JO. Não houve ouro nem pimba, mas o bronze já deu razão para sorrir

JO. Não houve ouro nem pimba, mas o bronze já deu razão para sorrir


Tinha prometido que, se vencesse o ouro, iria dançar um ‘pimbazinho’. O topo do pódio falhou, mas, ainda assim, Jorge Fonseca garantiu a medalha de bronze no judo, em -100kg. O sorriso e a boa disposição do atleta marcaram a primeira medalha portuguesa nos Jogos de Tóquio.


O ‘pimba’ ficou para os Jogos de Paris, em 2024, mas a emoção e a alegria de Jorge Fonseca, que conquistou a primeira medalha portuguesa nos Jogos de Tóquio’2020, são contagiantes, e deixaram todos a torcer pelo atleta da Damaia.

O judoca, da categoria -100kg, tem por hábito dar um passo de dança a cada vitória que alcança no tatami, e quarta-feira foi dia de festa em Tóquio. Apesar de frustrado por não ter conseguido nenhum dos dois primeiros lugares no pódio (perdeu o combate das meias-finais frente ao sul-coreano Cho Gu-ham), Fonseca não deixou de lado o seu característico bom humor, e foi o medalhista mais caricato no pódio, sempre de sorriso estampado na cara, a interagir com tudo o que fossem fotógrafos e a comitiva portuguesa presente no estádio. Fonseca ainda tentou, em jeito de brincadeira, escolher o ouro da bandeja das medalhas, mas a pessoa encarregue pela entrega das medalhas frustrou a tentativa.

No confronto pelo bronze, contra o canadiano Shady El Nahas, ambos os judocas se mostraram equilibrados, e previa-se a chegada a mais um ‘golden score’… mas, a 30 segundos do final do combate, um waza-ari de Fonseca deu-lhe o valioso ponto, ao qual se agarrou para assegurar a primeira medalha olímpica de Portugal nesta edição dos Jogos.

Jorge Fonseca era já bicampeão mundial de Judo, e esta foi a primeira medalha olímpica do judoca, que aproveitou as declarações após o combate para lançar farpas… à Adidas e à Puma. “[A medalha] é também dedicada à Adidas e à Puma, porque me disseram que não tinha capacidade para ser um atleta deles. Dedico aos representantes deles. Sou bicampeão do mundo, que estatuto preciso para ser patrocinado por eles?”, atacou o mesmo, pouco depois de dedicar a vitória aos portugueses e à sua mãe.

“Sou bicampeão do mundo, o meu lugar é no ouro. Quero ser o melhor de todos os tempos no desporto nacional”, reforçou ainda o atleta, mostrando uma reação agridoce ao bronze alcançado. “Saboroso, mas queria mais. Trabalhei bastante para o ouro. Não calhou como queria, mas é trabalhar para o próximo já”, afirmou o mesmo.

 

Reações políticas

Como não podia deixar de ser, a primeira medalha olímpica portuguesa em Tóquio mereceu os parabéns de figuras políticas nacionais como Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Eduardo Ferro Rodrigues.

O Presidente da República telefonou a Jorge Fonseca, para o felicitar pela vitória. “Jorge Fonseca confirmou o seu talento, as suas capacidades, e alcançou a tão desejada medalha olímpica. Algo que só está ao alcance dos melhores dos melhores”, pode-se ler em nota oficial da Presidência da República.

Já o primeiro-ministro partiu para o Twitter para dar os parabéns ao judoca, e o presidente da Assembleia da República emitiu um comunicado, definindo Fonseca como um “exemplo de perseverança” e ,”motivo de orgulho para o desporto nacional e merecedor do agradecimento de Portugal e dos Portugueses”.

 

Mamona promete

Depois do bronze de Jorge Fonseca, abriu-se em Portugal o apetite por mais medalhas, e hoje arranca a participação da Missão nacional naquela que é a modalidade onde mais se espera que se possam conquistar as vitórias: o Atletismo.

Patrícia Mamona, que venceu o ouro nos Europeus de Atletismo de Pista Coberta, neste ano, é uma das principais candidatas, e vai tentar a sua sorte no triplo salto já hoje, às 11 da manhã. Aos 32 anos, Mamona procura a sua primeira medalha olímpica, após mais de 20 anos de carreira.

Ainda no atletismo, mas na modalidade de lançamento de peso, há um outro nome que promete, e que pode trazer até Portugal uma medalha olímpica. É o caso de Auriol Dongmo, a luso-camaronesa, devota à Nossa Senhora de Fátima, que arranca a sua segunda experiência olímpica (a primeira ainda foi com as cores dos Camarões) na manhã de sexta-feira. Vai ser preciso bater a marca dos 20 metros se Dongmo quer perfilar no pódio, mas as marcas mais recentes dão esperanças positivas. A atleta alcançou os 19,75 metros – melhor marca do ano – em junho, altura em que bateu também o recorde nacional.

 

Sonho no andebol

Continua também hoje a performance da seleção nacional de andebol, que sofreu até agora duas derrotas e conquistou uma vitória perante o Bahrain. O último confronto, frente à Suécia, deixou um sabor amargo na boca, pois os nórdicos venceram por apenas um golo de diferença. Agora, é a vez de enfrentar a Dinamarca, que também não vai facilitar a vida aos portugueses.