As restrições financeiras são “uma barreira importante para a criação de empreendedorismo”. Esta é uma das principais conclusões do novo estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos que analisa o impacto das restrições financeiras no empreendedorismo português. E diz que “o acesso a financiamento resulta num aumento da probabilidade de um indivíduo desempregado se tornar empreendedor”.
Mas não só. O estudo – da autoria de Miguel A. Ferreira, Marta C. Lopes, Francisco Queiró e Hugo Reis – revela ainda que o alívio das restrições de financiamento “é sobretudo benéfico na criação de empresas que apresentam maior potencial de crescimento, e por parte de empreendedores de elevado potencial”. Feitas as contas, os autores defendem que mil euros adicionais de financiamento “aumentam em 11% a probabilidade de um indivíduo se tornar empreendedor em Portugal”.
É claro que, segundo os autores, perante um alívio das restrições financeiras, os empreendedores portugueses tendem a apostar em setores de atividade como é o caso do comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos, atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares, indústrias transformadoras e ainda alojamento, restauração e similares.
As conclusões do estudo, intitulado Financiamento do Empreendedorismo em Portugal mostram também que “as empresas criadas através do programa são, em média, mais pequenas – apresentam valores de vendas, ativos totais e capitais próprios mais baixos do que as restantes”.
E dão números claros: “Perante um alívio das restrições de financiamento, e no que diz respeito ao regime jurídico adotado no momento de criar um negócio, verificou-se ser quatro vezes mais provável que os empreendedores constituam uma sociedade do que uma empresa em nome individual. Isto é particularmente relevante em Portugal, uma vez que, as sociedades, embora representem apenas 32% das empresas em Portugal, são responsáveis por 76% do emprego e 96% das vendas”.
Analisando os empreendedores que criam sociedades, os autores do estudo chegaram à conclusão que “os indivíduos com salários mais elevados pré-desemprego têm maior probabilidade de empreenderem, uma vez aliviadas as restrições de financiamento, do que os indivíduos com salários mais reduzidos”.
Em suma, o estudo conclui que “ao aliviar as restrições de liquidez dos indivíduos desempregados, o programa Montante Único aumenta a probabilidade de criação de empresas com bom desempenho”.
Além disso, os dados conseguidos permitem perceber que “as restrições financeiras dificultam principalmente o empreendedorismo de elevado potencial, que é aquele que verdadeiramente impulsiona a criação de emprego e o crescimento económico”.