Milhares de protestos denunciam “fraude” nas eleições na Nicarágua

Milhares de protestos denunciam “fraude” nas eleições na Nicarágua


Uma das principais manifestações teve lugar em Washington, D.C., onde os nicaraguenses caminharam desde a sede da Organização dos Estados Americanos (OEA) até à embaixada do seu país nos Estados Unidos.


Milhares de nicaraguenses manifestaram-se domingo em vários países contra o que consideram ser uma "fraude" nas eleições de hoje no país, nas quais o Presidente, Daniel Ortega, procura atingir o quarto mandato consecutivo.

 

Uma das principais manifestações teve lugar em Washington, D.C., onde os nicaraguenses caminharam desde a sede da Organização dos Estados Americanos (OEA) até à embaixada do seu país nos Estados Unidos.

Durante a marcha, os manifestantes hastearam uma enorme bandeira azul e branca da Nicarágua, que se tornou um símbolo de oposição ao Presidente Ortega e contrasta com as cores vermelha e preta da bandeira da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), o partido do chefe de Estado.

"Ortega, escuta, ainda estamos na luta" e "Viva a Nicarágua livre!" gritaram os manifestantes, que apelaram à comunidade internacional para que não reconheça o resultado eleitoral deste domingo, por considerarem que o governo de Ortega não proporcionou condições de transparência.

Entretanto, em Miami, dezenas de nicaraguenses reuniram-se no Parque Ruben Dario para repudiarem as eleições, que consideram "fraudulentas", com bandeiras do seu país e cantando "Nicarágua raptada por um assassino".

"Repudiamos estas eleições que são uma fraude, com cinco partidos políticos que são marionetas do Sandinismo, não aceitamos estas eleições fraudulentas, esta farsa", disse o líder comunitário César Lacayo, organizador da mobilização, que garantiu ter havido protestos como aquele em 57 países de todo o mundo, nos quais também foi exigida a libertação de 150 prisioneiros políticos.

Em Espanha, realizou-se outra manifestação, em Madrid, com os presentes a exigirem que os resultados eleitorais não sejam reconhecidos.

Santiago Urbina, da Unidade Nacional Azul e Branca, que reúne grupos da oposição, disse à agência de notícias espanhola EFE que estas eleições deveriam servir para retirar Ortega do poder, já que a União Europeia, a OEA e os EUA denunciaram a falta de legitimidade das mesmas, com sete candidatos da oposição presos e partidos políticos proscritos.

Um comunicado lido neste e noutros protestos simultâneos que correram em outras cidades exigia a libertação de mais de uma centena de "presos políticos" na Nicarágua, um novo órgão eleitoral "independente" do governo Ortega e eleições "limpas" com supervisão internacional, entre outras reivindicações.

Nicaraguenses também se manifestaram em San José, onde milhares marcharam pelas principais ruas da capital da Costa Rica contra o que chamaram "fraude" e o "circo" eleitoral orquestrado por Ortega.

Por outro lado, cerca de 100 nicaraguenses manifestaram-se na Cidade do Panamá para repudiar a "farsa" eleitoral no seu país e afirmaram que Ortega concorreu sozinho à presidência, depois da prisão dos seus principais rivais.

A Nicarágua realizou domingo eleições gerais, que devem dar ao Presidente Daniel Ortega, 75 anos, o seu quarto mandato consecutivo, após 14 anos no poder.

Além de Ortega, os cinco candidatos que disputarão o cargo são considerados "cúmplices do poder". Os sete potenciais adversários mais ameaçadores foram detidos.

Uma grande parte da comunidade internacional nega qualquer legitimidade ao escrutínio. Para o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, o processo eleitoral "perdeu toda a credibilidade", o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, considerou-o uma "farsa".

Nos últimos meses, a perseguição aos opositores foi contínua e desde junho foram detidas 39 pessoas, entre personalidades políticas, empresários, camponeses, estudantes e jornalistas.