Mutualista Montepio. Contas consolidadas mostram prejuízo de 86 milhões em 2020

Mutualista Montepio. Contas consolidadas mostram prejuízo de 86 milhões em 2020


Auditora PwC mostra “reservas” em alguns pontos. Associação vai a votos a 17 de dezembro e entram quatro listas na corrida.


A administração da mutualista Montepio divulgou esta quarta-feira as contas consolidadas relativas ao ano de 2020 que revelam 86 milhões de euros de prejuízo. “Em 2020, o resultado líquido consolidado do MGAM [Montepio Geral Associação Mutualista] foi negativo, em -86 milhões de euros, valor muito superior aos -18 milhões de euros registados em base individual”, lê-se no Relatório e Contas Consolidadas de 2020, disponibilizado no site da mutualista e que vai ser votado em Assembleia Geral Extraordinária no próximo dia 30. O Nascer do SOL já tinha avançado que as contas teriam de ser apresentadas até ontem e apontava para perdas na ordem dos 100 milhões de euros.

No relatório, o presidente da mutualista, Virgílio Lima, explica que este resultado se deve “sobretudo, aos efeitos extraordinários do contexto pandémico nos resultados consolidados do Banco Montepio, que atingiram -81 milhões de euros, designadamente, por via dos montantes extraordinários de imparidades de crédito constituídas, entre outros efeitos adversos”.

No entanto, tendo em conta o resultado líquido do exercício atribuível ao MGAM, o prejuízo sobe para os 89 milhões de euros no ano passado, valor que compara com seis milhões de euros de lucro no ano anterior.

Contas levantam ‘reservas’ Entretanto, a PwC já reagiu às contas consolidadas, garantindo que tem “reservas”. “Na nossa opinião, os ativos por impostos diferidos, os capitais próprios e o resultado líquido consolidado do exercício atribuível ao Grupo, constantes do balanço consolidado e da demonstração dos resultados consolidados do grupo em 31 de dezembro de 2020 e em 31 de dezembro de 2019, encontram-se sobreavaliados por um montante materialmente relevante, a magnitude do qual não estamos em condições de quantificar, dada a incerteza inerente às projeções dos resultados tributáveis do Montepio Geral – Associação Mutualista”, refere a PWC.

Recorde-se que estas reservas da PwC não são novas e a auditora já as tinha mostrado em relação às contas individuais da Mutualista. Reservas que levaram até à criação de um grupo de trabalho que incluiu especialistas externos, dirigentes do próprio Montepio e o anterior auditor KPMG.

Fora estas reservas, diz a PwC que as demonstrações financeiras consolidados “apresentam de forma verdadeira e apropriada […] a posição financeira consolidada” do grupo em 31 de dezembro de 2020 “e o seu desempenho financeiro e fluxos de caixa consolidados relativos ao ano findo naquela data”.

Eleições a 17 de dezembro Ainda esta quarta-feira foi publicada a convocatória para a Assembleia Geral Eleitoral do Montepio Geral – Associação Mutualista (MGAM), estando a reunião magna agendada entre as 9h e as 18h na sede da associação, em Lisboa. Recorde-se que uma das listas é liderada pelo atual presidente Virgílio Lima. Tal como o i avançou, Pedro Gouveia Alves encabeça a lista adversária. As outras duas são apoiadas por Eugénio Rosa e Ribeiro Mendes.