Sebastião Fardado


Façamos desta década, uma década de consolidação do muito que temos conquistado enquanto Nação democrática, europeia e global, com história, identidade e um futuro cheio de desafios e oportunidades.  


Ontem decorreu o debate parlamentar sobre o Estado da Nação. Por compromissos editoriais escrevi este texto antes da sua conclusão, mas a minha expectativa é que tenha sido um debate tático, tal como expectável num contexto de grande incerteza. A onda de calor e a tragédia recorrente dos incêndios florestais concorre nos media com a Guerra na Ucrânia e o regresso do desporto de alta competição, em particular o Futebol. Na comunicação e na ação saltita-se do global para o local, do operacional para o tático, mas o debate estratégico eclipsou-se por não ser este o tempo, segundo se vai alegando, de tomar grandes decisões sem um aturado consenso.

Compreendo a opção pela tática, mas discordo dela. Este é para Portugal o momento de garantir que, depois de passada a tempestade, o País se consolida no primeiro pelotão do desenvolvimento sustentável e inclusivo e não se acomoda ao já longo estágio no grupo perseguidor. Não devemos deixar ninguém para trás, mas quem não quiser vir que fique amarrado à sua escolha, que o futuro classificará como cadastro ou capital político.

Na passada semana, pelos corredores do Parlamento Europeu em Bruxelas foram muitos os meus colegas de vários grupos políticos e nacionalidades que me deram os parabéns pelas previsões de verão da Comissão Europeia, que colocam Portugal como o País que mais vai crescer na criação de riqueza este ano, considerando a previsão de incremento de 6,5% do Produto Interno Bruto e antecipam ainda dois anos de convergência com a média europeia. Estes elogios, e não têm sido poucos os que Portugal tem merecido desde que desistiu da mediocridade de querer ir “além da Troika”, baixar rendimentos, destruir capital produtivo e empobrecer para sobreviver, são ao mesmo tempo um apelo à responsabilidade e à nossa capacidade de arriscar para que as boas noticias sejam estruturais e não conjunturais.

Recordar os tempos de pesadelo que vivemos em nome dessa estratégia de empobrecimento, à custa de uma competição com base em baixos salários, privatizações ao desbarato, convites à emigração dos mais qualificados e outras malfeitorias que o povo português dificilmente esquecerá, é ao mesmo tempo uma convocatória para fazer o oposto. Para apostar numa estratégia sólida de investimentos estratégicos que conduzam ao aumento da produtividade, da competitividade e dos rendimentos em todos os setores da nossa economia.

Independentemente do mérito da personalidade a quem querem vestir a pele, não há nada mais perigoso para o Estado da Nação do que a insinuação crescente de que a Marcelo Rebelo de Sousa deve suceder um Sebastião fardado. Este é um sintoma do que pode acontecer se a tática secar a coragem estratégica. Este não é um tempo de esperar para ver o que acontece, porque muitas e muitos portugueses já não têm margem para esperar. É um tempo de arriscar, com orgulho, conhecimento, criatividade e consciência do nosso posicionamento como potência marítima e atlântica e Hub multilateral. É nos momentos mais difíceis que as grandes decisões são mais necessárias. Façamos desta década, uma década de consolidação do muito que temos conquistado enquanto Nação democrática, europeia e global, com história, identidade e um futuro cheio de desafios e oportunidades.

 

Eurodeputado do PS

Sebastião Fardado


Façamos desta década, uma década de consolidação do muito que temos conquistado enquanto Nação democrática, europeia e global, com história, identidade e um futuro cheio de desafios e oportunidades.  


Ontem decorreu o debate parlamentar sobre o Estado da Nação. Por compromissos editoriais escrevi este texto antes da sua conclusão, mas a minha expectativa é que tenha sido um debate tático, tal como expectável num contexto de grande incerteza. A onda de calor e a tragédia recorrente dos incêndios florestais concorre nos media com a Guerra na Ucrânia e o regresso do desporto de alta competição, em particular o Futebol. Na comunicação e na ação saltita-se do global para o local, do operacional para o tático, mas o debate estratégico eclipsou-se por não ser este o tempo, segundo se vai alegando, de tomar grandes decisões sem um aturado consenso.

Compreendo a opção pela tática, mas discordo dela. Este é para Portugal o momento de garantir que, depois de passada a tempestade, o País se consolida no primeiro pelotão do desenvolvimento sustentável e inclusivo e não se acomoda ao já longo estágio no grupo perseguidor. Não devemos deixar ninguém para trás, mas quem não quiser vir que fique amarrado à sua escolha, que o futuro classificará como cadastro ou capital político.

Na passada semana, pelos corredores do Parlamento Europeu em Bruxelas foram muitos os meus colegas de vários grupos políticos e nacionalidades que me deram os parabéns pelas previsões de verão da Comissão Europeia, que colocam Portugal como o País que mais vai crescer na criação de riqueza este ano, considerando a previsão de incremento de 6,5% do Produto Interno Bruto e antecipam ainda dois anos de convergência com a média europeia. Estes elogios, e não têm sido poucos os que Portugal tem merecido desde que desistiu da mediocridade de querer ir “além da Troika”, baixar rendimentos, destruir capital produtivo e empobrecer para sobreviver, são ao mesmo tempo um apelo à responsabilidade e à nossa capacidade de arriscar para que as boas noticias sejam estruturais e não conjunturais.

Recordar os tempos de pesadelo que vivemos em nome dessa estratégia de empobrecimento, à custa de uma competição com base em baixos salários, privatizações ao desbarato, convites à emigração dos mais qualificados e outras malfeitorias que o povo português dificilmente esquecerá, é ao mesmo tempo uma convocatória para fazer o oposto. Para apostar numa estratégia sólida de investimentos estratégicos que conduzam ao aumento da produtividade, da competitividade e dos rendimentos em todos os setores da nossa economia.

Independentemente do mérito da personalidade a quem querem vestir a pele, não há nada mais perigoso para o Estado da Nação do que a insinuação crescente de que a Marcelo Rebelo de Sousa deve suceder um Sebastião fardado. Este é um sintoma do que pode acontecer se a tática secar a coragem estratégica. Este não é um tempo de esperar para ver o que acontece, porque muitas e muitos portugueses já não têm margem para esperar. É um tempo de arriscar, com orgulho, conhecimento, criatividade e consciência do nosso posicionamento como potência marítima e atlântica e Hub multilateral. É nos momentos mais difíceis que as grandes decisões são mais necessárias. Façamos desta década, uma década de consolidação do muito que temos conquistado enquanto Nação democrática, europeia e global, com história, identidade e um futuro cheio de desafios e oportunidades.

 

Eurodeputado do PS