Putin e Zelensky: a importância das pessoas


Se a Ucrânia, em vez de Volodymyr Zelensky tivesse outro homem ao leme, os russos possivelmente teriam entrado pelo seu território como faca quente por manteiga. Zelensky deu um exemplo decisivo ao recusar-se a abandonar a capital do país. O que até pode ter aprendido com os russos.


Há uma célebre máxima, muito repetida, segundo a qual as pessoas inteligentes discutem ideias, enquanto as menos inteligentes discutem pessoas. É um ponto de vista muito estimável, embora também tenhamos de reconhecer que nem todas as ideias são boas ou merecedoras de grande consideração. Citando um amigo que tem uma capacidade inata para compreender e avaliar os outros, “não há nada pior do que um burro com ideias próprias”.

Seja como for, as ideias continuam a gozar de um prestígio muito próprio. Tornou-se um lugar-comum muito cultivado, quando um partido tem de escolher um líder, por exemplo, dizer-se que “mais do que discutir nomes, importa discutir ideias, moções, estratégias”.

Ora, goste-se ou não, os nomes, ou seja, as pessoas – de onde aliás vêm as ideias, a menos que se seja um fiel discípulo de Platão e se acredite que as ideias têm uma existência independente num plano superior – são absolutamente decisivos.

Veja-se o caso da guerra na Ucrânia. Tivesse o Kremlin outro inquilino que não Vladimir Putin, e provavelmente o exército russo não teria dado o passo de invadir o país vizinho. Mais: muitos analistas acreditam, e provavelmente com razão, que se Putin desaparecesse da face da terra a guerra terminaria quase de um dia para o outro.

Inversamente, se a Ucrânia, em vez de Volodymyr Zelensky tivesse outro homem ao leme, os russos possivelmente teriam entrado pela Ucrânia como faca quente por manteiga. Zelensky deu um exemplo decisivo ao recusar-se a abandonar a capital do país. O que pode, aliás, ter aprendido com os russos.

Em outubro de 1941, com os nazis às portas de Moscovo, Estaline, Molotov e o ministro do Comércio dirigiram-se para a estação de Kazan, onde os esperava um comboio especial que iria levá-los para um local seguro. No último momento, Estaline disse aos seus ministros: “Vão vocês os dois – eu ainda vou ficar mais algum tempo”. Evidentemente, dali a pouco estavam de novo todos no Kremlin. Foi um ponto de viragem. Muito graças a esse gesto, os russos ofereceram uma resistência obstinada e os nazis nunca chegaram a ocupar Moscovo. Da mesma forma, a decisão de Zelensky pode ter ditado que os russos nunca entrem em Kiev.

São casos de decisões puramente pessoais que tiveram consequências tremendas. Por isso, da próxima vez que ouvirmos alguém discutir pessoas à mesa, não façamos juízos precipitados. Vendo bem, talvez não seja tão fútil quanto isso.

Putin e Zelensky: a importância das pessoas


Se a Ucrânia, em vez de Volodymyr Zelensky tivesse outro homem ao leme, os russos possivelmente teriam entrado pelo seu território como faca quente por manteiga. Zelensky deu um exemplo decisivo ao recusar-se a abandonar a capital do país. O que até pode ter aprendido com os russos.


Há uma célebre máxima, muito repetida, segundo a qual as pessoas inteligentes discutem ideias, enquanto as menos inteligentes discutem pessoas. É um ponto de vista muito estimável, embora também tenhamos de reconhecer que nem todas as ideias são boas ou merecedoras de grande consideração. Citando um amigo que tem uma capacidade inata para compreender e avaliar os outros, “não há nada pior do que um burro com ideias próprias”.

Seja como for, as ideias continuam a gozar de um prestígio muito próprio. Tornou-se um lugar-comum muito cultivado, quando um partido tem de escolher um líder, por exemplo, dizer-se que “mais do que discutir nomes, importa discutir ideias, moções, estratégias”.

Ora, goste-se ou não, os nomes, ou seja, as pessoas – de onde aliás vêm as ideias, a menos que se seja um fiel discípulo de Platão e se acredite que as ideias têm uma existência independente num plano superior – são absolutamente decisivos.

Veja-se o caso da guerra na Ucrânia. Tivesse o Kremlin outro inquilino que não Vladimir Putin, e provavelmente o exército russo não teria dado o passo de invadir o país vizinho. Mais: muitos analistas acreditam, e provavelmente com razão, que se Putin desaparecesse da face da terra a guerra terminaria quase de um dia para o outro.

Inversamente, se a Ucrânia, em vez de Volodymyr Zelensky tivesse outro homem ao leme, os russos possivelmente teriam entrado pela Ucrânia como faca quente por manteiga. Zelensky deu um exemplo decisivo ao recusar-se a abandonar a capital do país. O que pode, aliás, ter aprendido com os russos.

Em outubro de 1941, com os nazis às portas de Moscovo, Estaline, Molotov e o ministro do Comércio dirigiram-se para a estação de Kazan, onde os esperava um comboio especial que iria levá-los para um local seguro. No último momento, Estaline disse aos seus ministros: “Vão vocês os dois – eu ainda vou ficar mais algum tempo”. Evidentemente, dali a pouco estavam de novo todos no Kremlin. Foi um ponto de viragem. Muito graças a esse gesto, os russos ofereceram uma resistência obstinada e os nazis nunca chegaram a ocupar Moscovo. Da mesma forma, a decisão de Zelensky pode ter ditado que os russos nunca entrem em Kiev.

São casos de decisões puramente pessoais que tiveram consequências tremendas. Por isso, da próxima vez que ouvirmos alguém discutir pessoas à mesa, não façamos juízos precipitados. Vendo bem, talvez não seja tão fútil quanto isso.