A política e desporto andam por vezes entrosados mas infelizmente numa focagem distorcida já que uma verdadeira política desportiva gera um fenómeno desportivo natural, integrado, e decorrente de um “plano diretor nacional” para a educação da juventude.
É esta perspetiva que interessa focar, e não outra, ou seja, o desporto não tem uma perspetiva política, a política é que tem uma vertente desportiva integrada na educação geral da juventude.
Perguntar-se-á, então o desporto é só para a juventude? A resposta só pode ser uma, o desporto é para todos, mas como é evidente ele tem que começar na adolescência e na juventude para que desta forma se possa estender às três gerações ativas, em simultâneo.
Isto pressupõe (já) desporto educação-formação, desporto manutenção e alta competição. Quando se fala de “desporto numa perspetiva política”, tal significa que não existe qualquer política desportiva, pois a perspetiva presta-se a um subjetivismo qualquer, enquanto que uma política de desporto, ou desportiva, é universal, abrange todos e é já o resultado de um programa legitimado pelo sufrágio nas urnas.
É evidente que estamos a pensar num regime democrático em que as pessoas são tratadas como um “fenómeno que não se repete”, o que implica um “personalismo” e portanto o respeito pelos valores da vida humana e da dignidade de que a mesma se deve revestir.
A política desportiva não se presta a aproveitamentos políticos, não pode estar ao sabor das modas, nem tentar servir interesses políticos que não sejam o exclusivo interesse nacional. E esse está escrito no “documento fundamental” a que alguns chamam Constituição o que pode, e deve, perseguir-se é uma política desportiva, de imediato, que crie condições para que se possa cumprir aquilo que está escrito na Constituição, ou seja, que os cidadãos tenham os seus direitos assegurados, mas que os possam exercer, e, infelizmente, o direito à prática do desporto para todos os cidadãos ainda não é possível.
Mas é evidente que há que estabelecer prioridades e dir-me-ão que o desporto não será a primeira já que com fome não se pode praticar desporto. Pois, isso é verdade, mas numa “perspetiva política do desporto”, o que se faz é dar comida àqueles que vão praticar desporto com fome, escondendo assim outra problemática e enaltecendo uma “política desportiva” que só tem uma “perspetiva política”.
Sociólogo
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