Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”, dizia Tolstoi. Luís Gomes deve tê-lo lido, tal é a sua dedicação a falar sobre a sua região – o Algarve – e só depois do país. Foi desse Algarve que partiu, em direção ao Tagus Park, para conversar com o i.
A viagem para sul deverá começará a ser mais rotineira de ora em diante: é que Luís Gomes é o cabeça de lista do PSD em Faro, e só uma hecatombe eleitoral poderá fazer com que não ganhe lugar no Parlamento. Para o Algarve voltou, concluindo assim o ensaio do que será a sua prática futura: de sexta a terça-feira no Algarve, à semana em S. Bento.
Mas é precisamente esse centralismo lisboeta que quer combater, como acérrimo defensor da regionalização que é. A sua força local pede, também, círculos uninominais, uma proposta que levará à Assembleia da República e que encontra alento no programa do seu PSD. PSD esse que não é de direita, afirma, e que deve ser “ao centro”.
Luís, esse, diz-se de “centro-esquerda”, daí ter levado 300 pessoas a Cuba para serem operadas às cataratas. “O SNS de Cuba funciona muito melhor do que o português”, regista. Dentro do partido trata alguns colegas por “camarada”, ainda que não Rui Rio – porque não tem “essa confiança”. Nas horas vagas canta, mas, garante, não irá para o Parlamento “dar música aos portugueses”.
Será quase de certeza eleito para a Assembleia da República (AR). Estando lá, que soluções apresentará para melhorar a vidas dos pobres?
Procurarei intervir em problemas claros que existem em Portugal. Na área do ordenamento, que é a minha especialidade, temos um sistema de planeamento de gestão e território que está completamente ultrapassado. E isso requer uma grande reforma administrativa. Hoje temos uma política económica que é fundamentalmente feita numa matriz de Excel e que devia passar para o território. Aquilo que é o nosso modus operandi – o funcionamento das cidades, vilas, regiões – não consegue absorver os objetivos da política económica. Eu gostaria muito de intervir neste sentido.
E assim conseguirá melhorar a vida dos pobres?
Conseguirei com certeza: se tivermos melhor performance económica conseguiremos redistribuir riqueza e dar soluções às pessoas que não têm capacidade para ter qualidade de vida. E isso também passa pela saúde, ou seja, um acesso de qualidade ao Serviço Nacional de Saúde (SNS). O Algarve, por exemplo, é uma catástrofe nessa matéria. Temos 82 mil pessoas sem médicos de família, o que perfaz mais 24% de pessoas sem médico de família face ao ano anterior. É importante colocarmos o dedo na ferida. Isto não é um problema só deste governo: tem sido crónico de todos.
Enquanto presidente da Câmara [de Vila Real de Santo António] como tentou melhorar isso? Se nota estes problemas agora enquanto era presidente da Câmara já existiam.
Tentei fazer uma coisa e a contrapartida que o país me deu, designadamente o Tribunal de Contas, foi passar-me uma fatura de multas para pagar. Levei 300 pessoas a Cuba para serem operadas às cataratas. Isto entre 2007 e 2011. Nessa altura, as pessoas esperavam quatro anos para uma consulta de oftalmologia no Hospital de Faro e oito anos para uma cirurgia às cataratas. Estavam a ficar cegas. Fizemos uma consulta, em Portugal, ao preço que era operar as cataratas e conseguimos um preço muito mais barato em Cuba: levámos 300 pessoas. Depois, montámos, em Portugal, em parceria com a Câmara Municipal de Olhão, um programa que se chamava ‘Cuidar’, em que fazíamos o diagnóstico e financiávamos uma parte da cirurgia das cataratas às pessoas.
E porque é que isso deu problemas?
Porque o Tribunal de Contas entendeu que isso não era uma competência das autarquias, e a Inspeção Geral de Finanças ainda continua a entender isso. Visto que o SNS não nos deu resposta, é competente um presidente de Câmara ver as pessoas a cegar?
Na altura suponho que tenha sido criticado.
Teve um efeito. Era José Sócrates ministro, e, depois de uma conversa entre nós, investiu 20 milhões de euros no SNS, em Faro. Conseguiu-se resolver, durante esse tempo, as filas de espera em oftalmologia.
Vejo que não antagoniza o serviço público, o que faz de si um social-democrata. Sente-se melhor num PSD de Rui Rio ou de Passos Coelho?
[risos] Sinto-me bem num PSD que tenha preocupações sociais. Passos Coelho teve muitas preocupações sociais. Criou-se o mito de que Passos Coelho, por causa da troika, não implementou medidas sociais. Implementou-as, e eu tive oportunidade de recebê-las no município, para fazer de almofada ao desemprego que na altura se criou por causa da crise do imobiliário. Mas reconheço que Rui Rio tem particular preocupação com as questões sociais. Agora, relativamente ao SNS, sou a favor dele mas também sou a favor de termos uma abordagem prática em cada um dos territórios: ou seja, se temos uma capacidade instalada, pública, insuficiente para as regiões, então podemos contratualizar os privados para reforçar essa componente.
E por que acha que isso não se faz já?
A esquerda tem tido muito complexos. E faz isso pela calada. Todos nós sabemos que o CHUA [Centro Hospitalar Universitário do Algarve] está a contratualizar com duas unidades hospitalares da região, em que paga a uma cerca de 40 mil euros por mês pelo aluguer de umas instalações e a outra 10 ou 15 mil euros por mês. Estou a falar do Centro Hospitalar São Gonçalo, em Lagos, e da Clínica de Santa Maria, em Faro.
Então no Algarve recorre-se ao privado e só não se o faz publicamente?
Claro, faz-se de uma forma envergonhada. O António Costa diz que salvou o SNS. O número de consultas que temos hoje, no Algarve, é inferior ao de 2015. Já o era antes da pandemia. Hoje, como não há capacidade no Hospital de Faro para se fazer ressonâncias magnéticas, levava-se as pessoas numa carrinha para Huelva, em Espanha. Isto não é público, mas aconteceu. E depois, quando pedem o relatório, o CHUA não dá.
Porque está lá o registo de terem ido a Espanha?
Só posso imaginar que seja por isso.
O que identifica como sendo os maiores problemas do país?
Os políticos cumprirem as suas promessas: o cumprimento dos programas eleitorais. Segunda questão, a Saúde. Terceira questão, que me é cara, é a de uma política de ordenamento do território que possa responder àquilo que são os desafios de uma política económica.
Em relação aos “políticos não cumprirem os seus programas”. Em Portugal só governou PS e PSD, por isso suponho que a crítica seja a ambos.
Com certeza, é ao próprio partido que represento.
Está a dizer-me que Pedro Passos Coelho não cumpriu o seu programa eleitoral?
Estou a dizer-lhe que muitos governos do meu partido ficaram claramente aquém de cumprir os seus programas eleitorais.
Nomeadamente?
Todos eles.
Um programa eleitoral deverá ser uma espécie de ‘linhas norteadoras’ ou deverá ser objetivo, concreto e aplicável?
As orientações que tivemos para este programa eleitoral foram para só assumir compromissos que eram possíveis de fazer. E para o Algarve elenca só algumas ideias, mas que são possíveis de concretizar.
É a favor da regionalização?
Sou.
Acha que um país como Portugal necessita de regionalização?
Necessita. Há um conjunto de países muito mais pequenos que Portugal e são federados, como a Bélgica.
Dentro Bélgica falam-se línguas diferentes.
Mas a sua pergunta não é uma questão de língua, é uma questão de território.
Mas se houver diferenças culturais no mesmo território é normal haver um acantonamento. Agora, se houver uma homogeneidade cultural, como é o caso de Portugal, não é.
Portugal é um país pequeno, como refere, mas há incapacidade em decidir e é excessivamente centralizado. Portanto só vai lá com o contrário, que é a regionalização: termos governos próximos das pessoas e que tenham de assumir os seus compromissos. Agora, não podemos confundir a regionalização com mais cargos públicos para distribuir. Deve encontrar-se uma solução para a regionalização que não coloque mais encargos na função pública – e isso é possível retirando os organismos desconcentrados que existem nas regiões.
Por que é que não basta descentralizar? Por que é que há a necessidade de instituir novos organismos?
Podemos descentralizar competências. Mas tem que haver alguém que assuma mais próximo dos cidadãos essas competências descentralizadas. E isso não é com um governo em Lisboa, nem com um ministro nem com um secretário de Estado: é com um Governo regional. Tivemos um ministro do Ambiente que a única coisa para que serviu neste país foi como animador de anedotas no Conselho de Ministros. Resolver problemas do país fez muito pouco. São as contradições de um Governo que gere do Terreiro do Paço e não assume as responsabilidades perante os cidadãos.
Se o PSD ganhar, gostaria de ser ministro?
[risos] Gosto de assumir as funções que exerço hoje. E acho que poderia assumir na AR um papel importante em dar voz à população que me elegeu, mas também a resolver os problemas do país. O que podem contar comigo é isto: ter uma posição ativa na resolução de problemas fundamentais.
No sentido da regionalização, admitiria que o ministério do Ambiente fosse para o Algarve?
Não, o ministério do Ambiente deve manter-se em Lisboa. Gostava de contribuir para que fosse criado um governo regional para o Algarve. O Ministério do Ambiente tinha era que gerir os dossiês com o governo regional, como faz hoje com o Governo Regional dos Açores ou da Madeira.
Esteve 12 anos à frente da Câmara de Vila Real de Santo António. Desde 2017 que não exerce cargos públicos. Suponho que trabalhe no setor privado.
Não e sim. Sou professor convidado na Universidade do Algarve e criei uma empresa de consultoria minha, em que dou apoio a Câmaras Municipais na área do ambiente, do ordenamento do território e das políticas de desenvolvimento de cidades e regiões.
E acha que isso poderá entrar em conflito com o cargo de deputado?
Isso é uma coisa que terei de perceber: se vou estar em exclusividade ou não. Mas, naturalmente, tenho de respeitar aquilo que são as leis nacionais – e portanto a minha empresa não vai fazer cargos contratos públicos sendo eu deputado.
Admite então sair da consultora ou ‘pará-la’ durante uns tempos?
Sim, sim. Isto é uma missão. Vou ponderar essa possibilidade.
É uma missão ser deputado?
Estar na política é uma missão. Nunca tive uma perspetiva carreirista da política: saí da Câmara Municipal e fui à minha vida profissional. E entendo que é uma missão, não pode ser para toda a vida. Se o PSD ganhar as eleições e nos próximos quatro anos uma parte importante dos problemas não estão resolvidos – designadamente na Saúde do Algarve – eu não me recandidatarei mais a deputado. Eu assumo isso com as pessoas. Porque isto é uma missão, e as missões têm de ter objetivos. Pode escrever, daqui a quatro anos a gente fala [risos].
E encontra pares seus, na política, que não se reveem na sua postura e que são carreiristas?
Não estou aqui para falar dos outros, importa-me é o meu posicionamento e estar bem com a minha consciência. Acredito que as pessoas, às vezes por estarem na política, não são iguais a si próprias. E há uma coisa em que o Dr. Rui Rio tem dado um sinal claro e uma lição ao país: é que se pode estar na política falando com honestidade e sinceridade. Muitas vezes foi criticado por isso mas as pessoas agora estão, justamente, a elogiar esse seu posicionamento.
Acha que, desde que foi deputado [em 2002] até 2022, há uma mudança na maneira como os portugueses olham para a política? Mudou alguma coisa?
Acho que as pessoas estão desacreditadas da política por causa da falta de compromisso dos políticos. Compromisso no sentido de proximidade às pessoas e de procurarem cumprir o que andaram a prometer. O que o PS tem feito nesta campanha é absolutamente inaceitável. Como é que o PS pode dizer que a saúde no Algarve está bastante melhor do que estava em 2015?
Acha que isso é o que leva a que partidos como o Chega apareçam?
Com certeza – são partidos de rutura e depois extremam muito as suas posições, em que não me revejo. O que é importante é aproximar as pessoas da política. E isso faz-se de três formas: proximidade no período pós-eleitoral, haver um discurso que vá ao encontro das necessidades das pessoas e das suas preocupações e cumprir o que se compromete.
Nota-se em si uma vocação muito local. Acha que os políticos eleitos por distritos deviam ser mais responsáveis pelos distritos ou deviam ter uma postura mais nacional?
Só podemos sugerir um upgrade num setor da atividade do nosso país se tivermos algum conhecimento de causa. E este faz-se da nossa atividade, da nossa vivência – que é sempre local ou regional. Se me pergunta se acho que se deve fazer uma reforma do sistema político e passar para um sistema mais próximo das pessoas, acredito que sim.
Seria a favor de círculos uninominais?
Sim, sou claramente a favor.
Vai propor isso na AR?
Gostava. Aliás, essa é uma das propostas do PSD, que acompanho. E sabe porquê? Porque fui autarca e Rui Rio foi autarca: falamos na mesma linguagem.
Por que é que acha que as coisas não têm melhorado em Portugal?
O governo de Costa dedicou mais tempo a manter-se vivo politicamente em negociatas com a geringonça do que a resolver os problemas do país.
Mas se calhar as “negociatas com a geringonça” eram uma maneira de resolver os problemas do país. Porque se cai o Governo não se os resolve.
Não, não. É uma forma de resolver os problemas com os seus pares políticos. E também sabemos que a geringonça quer manter as suas clientelas.
Que são?
Sindicatos, isto, aquilo.
Vamos supor que o PSD é o partido mais votado e tem de formar uma geringonça à direita. Acha que o PSD estará mais preocupado em salvar a sua geringonça do que em tratar os problemas do país?
Rui Rio foi muito claro nessa matéria: prefere não ser primeiro-ministro do que não ter condições para resolver os problemas do país. O tal desprendimento que temos dos cargos públicos tem de ser exatamente isso. É por isso mesmo que os portugueses vão valorizar a aposta em Rui Rio para futuro primeiro-ministro.
Não acha que os portugueses valorizam mais o “pão na mesa dado” do que uma pessoa que lhe diz que têm de “andar da perna”?
O “pão na mesa dado” cheira-me, e rima, com “presente envenenado”. Porque é que o PS não resolveu? Porque quis mais resolver os problemas da geringonça – que é esse “pão na mesa dado”. Por que é que é um “presente envenenado”? Porque não encerra qualquer política de médio-longo prazo para o país.
Encabeça a lista por Faro. Cristóvão Norte era o antigo cabeça de lista desta região, tendo criticado Rio publicamente quando este o afastou. Como é sua relação com Cristóvão Norte?
Excelente. Somos amigos, não tive nada a ver com isso. Foi uma opção da estrutura nacional. Eu nunca fui alternativa ao Cristóvão Norte, e só fui convidado depois dessa questão ter sido muito clara entre a distrital e a nacional. Não sinto que fui alternativa ao Cristóvão Norte.
O convite para ser cabeça de lista surpreendeu-o?
Sim.
Apoiou Rio nas internas, imagino.
Apoiei, mas também não andei aí com bandeiras por todo o Algarve. Tenho muita estima por Paulo Rangel, também. Aliás, nas diretas entre ele e Passos Coelho apoiei-o.
Acha justa a crítica de que Rio saneou os cabeças-de-lista após ter vencido as internas?
Acho perfeitamente legítimo que uma pessoa que ganhe escolha pessoas da sua confiança para encabeçarem uma luta política. Há muitas pessoas que estão nas listas que apoiaram Paulo Rangel, nomeadamente no Algarve.
Dentro do PSD há muito este sebastianismo com Pedro Passos Coelho. Acha que se um dia ele voltar à política ativa será o fim de Rio no partido?
Acho que o mais importante agora é concentrarmo-nos que Rui Rio será o próximo primeiro-ministro de Portugal. Tenho muita consideração por Passos Coelho. Sou amigo pessoal dele, aliás. Fez um grande trabalho, salvou o país quando foi primeiro-ministro. Mas isso é uma não questão agora. Haverá um dia em que Rio, ganhe ou não as eleições, sairá pelo próprio pé e virá outro presidente do partido, que será Passos Coelho ou outro qualquer. Acho que o partido tem que se concentrar em ganhar as eleições no próximo domingo, e acho que Rui Rio está a fazer um grande trabalho para apresentar um grande programa para Portugal.
Está confiante na vitória?
Estou confiante. A tendência de crescimento do PSD é clara. Mas, fundamentalmente, estou confiante de que as pessoas entenderam a mensagem do Dr. Rui Rio – porque se há gente que está a falar com clareza, transparência, e verdade é Rui Rio.
Considera-se um homem de direita?
Considero-me um homem de centro-esquerda.
Centro-esquerda?
Se não fosse assim não teria levado pessoas para Cuba.
Tem simpatia pelo regime cubano, comunista?
[risos] Não. Tenho simpatia, sim, pela forma como as pessoas em Cuba trataram os nossos pacientes. O SNS em Cuba funciona na perfeição.
Funciona melhor do que o português?
Do ponto de vista da Saúde, muito melhor.
E dentro do PSD costuma encontrar muitos camaradas de centro-esquerda?
Sim, muitos camaradas. E alguns até trato, carinhosamente, por “camarada”.
Trata Rui Rio por camarada?
Não [risos]. Não tenho essa confiança [risos].
Mas tratá-lo-ia se tivesse?
Depende. Acho que Rui Rio é uma pessoa com muito humor e se tivesse alguma proximidade com certeza que teríamos os nossos momentos de humor.
Rio é um homem de centro-esquerda?
Rio é um homem que representa muito bem o centro.
Há quem diga que o centro não é nada.
O centro é um equilíbrio. Por que é que eu sou de centro-esquerda? Porque há uma matriz social, da verdadeira social-democracia: garantirmos um crescimento económico para haver redistribuição de riqueza e conseguirmos que o Estado dê resposta a quem mais precisa. Agora, o ‘dar a quem mais precisa’ não é de borla para que as pessoas não façam mais nada. É para que as pessoas tenham condições para se recuperarem.
O PSD beneficiaria de um crescimento dessa corrente de centro-esquerda?
O PSD é um partido com um papel importante na sociedade se for um partido moderado. Se nem for nem tanto para a direita, nem tanto para a esquerda. Nem tanto políticas sociais, nem tanto absolutamente liberais.
Passos Coelho conseguiu esse equilíbrio?
Enquanto presidente da Câmara tive José Sócrates, Passos Coelho e António Costa. Destes três governos, o que investiu mais na área social foi Passos Coelho. Isto é objetivo.
Cortar salários não é propriamente uma medida social.
O cortar salários foi com base num acordo da troika que já estava negociado quando Passos Coelho foi para o governo. Reabilitar bairros sociais como foram reabilitados no meu concelho é claramente uma preocupação com as condições de vida das pessoas. A melhoria que houve nas respostas do SNS, entre 2012 e 2015, é claramente uma preocupação social. E, também, as políticas e medidas sociais que foram criadas para contrastar com o nível de desemprego da crise financeira também foram notáveis. Tivemos António Costa, no Algarve, em julho de 2020, a prometer um programa específico para o Algarve com 300 milhões de euros para diversificar a base económica. Concretização? Zero!
Quando ouve que o PSD é um partido de direita, abana a cabeça?
[risos] Faz-me comichão. Acho que uma dos grandes desafios do PSD é reencontrar-se com o seu ADN, que é de centro.
Só se acontecer algo muito estranho é que não será eleito deputado. De que forma é que a sua vida mudará? Virá viver para Lisboa? Ficará pelo Algarve?
Vou dar aulas na Universidade do Algarve, pro bono e vou mudar-me para Lisboa durante a semana. Mas depois tenho trabalho político na região [Algarve], que é feito desde sexta até terça-feira.
E assim não ficará amarrado ao tal poder do Terreiro do Paço…
E vou continuar a ser a mesma pessoa. Eu, nas minhas horas vagas, canto. Tenho um grupo musical.
Como se chama?
Então nunca viu? Tenho um vídeo com 8 milhões de visualizações! Tinha uma dupla com um amigo cubano. Tivemos nas novelas e não sei quê. De vez em quando vou à televisão e canto.
E vai continuar a cantar?
Claro. Se eu fosse escritor perguntavam-me “e vai continuar a escrever?”. É quase ridículo perguntar isso [risos].
Mas para os portugueses não vai cantarolar… vai falar a sério na Assembleia.
Com certeza. Não vou dar música nesse sentido. Vou dar música mas de uma forma séria.