O Fim da Supremacia Americana


Em termos de relações internacionais, os Estados Unidos desacreditaram-se e perderam a liderança e a hegemonia mundial


Depois da queda da União Soviética e do fim da guerra fria, gerou-se a ideia de que se estava a assistir ao fim da história, e a um mundo progressivamente globalizado que adotaria a economia de mercado e a democracia pluralista.

Ficamos com a sensação de que este mundo novo era dominado por uma só potência – os Estados Unidos da América.

Com efeito assim parecia ter acontecido na última década do século passado.

Porém, o primeiro desafio veio dos países árabes que se mostravam refratários aos ideais democráticos do Ocidente.

Com a intervenção americana no Afeganistão, depois da queda das torres gêmeas, assistimos à imposição, pela força, deste ideário e à substituição de uma cultura milenar por valores ocidentais.

 Seguiu-se a invasão do Iraque. Também Saddam Hussein significava uma ameaça ao mundo novo americano, para além das reservas de petróleo iraquiano. Neste último país, a intervenção americana destruiu o equilíbrio existente entre sunitas, xiitas e curdos e afastou do poder os sunitas, cujas franjas radicais geraram o Daesh que espalhou o terror pelo médio Oriente. O Iraque, berço da civilização, ficou destruído e constitui hoje um Estado falhado e os valores ocidentais exportados só existem para americano ver.

No Afeganistão, foi afastado um governo de fanáticos, mas os talibãs não desapareceram, continuando a dominar o país, como se demonstrou pela recente tomada de Cabul. O exército, formado em moldes ocidentais, desertou em massa, abandonando as armas; os titulares da democracia montada pelos americanos puseram-se em fuga; fica a sensação de que de vinte anos de morte e destruição nada restou. Os talibãs voltaram com a sua cultura e valores, como se nada se tivesse passado.

Como explicar estes fracassos?

 De acordo com Oliveira Rocha, estas intervenções assentam numa teoria política que remonta aos anos sessenta e deve-se sobretudo a Samuel Huntington, que defendia que a modernização e desenvolvimento dos novos países, bem assim como a construção de novas nações, supõe a adoção dos valores políticos ocidentais e da economia de mercado.

Como se verifica, os trabalhos nesta área consubstanciam uma ideologia de suporte dos Estados Unidos no contexto da guerra-fria.

Atualmente e segundo Robinson e Acemoglu, entende-se que o subdesenvolvimento económico não resulta apenas da falta de desenvolvimento político, mas do impacto do colonialismo e da introdução de instituições extrativas em sociedades não ocidentais. Quer dizer, a intervenção americana não só não contribuiu para o desenvolvimento dessas sociedades, como pode ter mesmo acelerado o seu subdesenvolvimento. Além de que demonstrou que não se pode impor valores de uma cultura a outra.

Em termos de relações internacionais, os Estados Unidos desacreditaram-se e perderam a liderança e a hegemonia mundial, vendo-se confrontados com outras civilizações, como a muçulmana e a chinesa, as quais não comungam os valores ocidentais, designadamente na área dos direitos humanos.

Neste contexto, estou em crer que os Estados Unidos recolheram a casa preocupados, em primeiro lugar com os problemas internos.

 Aparentemente nesta matéria, Biden não fez mais do que continuar a política de Trump.

O Fim da Supremacia Americana


Em termos de relações internacionais, os Estados Unidos desacreditaram-se e perderam a liderança e a hegemonia mundial


Depois da queda da União Soviética e do fim da guerra fria, gerou-se a ideia de que se estava a assistir ao fim da história, e a um mundo progressivamente globalizado que adotaria a economia de mercado e a democracia pluralista.

Ficamos com a sensação de que este mundo novo era dominado por uma só potência – os Estados Unidos da América.

Com efeito assim parecia ter acontecido na última década do século passado.

Porém, o primeiro desafio veio dos países árabes que se mostravam refratários aos ideais democráticos do Ocidente.

Com a intervenção americana no Afeganistão, depois da queda das torres gêmeas, assistimos à imposição, pela força, deste ideário e à substituição de uma cultura milenar por valores ocidentais.

 Seguiu-se a invasão do Iraque. Também Saddam Hussein significava uma ameaça ao mundo novo americano, para além das reservas de petróleo iraquiano. Neste último país, a intervenção americana destruiu o equilíbrio existente entre sunitas, xiitas e curdos e afastou do poder os sunitas, cujas franjas radicais geraram o Daesh que espalhou o terror pelo médio Oriente. O Iraque, berço da civilização, ficou destruído e constitui hoje um Estado falhado e os valores ocidentais exportados só existem para americano ver.

No Afeganistão, foi afastado um governo de fanáticos, mas os talibãs não desapareceram, continuando a dominar o país, como se demonstrou pela recente tomada de Cabul. O exército, formado em moldes ocidentais, desertou em massa, abandonando as armas; os titulares da democracia montada pelos americanos puseram-se em fuga; fica a sensação de que de vinte anos de morte e destruição nada restou. Os talibãs voltaram com a sua cultura e valores, como se nada se tivesse passado.

Como explicar estes fracassos?

 De acordo com Oliveira Rocha, estas intervenções assentam numa teoria política que remonta aos anos sessenta e deve-se sobretudo a Samuel Huntington, que defendia que a modernização e desenvolvimento dos novos países, bem assim como a construção de novas nações, supõe a adoção dos valores políticos ocidentais e da economia de mercado.

Como se verifica, os trabalhos nesta área consubstanciam uma ideologia de suporte dos Estados Unidos no contexto da guerra-fria.

Atualmente e segundo Robinson e Acemoglu, entende-se que o subdesenvolvimento económico não resulta apenas da falta de desenvolvimento político, mas do impacto do colonialismo e da introdução de instituições extrativas em sociedades não ocidentais. Quer dizer, a intervenção americana não só não contribuiu para o desenvolvimento dessas sociedades, como pode ter mesmo acelerado o seu subdesenvolvimento. Além de que demonstrou que não se pode impor valores de uma cultura a outra.

Em termos de relações internacionais, os Estados Unidos desacreditaram-se e perderam a liderança e a hegemonia mundial, vendo-se confrontados com outras civilizações, como a muçulmana e a chinesa, as quais não comungam os valores ocidentais, designadamente na área dos direitos humanos.

Neste contexto, estou em crer que os Estados Unidos recolheram a casa preocupados, em primeiro lugar com os problemas internos.

 Aparentemente nesta matéria, Biden não fez mais do que continuar a política de Trump.