Estado da União 2021


A União Europeia é uma história de sucesso, de paz no seu território, de liberdade e de cooperação. Constituindo uma União com 27 Estados soberanos, geri-la coloca desafios muito complexos e permanentes provas de sobrevivência, em que os juízes são os seus cidadãos.


Ontem, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen proferiu perante o Plenário do Parlamento Europeu em Estrasburgo, o segundo discurso do Estado da União do seu mandato, seguido de um debate com os eurodeputados. Esta prática assinala o início do ano político europeu e para além de um balanço do exercício do ano anterior, perspetiva também as grandes linhas para a definição do programa da Comissão para o ano seguinte, confrontando as prioridades enunciadas com a visão dos diferentes grupos que compõem o Parlamento.

A União Europeia é uma história de sucesso, de paz no seu território, de liberdade e de cooperação. Constituindo uma União com 27 Estados soberanos, geri-la coloca desafios muito complexos e permanentes provas de sobrevivência, em que os juízes são os seus cidadãos, através do exercício democrático, e em que a capacidade de ser relevante no xadrez internacional é uma condição fundacional.

No discurso do Estado da União de 2021 Ursula von der Leyen pôde apresentar-se perante os eurodeputados e perante os cidadãos que eles representam com um balanço positivo de ação num quadro de enorme desafio. Um balanço positivo para o qual muito contou também um excelente desempenho da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, pela sua capacidade de definir as prioridades certas e conseguir os consensos necessários para estruturar a resposta europeia à crise sanitária e aos seus impactos.

O desafio de sobrevivência colocado pela pandemia tem vindo a ser ultrapassado com um salto disruptivo no modelo solidário de financiamento, que permitiu mobilizar os recursos para a vacinação em massa e para a sustentação económica e social, a que se agregam posições assertivas na defesa dos valores do Estado de Direito, na transição energética, na descarbonização e na modernização económica focada nas pessoas, na transição digital inclusiva e com direitos e na afirmação de uma visão multilateral para as relações globais.

A concretização prática da resposta ainda está no seu início e já um novo desafio de sobrevivência se desenha no horizonte. A União tem que antecipar uma linha de resposta à nova vaga de refugiados, empurrados pela estratégia beligerante da Bielorrússia ou vítimas da fuga americana do Afeganistão, combinando os seus valores solidários e humanistas com o reforço da capacidade de segurança e defesa, para que não sejam os outros a decidir por nós, em questões em que a nossa integridade e estratégia partilhada estão em causa.

O balanço positivo do que foi lançado como resposta à crise sanitária aumenta a responsabilidade de uma boa e atempada concretização. A União da Saúde, a União de Segurança e Defesa ou o Pilar Social e os compromissos sobre ele atingidos na Cimeira Social do Porto não podem esperar para que os cidadãos sintam na sua vida os resultados das políticas. Para marcar as prioridades do novo programa da Comissão e reforçando os sinais de ressurgimento da social-democracia na União, o Grupo dos Socialistas e Democratas apresentaram um caderno de encargos com 10 prioridades para uma nova etapa de desenvolvimento solidário, convergente, progressista e competitivo da União. Voltaremos a este tema na crónica da próxima semana.

Eurodeputado do PS