Que todos temos dias infelizes e tiradas menos conseguidas, ninguém tem dúvidas. Acontece. Errar é humano e quem está diariamente exposto à pressão mediática corre o risco de errar mais vezes.
Ainda assim, é manifestamente estranho quando vemos alguém como Rui Rio, que quer ser primeiro-ministro de Portugal, falhar ao ponto de dar a entender que a polícia Judiciária instrumentalizou a captura de João Rendeiro por estarmos quase em campanha eleitoral.
Pode não ter sido aquilo que Rui Rio queria dizer mas foi exactamente aquilo que disse.
E se dizê-lo é grave, inadmissível e inaceitável, não pedir desculpa à Instituição visada ou fazer qualquer esclarecimento público de relevo ao país foi outra clara manifestação da forma leviana e impreparada com que Rui Rio tem sempre lidado com os sectores da justiça e administração interna.
Não se compreende.
Até porque, para quem transformou o PSD num PS(B) e ajudou a aprovar uma larga percentagem das medidas apresentadas pelo PS no parlamento, Rui Rio foi anjinho.
Até o PS, que passando a vida a badalar o combate à criminalidade de colarinho branco e corrupção quando está na oposição mas que pouco legisla para o conseguir quando governa, aproveitou o momento para elogiar o trabalho da PJ.
Vai Rui Rio em modo calimero e o que faz? Critica-o.
Daria para rir se não fosse um episódio tão triste.
Rui Rio ainda não percebeu que ser Presidente de Câmara é uma coisa, ser líder de um partido é outra e ser candidato a primeiro-ministro uma terceira bem diferente.
Para dizer disparates desta envergadura mais vale estar calado. Até porque há momentos em que quem se mantiver calado se transforma num poeta. Este foi um desses momentos.
Rodrigo Alves Taxa