Pescadinhas de rabo na boca


Se somos o que comemos, talvez devêssemos mudar radicalmente de paradigma. 


Quem já comeu peixe fresco capturado em alto mar conhece-lhe bem o sabor e a qualidade e sabe naturalmente da diferença entre este e os outros peixes criados em viveiro. Os peixes de alto mar nadam livres, alimentam-se segundo a sua natureza e crescem num ambiente que os transforma e fortalece. 

O preço a pagar por eles é muito superior ao que se paga pelo peixe de viveiro, porém esta diferença de valor permite que aqueles que têm menos dinheiro disponível para a alimentação usufruam deste alimento. Situação que aparenta gerar justiça.

Hipócrates defendia que um indivíduo bem adaptado ao seu ambiente dificilmente viria a adoecer e nos seus ensinamentos fica clara a ideia de que a saúde depende do equilíbrio de vários fatores que têm uma influência direta nas funções do corpo e da mente. A sua teoria enraizou-se na sociedade e, até certo ponto, na forma como passámos a olhar para o nosso alimento. 

Se de facto “somos o que comemos”, então fico preocupado. A qualidade da carne do animal criado em viveiro está diretamente relacionada com a sua própria alimentação; são-lhe dadas rações e preparados recheados de químicos – uma dieta selecionada por peritos que mereciam degustá-la, quem sabe ao pequeno-almoço.

Esta realidade não se circunscreve aos peixes, antes alarga-se a todos os animais e vegetais criados para consumo humano. Mais, porque os olhos também comem, injetam-se-lhes químicos que lhes dão cor, textura, brilho e tudo aquilo que os doutores do marketing considerem ser eficaz no aumento das vendas, do lucro, da exploração…

Preocupa-me a aparente vontade social de mudar o estilo de vida no intuito de a tornar mais saudável. É e será muito difícil. O problema está enraizado de tal forma que garantidamente não seremos amanhã tão saudáveis quanto o desejamos hoje. Os nossos netos talvez ou os netos dos nossos netos – Se houver planeta!…

Nos últimos tempos tenho-me perguntado se o planeta não nos estará a tratar como sendo um corpo patogénico. Assim se justificariam os permanentes sinais que nos vai dando quando destrói cada vez mais homens e mulheres através de desastres, calamidades, catástrofes…

Como se não bastasse a arte que carregamos nos nossos genes de nos auto destruirmos, a natureza aparenta estar farta de nós. Não estamos a merecer a vida, não estamos a merecer fazer parte de um todo tão perfeito, tão belo. Único. 

De facto, se somos o que comemos, talvez devêssemos mudar radicalmente de paradigma. E porque um pouco de filosofia faz bem, convido os meus leitores a fazer um breve exercício de lógica.

Nota: Uma premissa é uma preposição cuja verdade serve de base à verdade de outra, a conclusão. Esta, por sua vez, é uma preposição cuja verdade se baseia na verdade das premissas e a inferência é a operação pela qual se passa da verdade das premissas à conclusão. 

Deste modo, se eu disser 1. Todos os pássaros têm um bico e 2. O pardal é um pássaro, concluo – o pardal tem um bico.
Ora, 1. Somos o que comemos, 2. Comemos porcaria, logo…

Pescadinhas de rabo na boca


Se somos o que comemos, talvez devêssemos mudar radicalmente de paradigma. 


Quem já comeu peixe fresco capturado em alto mar conhece-lhe bem o sabor e a qualidade e sabe naturalmente da diferença entre este e os outros peixes criados em viveiro. Os peixes de alto mar nadam livres, alimentam-se segundo a sua natureza e crescem num ambiente que os transforma e fortalece. 

O preço a pagar por eles é muito superior ao que se paga pelo peixe de viveiro, porém esta diferença de valor permite que aqueles que têm menos dinheiro disponível para a alimentação usufruam deste alimento. Situação que aparenta gerar justiça.

Hipócrates defendia que um indivíduo bem adaptado ao seu ambiente dificilmente viria a adoecer e nos seus ensinamentos fica clara a ideia de que a saúde depende do equilíbrio de vários fatores que têm uma influência direta nas funções do corpo e da mente. A sua teoria enraizou-se na sociedade e, até certo ponto, na forma como passámos a olhar para o nosso alimento. 

Se de facto “somos o que comemos”, então fico preocupado. A qualidade da carne do animal criado em viveiro está diretamente relacionada com a sua própria alimentação; são-lhe dadas rações e preparados recheados de químicos – uma dieta selecionada por peritos que mereciam degustá-la, quem sabe ao pequeno-almoço.

Esta realidade não se circunscreve aos peixes, antes alarga-se a todos os animais e vegetais criados para consumo humano. Mais, porque os olhos também comem, injetam-se-lhes químicos que lhes dão cor, textura, brilho e tudo aquilo que os doutores do marketing considerem ser eficaz no aumento das vendas, do lucro, da exploração…

Preocupa-me a aparente vontade social de mudar o estilo de vida no intuito de a tornar mais saudável. É e será muito difícil. O problema está enraizado de tal forma que garantidamente não seremos amanhã tão saudáveis quanto o desejamos hoje. Os nossos netos talvez ou os netos dos nossos netos – Se houver planeta!…

Nos últimos tempos tenho-me perguntado se o planeta não nos estará a tratar como sendo um corpo patogénico. Assim se justificariam os permanentes sinais que nos vai dando quando destrói cada vez mais homens e mulheres através de desastres, calamidades, catástrofes…

Como se não bastasse a arte que carregamos nos nossos genes de nos auto destruirmos, a natureza aparenta estar farta de nós. Não estamos a merecer a vida, não estamos a merecer fazer parte de um todo tão perfeito, tão belo. Único. 

De facto, se somos o que comemos, talvez devêssemos mudar radicalmente de paradigma. E porque um pouco de filosofia faz bem, convido os meus leitores a fazer um breve exercício de lógica.

Nota: Uma premissa é uma preposição cuja verdade serve de base à verdade de outra, a conclusão. Esta, por sua vez, é uma preposição cuja verdade se baseia na verdade das premissas e a inferência é a operação pela qual se passa da verdade das premissas à conclusão. 

Deste modo, se eu disser 1. Todos os pássaros têm um bico e 2. O pardal é um pássaro, concluo – o pardal tem um bico.
Ora, 1. Somos o que comemos, 2. Comemos porcaria, logo…