As negociações de paz entre os talibãs paquistaneses e altos funcionários do Paquistão estão a decorrer em Cabul, e o cessar-fogo entre as partes foi estendido até 30 de maio, anunciou hoje o Governo do Afeganistão.
O Paquistão está a ser confrontado, há várias semanas, com o regresso em força dos talibãs paquistaneses do movimento Tehreek-e-Talibã do Paquistão (TTP), galvanizado pela chegada ao poder dos talibãs no Afeganistão, em agosto de 2021.
O TTP é um grupo separado dos talibãs afegãos, mas que é impulsionado pela mesma ideologia e por uma longa história comum.
O Paquistão acusa os talibãs de permitir que o TTP use solo afegão para planear os seus ataques, o que Cabul tem negado repetidamente.
As negociações de paz entre o TTP e as autoridades paquistanesas estão a decorrer em Cabul sob a mediação do Emirado Islâmico do Afeganistão, disse o porta-voz do Governo afegão Zabihullah Mujahid, num comunicado publicado na rede social Twitter.
O Governo de Cabul diz que está a "fazer tudo" para que as negociações tenham sucesso, esperando que "ambas as partes demonstrem tolerância e flexibilidade".
Hoje, os talibãs paquistaneses já anunciaram que vão prolongar o cessar-fogo no conflito com as forças governamentais paquistanesas até dia 30 de maio.
Uma fonte do TTP disse que as negociações estão decorrer numa "atmosfera positiva", mas acrescentou que é ainda "prematuro tirar qualquer conclusão".
O TTP realizou vários ataques sangrentos no Paquistão, entre a sua criação em 2007 e 2014, mas a partir daí ficou enfraquecido em resultado de intensas operações do exército governamental.
A chegada ao poder os talibãs no Afeganistão parece estar a revigorar este movimento, forçando o Governo paquistanês a abrir negociações, acompanhadas de um cessar-fogo, no final do ano.
A região de fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão tem servido de base para vários grupos armados.
Em meados de abril, as autoridades afegãs acusaram o exército paquistanês de matar 47 civis em ataques aéreos no leste do Afeganistão, o que as autoridades do Paquistão não confirmaram, sugerindo a Cabul um melhor controlo da fronteira