A vã glória de informar


Não me parece que a PJ tenha estado bem, apesar de acreditar que o fez com as melhores intenções. Neste caso concreto, podemos citar o velho ditado: No melhor pano, cai a nódoa.


A notícia alarmou a sociedade e foi aproveitada por alguns órgãos de comunicação social – principalmente televisões – para um verdadeiro festival. O caso tinha todos os ingredientes.

Um jovem preparava-se para um ataque de características terroristas a uma universidade, imitando casos ocorridos anteriormente, principalmente nos Estados Unidos.

A Polícia Judiciária conseguiu travar o planeado ataque, detendo o jovem e recolhendo na sua casa diversas provas concludentes.

O que a PJ não conseguiu travar foi a divulgação pública do ocorrido. Não conseguiu porque, obviamente, não quis. Antes pelo contrário, decidiu anunciar a detenção, invocando o objetivo de dissuadir futuros agressores.

A situação foi caracterizada como um ato terrorista abortado pela intervenção da PJ, em colaboração com o FBI. O caso, felizmente, é inédito por cá. A questão que se levanta é se a informação devia ter sido divulgada, sabendo-se que a prática internacional aponta no sentido inverso. 

Não será por acaso que Cândida Almeida, antiga diretora do DCIAP, citada pelo Público, criticou a divulgação deste caso, afirmando que a divulgação de algo que nem sequer aconteceu acaba por cumprir em parte o objetivo de um ato terrorista: espalhar o terror. A questão é controversa e está longe de ser consensual.

Ainda no Público, a procuradora jubilada Maria José Morgado defende a divulgação destes casos, indo ao encontro da tese da PJ, destacando o “aspetro preventivo muito importante na divulgação desta informação”.

Divulgar ou não a preparação de atos terroristas abortados pela intervenção das autoridades, eis a questão. Longe de debater o assunto, o que se fez foi cavalgar a notícia e ampliá-la o mais possível. Não me parece que a PJ tenha estado bem, apesar de acreditar que o fez com as melhores intenções. Neste caso concreto, podemos citar o velho ditado: No melhor pano, cai a nódoa.

Com esta crónica, termino a colaboração de vários anos com o jornal i. Resta-me agradecer a oportunidade e despedir-me com um Até Sempre. 

A vã glória de informar


Não me parece que a PJ tenha estado bem, apesar de acreditar que o fez com as melhores intenções. Neste caso concreto, podemos citar o velho ditado: No melhor pano, cai a nódoa.


A notícia alarmou a sociedade e foi aproveitada por alguns órgãos de comunicação social – principalmente televisões – para um verdadeiro festival. O caso tinha todos os ingredientes.

Um jovem preparava-se para um ataque de características terroristas a uma universidade, imitando casos ocorridos anteriormente, principalmente nos Estados Unidos.

A Polícia Judiciária conseguiu travar o planeado ataque, detendo o jovem e recolhendo na sua casa diversas provas concludentes.

O que a PJ não conseguiu travar foi a divulgação pública do ocorrido. Não conseguiu porque, obviamente, não quis. Antes pelo contrário, decidiu anunciar a detenção, invocando o objetivo de dissuadir futuros agressores.

A situação foi caracterizada como um ato terrorista abortado pela intervenção da PJ, em colaboração com o FBI. O caso, felizmente, é inédito por cá. A questão que se levanta é se a informação devia ter sido divulgada, sabendo-se que a prática internacional aponta no sentido inverso. 

Não será por acaso que Cândida Almeida, antiga diretora do DCIAP, citada pelo Público, criticou a divulgação deste caso, afirmando que a divulgação de algo que nem sequer aconteceu acaba por cumprir em parte o objetivo de um ato terrorista: espalhar o terror. A questão é controversa e está longe de ser consensual.

Ainda no Público, a procuradora jubilada Maria José Morgado defende a divulgação destes casos, indo ao encontro da tese da PJ, destacando o “aspetro preventivo muito importante na divulgação desta informação”.

Divulgar ou não a preparação de atos terroristas abortados pela intervenção das autoridades, eis a questão. Longe de debater o assunto, o que se fez foi cavalgar a notícia e ampliá-la o mais possível. Não me parece que a PJ tenha estado bem, apesar de acreditar que o fez com as melhores intenções. Neste caso concreto, podemos citar o velho ditado: No melhor pano, cai a nódoa.

Com esta crónica, termino a colaboração de vários anos com o jornal i. Resta-me agradecer a oportunidade e despedir-me com um Até Sempre.