Nascida em 2009, no âmbito do Programa Life da União Europeia, a EWWR (“European Week for Waste Reduction”), cuja designação em português é Semana Europeia de Prevenção de Resíduos, é um projeto que junta organizações não governamentais de ambiente, associações de cidades europeias e a Comissão Europeia. Esta semana realiza-se habitualmente no mês em que nos encontramos e este ano decorre de 20 a 28 de novembro.
Este ano o mote é “comunidades circulares” e pretende, para além da habitual sensibilização para a importância da redução de produção de resíduos, incentivar a adoção de comportamentos em toda a comunidade que promovam uma maior circularidade dos resíduos, pois entre os resíduos que produzimos nem todos têm que necessariamente acabar em valorização energética através de incineração ou em aterros, podendo, muitos deles, terem novas vidas.
Esta mensagem ganha especial acuidade tendo em conta a divulgação recente, por parte da Agência Portuguesa do Ambiente, do Relatório Anual de Resíduos Urbanos (RARU) referente ao ano de 2020. Esse relatório mostra-nos que nos encontramos ainda muito longe das metas preconizadas para o setor de resíduos sólidos urbanos, no Plano Estratégico Nacional para o Setor (PERSU2020), entretanto adiadas para 2022.
De todas as metas estabelecidas para o país e não ignorando a particularidade do ano de 2020 em que existiram alterações no setor fruto da pandemia, nenhuma delas se encontra perto de cumprimento. Metas: (i) produção de 410 Kg/ano de resíduos per capita; (ii) preparação para reutilização e reciclagem dos resíduos em 50%; (iii) deposição em aterro de 35% dos resíduos urbanos biodegradáveis e (iv) retoma de recolha seletiva de 52 kg/ano por habitante. Resultados em 2020: (i) 513 Kg/ano per capita; (ii) 38% de preparação para reutilização e reciclagem; (iii) envio de 53% dos resíduos urbanos biodegradáveis para aterro e (iv) 50 Kg/ano por habitante de retoma de recolha seletiva.
Daí a importância de todos nós, enquanto sociedade, atuarmos, dentro das nossas comunidades em projetos, de maior ou menor escala, que ajudem a reduzir a deposição de resíduos em aterro, que promovam a reciclagem e que deem uma nova vida aos resíduos, reintroduzindo os mesmos na sociedade sob outra forma ou renascidos.
Iniciativas como o projeto artístico de Bordalo II, que usa resíduos para a criação de arte, o Repair Café Lisboa que promove ações de reparação de pequenos eletrodomésticos, a Cicloficina Comunitária dos Anjos que reutiliza e repara peças de bicicletas, a Oma que comercializa peças de mobiliário a partir do upcycling e mais recentemente o projeto Ripas, que junta a Oficina Monstros e o Município de Lisboa, com a sua oficina de restauro e upcycling de móveis junto ao mercado da Ajuda, são todas excelentes exemplos como os resíduos podem ter uma segunda vida e com novo valor.
Esta semana faça um esforço acrescido para reduzir os resíduos que produz e dê uma nova oportunidade a objetos que iriam ser descartados, dando-lhes a oportunidade de voltarem a ter uma nova vida, talvez alguns deles, com alguma imaginação, possam ser excelentes presentes de natal.
Pedro Vaz