, em geral, em conformidade com os objetivos, metas e indicadores estabelecidos e dentro da calendarização prevista”, considerando no entanto que é cedo para apreciar a “respetiva eficácia”. O campo da compra de computadores e conectividade é o único já executado, sendo que os 1,04 milhões de computadores distribuídos ficam perto do objetivo de 1,05 milhões para este ano.

O tribunal deixa ainda assim uma nota negativa sobre a publicação tardia da resolução de de conselhos de ministros que só em maio de 2022 autorizou algumas despesas, dificultando por exemplo a desmaterialização das provas de avaliação.

Ouvidas as entidades envolvidas, o TdC destaca questões suscitadas como a “pertinência de se dispor de um plano para a manutenção e substituição regular de computadores para garantir a sustentabilidade da iniciativa, recursos humanos para preparar a distribuição de computadores e condições logísticas e de segurança para o seu funcionamento em sala de aula e acondicionamento adequado nas escolas para minimizar o risco da sua salvaguarda e controlo”, lê-se na auditoria, que conclui com duas recomendações ao Governo: garantir a execução integrada e dentro dos prazos dos investimentos e concluir o processo de afetação de computadores e conectividade já entregues às escolas.