O Governo espanhol avançou hoje com a proposta de 'Lei da Memória Democrática', para proibir manifestações de apoio à ditadura de Francisco Franco e as organizações que fazem a apologia dos líderes e políticas desse período.
O projeto de lei é mais um passo no objetivo declarado do Partido Socialista espanhol (PSOE) para ultrapassar as divisões que ainda há no país sobre o lugar de Franco na história espanhola, oferecendo reparação às vítimas e eliminando o extremismo de direita.
Isto numa altura em que aumentou a popularidade do partido de extrema-direita Vox, que nas últimas eleições foi o terceiro mais votado, depois do PSOE e do PP (Partido Popular, direita).
Segundo o ministro da Presidência, Félix Bolanos, responsável pelo projeto, trata-se da "primeira lei espanhola que condena e repudia expressamente o golpe [franquista]… e a ditadura que se seguiu, que abriu o período mais negro" da história contemporânea espanhola.
Há dois anos, um Governo, também socialista, decidiu exumar os restos mortais de Francisco Franco do mausoléu em que se encontrava, nos arredores de Madrid, no Vale dos Caídos, e transferi-los para um pequeno jazigo familiar, também nos arredores da capital do país.
A chamada 'Lei da Memória Democrática', que agora transita para o parlamento para discussão e votação, deverá reacender um debate sobre a liberdade de expressão e a forma como Franco é visto – uma questão que ainda provoca fortes emoções entre muitos espanhóis.