A hipocrisia ambiental não serve o planeta


Acredito na necessidade de políticas ambientais, mas compatíveis com o desenvolvimento económico e considero que o principal objetivo para salvar o planeta reside na limitação da população mundial através de políticas globais de combate à ignorância e à pobreza. 


Com o conhecimento que hoje existe e com a massificação do seu tratamento na comunicação social, ninguém pode seriamente negar a importância das políticas ambientais. Todavia, dito isto, também não devemos desconhecer que existem sobre o assunto opiniões para todos os gostos e que o tema é usado para potenciar políticas públicas destinadas a servir os mais variados interesses económicos. Acresce, que o fundamentalismo existente no debate do tema conduz a avaliações políticas no mínimo duvidosas e a soluções pouco ou nada fundamentadas.

Não sou um especialista na matéria, mas desagrada-me que no plano europeu e, principalmente, no plano nacional, o tema seja usado para acentuar o empobrecimento do país através de decisões políticas avulsas poucos estudadas e pouco ou nada avaliadas sobre o ponto de vista do seu impacto económico.

Preocupante, porque ao mesmo tempo verifico existirem outras áreas em que a defesa do meio ambiente é reconhecidamente compatível com o progresso económico, mas onde os governos arrastam os pés e cometem erros, tanto económicos como ambientais. Vejamos apenas dois exemplos:

Ferrovia – Depois de muitos anos em que sucessivos governos portugueses privilegiaram os transportes rodoviários e abandonaram a ferrovia, os governos de António Costa usam a ferrovia como material de propaganda e estão a cometer um erro de enormes proporções ao isolar a ferrovia portuguesa da Europa, impedindo a substituição do transporte de mercadorias e de passageiros por via rodoviária e por avião, pela não poluente ferrovia interoperável em toda a União Europeia. O mesmo é verdadeiro nos transportes urbanos onde muito pouco é feito para substituir as viaturas particulares por transportes públicos de qualidade, nomeadamente nas ligações entre as periferias e o centro das cidades.

Energia – Os portugueses pagam a energia mais cara da Europa e o fundamentalismo ambientalista só pode contribuir para a tornar ainda mas cara. Os excessos cometidos na adoção da energia eólica e solar antes do seu uso ser económico e os contratos de submissão aos interesses dos produtores, criaram em Portugal um desequilíbrio energético insustentável. A proibição da exploração do petróleo e do gás no território nacional e o fecho das centrais a carvão de Sines e do Pego, bem como o fecho da refinaria de Matosinhos, sem a avaliação das alternativas e dos custos envolvidos, são fatores de empobrecimento dos portugueses e da perda de competitividade da economia.

Decisões tanto mais incompreensíveis quando a Alemanha acaba de inaugurar uma nova central a carvão e a Polónia obteve a aceitação do funcionamento das suas centrais a carvão por mais umas dezenas de anos. Para já não falar na China. Também a Noruega é um dos grandes produtores mundiais de petróleo e nem por isso deixa de ter eficientes políticas ambientais. Finalmente, a desorientação governamental inventou a solução do hidrogénio, repetindo o erro feito antes com as eólicas, investindo na fase mais cara da curva de desenvolvimento das tecnologias necessárias, como os especialistas bem avisaram.

Pessoalmente, acredito na necessidade de políticas ambientais, mas compatíveis com o desenvolvimento económico e considero que o principal objetivo para salvar o planeta reside na limitação da população mundial através de políticas globais de combate à ignorância e à pobreza.

No nosso tempo, os governos e as Nações Unidas já tiveram o tempo de saber que os grandes aumentos da população ocorrem em África, no Oriente e na América do Sul, enquanto nos países com melhores níveis de educação e de desenvolvimento económico, como é o caso da Europa, a população decresce, o que envolve também um problema para a sobrevivência no planeta de raças e de culturas existentes devido a migrações desorganizadas.

Ou seja, o desenvolvimento de todos os povos pela educação e pela saúde nas suas terras de origem é a via idónea para dar uma oportunidade ao planeta Terra. Sobre isso, há quase trinta anos propus ao Partido Socialista e ao então Secretário-geral António Guterres a ideia da criação de uma taxa universal para o efeito.

Mas não só, a solução ambiental reside ainda no uso pelos governos da ciência e das tecnologias já existentes. Não há razão para que não haja fábricas para recuperar os materiais dos automóveis, ou de outros produtos em fim de vida. Não há razão para que nos prédios das cidades não existam máquinas de reciclagem do plástico, do papel, do vidro e do metal das nossas embalagens. A indústria circular só precisa da vontade política dos governos para criar a revolução de que precisamos na forma como produzimos e como vivemos. 

Trata-se de uma revolução democrática, o que compreende uma grande mudança nos métodos e nos objetivos da educação dos povos. Desde logo, colocando na primeira linha da mudança educativa as creches e o pré-escolar, que é o local certo de iniciar o processo de criação do chamado homem novo, o que o comunismo quis fazer à força. Depois, é só introduzir em todos os níveis do ensino, além dos conhecimentos, a formação dos comportamentos, das competências e dos valores e aí teremos abertas todas as oportunidades.

Compreendamos que os seres humanos são a parte mais interessada na sobrevivência do planeta. São os homens e as mulheres que aqui vivem que terão de contribuir para sua defesa e isso não acontecerá com os povos a viver na ignorância e na pobreza. Ou seja, a defesa do ambiente não passa por matar a economia dos países e atrasar a sua modernização, como está a acontecer em Portugal, mas por modelar o desenvolvimento económico através do melhor uso da ciência e das tecnologias disponíveis.

Com a nota de que as empresas estão limitadas no desenvolvimento de soluções ambientalmente úteis, porque apenas os governos, ou a união dos governos, como é o caso da União Europeia, têm o poder democrático de criar as condições organizativas para a sua aplicação.

Sabemos que as empresas inovam na oferta de novos produtos e serviços em que há mercado e que servem cada vez melhor as nossas necessidades, mas não têm o poder de fazer leis e de organizar a sociedade de forma a utilizar o saber existente na solução de muitos dos problemas ambientais. Para isso são necessários os estados verdadeiramente democráticos capazes de realizar aquilo a que tenho chamado, de facto reclamado, a inovação de Estado.

Ou seja, os governos devem aprender a inovar na organização da sociedade, afim de utilizar as tecnologias disponíveis de forma ambientalmente útil. Por exemplo, recuperar as fugas de crude no mar e não em terra, recuperar e reutilizar todos os materiais com que são fabricados os produtos que consumimos; substituir todas as energias poluentes através do uso generalizado da eletricidade limpa em todas as formas de transporte de passageiros e de mercadorias; reflorestar e combater os fogos; fazer da educação das crianças o elemento central de uma nova civilização, tendo em vista não apenas a defesa do planeta, mas também o ponto de partida para uma nova fase nos comportamentos de todos os homens e mulheres que nele habitam. Temos os meios para o fazer, basta querer reorientar a sua utilização. 

A hipocrisia ambiental não serve o planeta


Acredito na necessidade de políticas ambientais, mas compatíveis com o desenvolvimento económico e considero que o principal objetivo para salvar o planeta reside na limitação da população mundial através de políticas globais de combate à ignorância e à pobreza. 


Com o conhecimento que hoje existe e com a massificação do seu tratamento na comunicação social, ninguém pode seriamente negar a importância das políticas ambientais. Todavia, dito isto, também não devemos desconhecer que existem sobre o assunto opiniões para todos os gostos e que o tema é usado para potenciar políticas públicas destinadas a servir os mais variados interesses económicos. Acresce, que o fundamentalismo existente no debate do tema conduz a avaliações políticas no mínimo duvidosas e a soluções pouco ou nada fundamentadas.

Não sou um especialista na matéria, mas desagrada-me que no plano europeu e, principalmente, no plano nacional, o tema seja usado para acentuar o empobrecimento do país através de decisões políticas avulsas poucos estudadas e pouco ou nada avaliadas sobre o ponto de vista do seu impacto económico.

Preocupante, porque ao mesmo tempo verifico existirem outras áreas em que a defesa do meio ambiente é reconhecidamente compatível com o progresso económico, mas onde os governos arrastam os pés e cometem erros, tanto económicos como ambientais. Vejamos apenas dois exemplos:

Ferrovia – Depois de muitos anos em que sucessivos governos portugueses privilegiaram os transportes rodoviários e abandonaram a ferrovia, os governos de António Costa usam a ferrovia como material de propaganda e estão a cometer um erro de enormes proporções ao isolar a ferrovia portuguesa da Europa, impedindo a substituição do transporte de mercadorias e de passageiros por via rodoviária e por avião, pela não poluente ferrovia interoperável em toda a União Europeia. O mesmo é verdadeiro nos transportes urbanos onde muito pouco é feito para substituir as viaturas particulares por transportes públicos de qualidade, nomeadamente nas ligações entre as periferias e o centro das cidades.

Energia – Os portugueses pagam a energia mais cara da Europa e o fundamentalismo ambientalista só pode contribuir para a tornar ainda mas cara. Os excessos cometidos na adoção da energia eólica e solar antes do seu uso ser económico e os contratos de submissão aos interesses dos produtores, criaram em Portugal um desequilíbrio energético insustentável. A proibição da exploração do petróleo e do gás no território nacional e o fecho das centrais a carvão de Sines e do Pego, bem como o fecho da refinaria de Matosinhos, sem a avaliação das alternativas e dos custos envolvidos, são fatores de empobrecimento dos portugueses e da perda de competitividade da economia.

Decisões tanto mais incompreensíveis quando a Alemanha acaba de inaugurar uma nova central a carvão e a Polónia obteve a aceitação do funcionamento das suas centrais a carvão por mais umas dezenas de anos. Para já não falar na China. Também a Noruega é um dos grandes produtores mundiais de petróleo e nem por isso deixa de ter eficientes políticas ambientais. Finalmente, a desorientação governamental inventou a solução do hidrogénio, repetindo o erro feito antes com as eólicas, investindo na fase mais cara da curva de desenvolvimento das tecnologias necessárias, como os especialistas bem avisaram.

Pessoalmente, acredito na necessidade de políticas ambientais, mas compatíveis com o desenvolvimento económico e considero que o principal objetivo para salvar o planeta reside na limitação da população mundial através de políticas globais de combate à ignorância e à pobreza.

No nosso tempo, os governos e as Nações Unidas já tiveram o tempo de saber que os grandes aumentos da população ocorrem em África, no Oriente e na América do Sul, enquanto nos países com melhores níveis de educação e de desenvolvimento económico, como é o caso da Europa, a população decresce, o que envolve também um problema para a sobrevivência no planeta de raças e de culturas existentes devido a migrações desorganizadas.

Ou seja, o desenvolvimento de todos os povos pela educação e pela saúde nas suas terras de origem é a via idónea para dar uma oportunidade ao planeta Terra. Sobre isso, há quase trinta anos propus ao Partido Socialista e ao então Secretário-geral António Guterres a ideia da criação de uma taxa universal para o efeito.

Mas não só, a solução ambiental reside ainda no uso pelos governos da ciência e das tecnologias já existentes. Não há razão para que não haja fábricas para recuperar os materiais dos automóveis, ou de outros produtos em fim de vida. Não há razão para que nos prédios das cidades não existam máquinas de reciclagem do plástico, do papel, do vidro e do metal das nossas embalagens. A indústria circular só precisa da vontade política dos governos para criar a revolução de que precisamos na forma como produzimos e como vivemos. 

Trata-se de uma revolução democrática, o que compreende uma grande mudança nos métodos e nos objetivos da educação dos povos. Desde logo, colocando na primeira linha da mudança educativa as creches e o pré-escolar, que é o local certo de iniciar o processo de criação do chamado homem novo, o que o comunismo quis fazer à força. Depois, é só introduzir em todos os níveis do ensino, além dos conhecimentos, a formação dos comportamentos, das competências e dos valores e aí teremos abertas todas as oportunidades.

Compreendamos que os seres humanos são a parte mais interessada na sobrevivência do planeta. São os homens e as mulheres que aqui vivem que terão de contribuir para sua defesa e isso não acontecerá com os povos a viver na ignorância e na pobreza. Ou seja, a defesa do ambiente não passa por matar a economia dos países e atrasar a sua modernização, como está a acontecer em Portugal, mas por modelar o desenvolvimento económico através do melhor uso da ciência e das tecnologias disponíveis.

Com a nota de que as empresas estão limitadas no desenvolvimento de soluções ambientalmente úteis, porque apenas os governos, ou a união dos governos, como é o caso da União Europeia, têm o poder democrático de criar as condições organizativas para a sua aplicação.

Sabemos que as empresas inovam na oferta de novos produtos e serviços em que há mercado e que servem cada vez melhor as nossas necessidades, mas não têm o poder de fazer leis e de organizar a sociedade de forma a utilizar o saber existente na solução de muitos dos problemas ambientais. Para isso são necessários os estados verdadeiramente democráticos capazes de realizar aquilo a que tenho chamado, de facto reclamado, a inovação de Estado.

Ou seja, os governos devem aprender a inovar na organização da sociedade, afim de utilizar as tecnologias disponíveis de forma ambientalmente útil. Por exemplo, recuperar as fugas de crude no mar e não em terra, recuperar e reutilizar todos os materiais com que são fabricados os produtos que consumimos; substituir todas as energias poluentes através do uso generalizado da eletricidade limpa em todas as formas de transporte de passageiros e de mercadorias; reflorestar e combater os fogos; fazer da educação das crianças o elemento central de uma nova civilização, tendo em vista não apenas a defesa do planeta, mas também o ponto de partida para uma nova fase nos comportamentos de todos os homens e mulheres que nele habitam. Temos os meios para o fazer, basta querer reorientar a sua utilização.