Tratores, cães de caça, cavalos, som de trombetas, balões, foram algumas das principais imagens que marcaram os protestos organizados pelo partido de extrema-direita, Vox, que ocorreram em Madrid onde, dezenas de milhares de espanhóis, protestaram em defesa do mundo rural sob o lema “20M em defesa do mundo rural”.
“Sanchez, és lixo, baixa os impostos”, podia ouvir-se nas ruas, com manifestantes a referirem-se ao primeiro-ministro, Pedro Sanchéz, ou então gritos patriotas que aclamavam por uma “longa vida a Espanha”.
“Temos o pior governo possível. Nem é mesmo um Governo, é uma fábrica de miséria… que rouba e saqueia os trabalhadores através de impostos abusivos”, disse o líder do Vox, Santiago Abascal, durante o protesto. “Não vamos abandonar as ruas até este Governo ilegítimo ser expulso das ruas”, acrescentou.
No ano passado, os preços da energia em Espanha subiram 72%, um dos maiores aumentos dentro da União Europeia e os custos subiram ainda mais desde a invasão da Ucrânia, numa crise que vem logo após a pandemia.
Na segunda-feira os camionistas espanhóis declararam uma greve indefinida contra os preços do combustível, que logo se transformou em vários bloqueios e transportes, que causaram problemas na cadeia de fornecimento.
Agora, a manifestação, que aconteceu este domingo, convocada também pelas cooperativas agroalimentares, as organizações agrícolas Asaja, COAG e UPA, a Fenacore, a Real Federação Espanhola de Caça, o Escritório Nacional de Caça, a Aliança Rural e a União de Criadores de Touros de Lídia, começou na Plaza de Neptuno, percorreu o eixo Prado-Recoletos-Castellana, e terminarou na Plaza de San Juan de la Cruz, em frente à sede do Ministério da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico.
Este Governo “está a tirar-nos tudo”, disse Anabel, uma manifestante de 56 anos. “Eles aumentam o preço da luz e do gás e dizem que é por causa do (presidente russo Vladimir) Putin, mas isso é mentira. Já era assim antes”, disse à AFP.
“Os preços da luz realmente afetam a minha família, porque alguns de nós trabalham a partir de casa, e dificilmente podemos ligar o aquecimento porque o preço do gás quase duplicou nos últimos seis meses”.
O aumento dos preços também levou a UGT e o CCOO, os dois maiores sindicatos de Espanha, a convocar uma greve nacional para o próximo dia 23 de março.
O Governo já prometeu tomar medidas para reduzir os custos da energia e do combustível, mas só vai apresentar o seu plano a 29 de março. O primeiro-ministro Pedro Sanchez está atualmente a procurar uma resposta comum da União Europeia ao aumento dos preços da energia, junto de outros governantes.
Há meses que Madrid pede aos seus parceiros europeus que mudem o mecanismo que une os preços da eletricidade ao mercado do gás, mas até agora os seus apelos não foram ouvidos, apesar do apoio de Paris.