A falta de Governança no Mundo Ocidental


Sem a construção de um grande projeto de unidade Ocidental, assente na democracia, na liberdade, nos direitos humanos e na economia de mercado, não podemos defender a nossa civilização.


Por Sónia Leal Martins, Politóloga

O sistema de potências dos dias de hoje é muito complexo e cheio de incertezas. Apesar dos Estados Unidos da América terem ainda preponderância do ponto de vista militar, vão aparecendo na Arena internacional “novos” Atores, demonstrando uma capacidade cada vez maior de projetar força, quer a nível aéreo, quer a nível naval muito assinaláveis.

Falamos naturalmente da China, que nos últimos anos tem feito grandes investimentos, em número de efetivos, mas também do ponto de vista tecnológico nas suas forças armadas, construindo bases navais no Pacífico, no Mar da China e imagine-se, já tem presença militar em pontos estratégicos do Médio Oriente e em África.

Este investimento faz parte de um projeto alargado do Regime Chinês cujo objetivo é tornarem-se uma Superpotência em 2049, ano em que se comemoram os 100 anos da Revolução Chinesa de Mao Tsé-Tung.

A par disto temos uma Rússia cada vez mais agressiva. Desde 2014 que ocupa parte da Ucrânia (Crimeia) e neste momento tem um grande número de efetivos na fronteira com este país, o que levou o Presidente Norte-Americano, Joe Biden, a intervir e a ameaçar a Rússia com fortes sanções económicas caso Putin decida invadir o seu vizinho.

É legítimo, questionarmo-nos sobre o porquê de a China ter conseguido em poucos anos ser um gigante económico e uma ameaça militar para o mundo.

Nas últimas décadas, assistimos no mundo Ocidental a uma desindustrialização e uma aposta clara numa economia baseada nos serviços. A Ásia foi a grande beneficiada por esta estratégia dos ocidentais, em particular, a China, que se industrializou e recebeu as novas tecnologias já desenvolvidas no ocidente, o que lhes permitiu crescer a um ritmo muito elevado. A par disto, a China é imbatível naquilo a que chamamos no Ocidente de condições de trabalho e de salário digno, acreditamos que desconhecem sequer estes termos, a “escravatura” do trabalho é uma imposição do Regime Chinês, a “ditadura do proletariado” transformou-se na “ditadura sobre o proletariado”, tal como já tinha acontecido na União Soviética.  

Foi através deste crescimento exponencial e deste poderio económico que foi adquirido pela falta de estratégia e de governança do mundo Ocidental que a China tem construído o seu poderio militar que há algum tempo vem preocupando a principal Superpotência do Mundo – os Estados Unidos da América.

Uma questão lateral, mas não menos importante, é a de que o Regime Chinês assenta num sistema de partido único, não democrático e que não respeita a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Estará o mundo Ocidental ciente dos perigos que corremos ao assistirmos impávidos e serenos ao avanço de um país que não respeita os valores da Democracia, dos Direitos Humanos e do respeito da vontade da maioria? É bom relembrar que a História nos ensina que quem tem poder usa-o e impõe a sua vontade e os seus valores. Se um dia a China dominar o Mundo, viveremos todos num sistema que reprime as liberdades.

Poderá ter a União Europeia um papel importante na defesa dos nossos valores? A resposta tem de ser clara, sim, há muito a fazer, porque se não atuarmos enquanto União, individualmente, nenhum País dos 27 o poderá fazer, nem tão pouco a Alemanha, que é a maior economia da União Europeia.

O que podemos dizer é que há uma falta de governança no Mundo Ocidental. Por um lado, a União Europeia teima em não se afirmar como um centro de poder militar, decorrente do facto de não ter Forças Armadas próprias, estando sempre à mercê das vontades e disponibilidade dos Estados Unidos da América, que ora tem políticas isolacionistas, como depressa muda a estratégia e tem políticas expansionistas. Isto significa que não tem havido uma estratégia concertada entre a Superpotência mundial e a União Europeia – só com uma estratégia conjunta entre os EUA e a UE poderemos ambicionar fazer frente à China e conseguir parar o projeto Chinês.

Queremos com isto dizer que sem a construção de um grande projeto de unidade Ocidental, assente na democracia, na liberdade, nos direitos humanos e na economia de mercado, não podemos defender a nossa civilização dos ataques daqueles que defendem precisamente o contrário aos nossos valores.

A falta de Governança no Mundo Ocidental


Sem a construção de um grande projeto de unidade Ocidental, assente na democracia, na liberdade, nos direitos humanos e na economia de mercado, não podemos defender a nossa civilização.


Por Sónia Leal Martins, Politóloga

O sistema de potências dos dias de hoje é muito complexo e cheio de incertezas. Apesar dos Estados Unidos da América terem ainda preponderância do ponto de vista militar, vão aparecendo na Arena internacional “novos” Atores, demonstrando uma capacidade cada vez maior de projetar força, quer a nível aéreo, quer a nível naval muito assinaláveis.

Falamos naturalmente da China, que nos últimos anos tem feito grandes investimentos, em número de efetivos, mas também do ponto de vista tecnológico nas suas forças armadas, construindo bases navais no Pacífico, no Mar da China e imagine-se, já tem presença militar em pontos estratégicos do Médio Oriente e em África.

Este investimento faz parte de um projeto alargado do Regime Chinês cujo objetivo é tornarem-se uma Superpotência em 2049, ano em que se comemoram os 100 anos da Revolução Chinesa de Mao Tsé-Tung.

A par disto temos uma Rússia cada vez mais agressiva. Desde 2014 que ocupa parte da Ucrânia (Crimeia) e neste momento tem um grande número de efetivos na fronteira com este país, o que levou o Presidente Norte-Americano, Joe Biden, a intervir e a ameaçar a Rússia com fortes sanções económicas caso Putin decida invadir o seu vizinho.

É legítimo, questionarmo-nos sobre o porquê de a China ter conseguido em poucos anos ser um gigante económico e uma ameaça militar para o mundo.

Nas últimas décadas, assistimos no mundo Ocidental a uma desindustrialização e uma aposta clara numa economia baseada nos serviços. A Ásia foi a grande beneficiada por esta estratégia dos ocidentais, em particular, a China, que se industrializou e recebeu as novas tecnologias já desenvolvidas no ocidente, o que lhes permitiu crescer a um ritmo muito elevado. A par disto, a China é imbatível naquilo a que chamamos no Ocidente de condições de trabalho e de salário digno, acreditamos que desconhecem sequer estes termos, a “escravatura” do trabalho é uma imposição do Regime Chinês, a “ditadura do proletariado” transformou-se na “ditadura sobre o proletariado”, tal como já tinha acontecido na União Soviética.  

Foi através deste crescimento exponencial e deste poderio económico que foi adquirido pela falta de estratégia e de governança do mundo Ocidental que a China tem construído o seu poderio militar que há algum tempo vem preocupando a principal Superpotência do Mundo – os Estados Unidos da América.

Uma questão lateral, mas não menos importante, é a de que o Regime Chinês assenta num sistema de partido único, não democrático e que não respeita a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Estará o mundo Ocidental ciente dos perigos que corremos ao assistirmos impávidos e serenos ao avanço de um país que não respeita os valores da Democracia, dos Direitos Humanos e do respeito da vontade da maioria? É bom relembrar que a História nos ensina que quem tem poder usa-o e impõe a sua vontade e os seus valores. Se um dia a China dominar o Mundo, viveremos todos num sistema que reprime as liberdades.

Poderá ter a União Europeia um papel importante na defesa dos nossos valores? A resposta tem de ser clara, sim, há muito a fazer, porque se não atuarmos enquanto União, individualmente, nenhum País dos 27 o poderá fazer, nem tão pouco a Alemanha, que é a maior economia da União Europeia.

O que podemos dizer é que há uma falta de governança no Mundo Ocidental. Por um lado, a União Europeia teima em não se afirmar como um centro de poder militar, decorrente do facto de não ter Forças Armadas próprias, estando sempre à mercê das vontades e disponibilidade dos Estados Unidos da América, que ora tem políticas isolacionistas, como depressa muda a estratégia e tem políticas expansionistas. Isto significa que não tem havido uma estratégia concertada entre a Superpotência mundial e a União Europeia – só com uma estratégia conjunta entre os EUA e a UE poderemos ambicionar fazer frente à China e conseguir parar o projeto Chinês.

Queremos com isto dizer que sem a construção de um grande projeto de unidade Ocidental, assente na democracia, na liberdade, nos direitos humanos e na economia de mercado, não podemos defender a nossa civilização dos ataques daqueles que defendem precisamente o contrário aos nossos valores.