Reconstruir


A inflação é a maior aliada de convulsões sociais e políticas. Para quem não percebeu, o Estado Social português está nos cuidados intensivos. Os mais desprotegidos vão ser, uma vez mais, os mais castigados pela ineficácia da governação.


A terceira década do século XXI começou com a derrocada de princípios e valores que tínhamos como adquiridos. Mesmo que ainda não haja fim à vista para as crises irmãs que vivemos – conflito armado na Europa, inflação historicamente elevada, de globalização acelerada, alterações climáticas, pandemia –, nem sejam ainda claras todas as suas consequências, uma coisa é certa: os próximos anos exigirão aos decisores políticos e empresariais, bem como aos cidadãos, um esforço extra na reconstrução do nosso tecido social e económico, e um compromisso forte na defesa dos valores e princípios éticos que fundam o mundo democrático. 

Reconstruir é a palavra-chave. Mas não basta fazer de novo. Temos de fazer melhor.

Portugal e a Ucrânia são duas nações geograficamente distantes. Partilham o mesmo continente, a mesma identidade livre e o espírito de solidariedade que une os dois povos. Mas ao passo que Lisboa está na ponta mais ocidental da Europa, Kiev está precisamente no extremo oposto, na ponta mais a Leste. Por razões distintas, mas que se entrecruzam neste tempo de hiperconectividade, os dois países estão a encetar os seus próprios processos de reconstrução. 

Reconstruir a Ucrânia. País devastado por uma guerra de conquista e poder, ilegítima e bárbara, Kiev tem uma tarefa “colossal” à sua frente. A maior parte das infraestruturas foram completamente arrasadas por bombardeamentos criminosos. Escolas, creches, hospitais, maternidades, centros de dia, estações de comboio, estradas, caminhos de ferro. Estruturas civis pintadas a vermelho de alvo militar aos olhos do agressor. Ajudar a Ucrânia a reerguer-se é uma tarefa de todo o mundo livre. Há até quem peça um “Plano Marshall” para o país. A analogia histórica é bem reveladora da tarefa que se ergue à nossa frente. Nossa dos europeus, dos portugueses. Porque se os ucranianos são a nossa linha avançada nos combates pela Liberdade, nós temos de ser a sua linha de retaguarda. 

Em Cascais continuamos a tentar fazer a nossa parte. Depois de termos organizado missões de resgate de refugiados na fronteira romeno-ucraniana, depois de termos enviado centenas de toneladas de ajuda humanitária para as cidades mais afetadas pela guerra, depois de termos organizado centros de acolhimento para os nossos “convidados”, abraçamos uma nova fase. Alinhados com aquelas que são as prioridades dos nossos parceiros ucranianos, avançamos para o apoio à reconstrução das cidades irmãs de Cascais no país. No caso, duas cidades mártires, heroicas, travões no avanço da invasão russa. Bucha e Irpin. 

Assim, e recolhendo a unanimidade de todos os partidos eleitos à Câmara – PSD, PS, CDS e Chega – Cascais aprovou um apoio de um milhão de euros: 500 mil euros para Irpin, dedicado à reconstrução de uma creche que será baptizada com o nome do nosso concelho; 500 mil euros para Bucha, com o objetivo de reerguer estruturas educativas. 

À iniciativa de Cascais vão juntar-se empresários do concelho, que têm capacidade e vontade de recuperar as casas destruídas. A rápida recuperação dos telhados é uma tarefa urgente e tem de estar concluída antes das primeiras chuvas, permitindo, por um lado, salvar os bens que escaparam às bombas e às pilhagens no interior das habitações e, por outro, motivar o regresso a casa dos ucranianos que vão ter em mãos a recuperação do seu país. Aproveito a oportunidade para apelar aos empresários portugueses que tenham vontade e disponibilidade, para se juntarem a Cascais neste esforço que tem de ser supraconcelhio e supranacional. É o nosso esforço de guerra com as armas da boa vontade e da solidariedade sem fonteiras.  

Reconstruir Portugal. Felizmente a salvo do drama da guerra, o nosso país não escapa às consequências de um evento disruptivo. Pior ainda quando os últimos anos foram passados a gerir poder em vez de preparar o país para os choques (internos e externos). 

Resultado? A um SNS em colapso, a uma escola pública em derrapagem de qualidade, a um ordenamento florestal caótico, a um Estado disfuncional, junta-se uma inflação sem precedente moderno. E, como todos sabemos, a inflação é a maior aliada de convulsões sociais e políticas. Para quem não percebeu, o Estado Social português está nos cuidados intensivos. Os mais desprotegidos vão ser, uma vez mais, os mais castigados pela ineficácia da governação. Nunca como agora ficou tão claro que não há governos fortes com oposições fracas. Em Portugal a fraca oposição fez fraco governo. Mas esse tempo de um PSD pequeno, poucochinho, chegou ao fim.   

O PSD está de regresso para assumir as suas responsabilidades históricas no quadro democrático. No contexto atual, isto significa ser oposição. Expor o governo nas suas contradições e fracassos porque é esse escrutínio exigente que cria uma pressão para a melhor governação do País – aquilo, no fim do dia, que os portugueses precisam.  
Luís Montenegro vai marcar a agenda com sete pilares de atuação política ao serviço, precisamente, daqueles mais afetados pela crise e de uma ideia de país solidário, que cria oportunidades e prosperidade para o maior número. Reuniu as bases e os autarcas, o partido vivo que é o PSD. Ouviu mais do que falou. Que mundo de diferença para o passado recente. 

O caminho do PSD nos próximos anos só pode ser radicalmente diferente daquilo que vimos até agora. E isso só pode ser uma boa noticia para o país. 

O PSD está de volta para ajudar a reconstruir Portugal. 

Presidente da Câmara Municipal de Cascais
Escreve à quarta-feira

Reconstruir


A inflação é a maior aliada de convulsões sociais e políticas. Para quem não percebeu, o Estado Social português está nos cuidados intensivos. Os mais desprotegidos vão ser, uma vez mais, os mais castigados pela ineficácia da governação.


A terceira década do século XXI começou com a derrocada de princípios e valores que tínhamos como adquiridos. Mesmo que ainda não haja fim à vista para as crises irmãs que vivemos – conflito armado na Europa, inflação historicamente elevada, de globalização acelerada, alterações climáticas, pandemia –, nem sejam ainda claras todas as suas consequências, uma coisa é certa: os próximos anos exigirão aos decisores políticos e empresariais, bem como aos cidadãos, um esforço extra na reconstrução do nosso tecido social e económico, e um compromisso forte na defesa dos valores e princípios éticos que fundam o mundo democrático. 

Reconstruir é a palavra-chave. Mas não basta fazer de novo. Temos de fazer melhor.

Portugal e a Ucrânia são duas nações geograficamente distantes. Partilham o mesmo continente, a mesma identidade livre e o espírito de solidariedade que une os dois povos. Mas ao passo que Lisboa está na ponta mais ocidental da Europa, Kiev está precisamente no extremo oposto, na ponta mais a Leste. Por razões distintas, mas que se entrecruzam neste tempo de hiperconectividade, os dois países estão a encetar os seus próprios processos de reconstrução. 

Reconstruir a Ucrânia. País devastado por uma guerra de conquista e poder, ilegítima e bárbara, Kiev tem uma tarefa “colossal” à sua frente. A maior parte das infraestruturas foram completamente arrasadas por bombardeamentos criminosos. Escolas, creches, hospitais, maternidades, centros de dia, estações de comboio, estradas, caminhos de ferro. Estruturas civis pintadas a vermelho de alvo militar aos olhos do agressor. Ajudar a Ucrânia a reerguer-se é uma tarefa de todo o mundo livre. Há até quem peça um “Plano Marshall” para o país. A analogia histórica é bem reveladora da tarefa que se ergue à nossa frente. Nossa dos europeus, dos portugueses. Porque se os ucranianos são a nossa linha avançada nos combates pela Liberdade, nós temos de ser a sua linha de retaguarda. 

Em Cascais continuamos a tentar fazer a nossa parte. Depois de termos organizado missões de resgate de refugiados na fronteira romeno-ucraniana, depois de termos enviado centenas de toneladas de ajuda humanitária para as cidades mais afetadas pela guerra, depois de termos organizado centros de acolhimento para os nossos “convidados”, abraçamos uma nova fase. Alinhados com aquelas que são as prioridades dos nossos parceiros ucranianos, avançamos para o apoio à reconstrução das cidades irmãs de Cascais no país. No caso, duas cidades mártires, heroicas, travões no avanço da invasão russa. Bucha e Irpin. 

Assim, e recolhendo a unanimidade de todos os partidos eleitos à Câmara – PSD, PS, CDS e Chega – Cascais aprovou um apoio de um milhão de euros: 500 mil euros para Irpin, dedicado à reconstrução de uma creche que será baptizada com o nome do nosso concelho; 500 mil euros para Bucha, com o objetivo de reerguer estruturas educativas. 

À iniciativa de Cascais vão juntar-se empresários do concelho, que têm capacidade e vontade de recuperar as casas destruídas. A rápida recuperação dos telhados é uma tarefa urgente e tem de estar concluída antes das primeiras chuvas, permitindo, por um lado, salvar os bens que escaparam às bombas e às pilhagens no interior das habitações e, por outro, motivar o regresso a casa dos ucranianos que vão ter em mãos a recuperação do seu país. Aproveito a oportunidade para apelar aos empresários portugueses que tenham vontade e disponibilidade, para se juntarem a Cascais neste esforço que tem de ser supraconcelhio e supranacional. É o nosso esforço de guerra com as armas da boa vontade e da solidariedade sem fonteiras.  

Reconstruir Portugal. Felizmente a salvo do drama da guerra, o nosso país não escapa às consequências de um evento disruptivo. Pior ainda quando os últimos anos foram passados a gerir poder em vez de preparar o país para os choques (internos e externos). 

Resultado? A um SNS em colapso, a uma escola pública em derrapagem de qualidade, a um ordenamento florestal caótico, a um Estado disfuncional, junta-se uma inflação sem precedente moderno. E, como todos sabemos, a inflação é a maior aliada de convulsões sociais e políticas. Para quem não percebeu, o Estado Social português está nos cuidados intensivos. Os mais desprotegidos vão ser, uma vez mais, os mais castigados pela ineficácia da governação. Nunca como agora ficou tão claro que não há governos fortes com oposições fracas. Em Portugal a fraca oposição fez fraco governo. Mas esse tempo de um PSD pequeno, poucochinho, chegou ao fim.   

O PSD está de regresso para assumir as suas responsabilidades históricas no quadro democrático. No contexto atual, isto significa ser oposição. Expor o governo nas suas contradições e fracassos porque é esse escrutínio exigente que cria uma pressão para a melhor governação do País – aquilo, no fim do dia, que os portugueses precisam.  
Luís Montenegro vai marcar a agenda com sete pilares de atuação política ao serviço, precisamente, daqueles mais afetados pela crise e de uma ideia de país solidário, que cria oportunidades e prosperidade para o maior número. Reuniu as bases e os autarcas, o partido vivo que é o PSD. Ouviu mais do que falou. Que mundo de diferença para o passado recente. 

O caminho do PSD nos próximos anos só pode ser radicalmente diferente daquilo que vimos até agora. E isso só pode ser uma boa noticia para o país. 

O PSD está de volta para ajudar a reconstruir Portugal. 

Presidente da Câmara Municipal de Cascais
Escreve à quarta-feira