Comecei a germinar a ideia, quando em 2017, o PSD Matosinhos me convidou para concorrer à câmara em Matosinhos. Quem segue de perto a política sabe o que se passou e tenho por hábito transformar a minha vida em oportunidades, até, deu para escrever um livro «Candidato que não chegou a sê-lo».
Jurei a mim mesmo, que não me candidataria mais por partidos, mesmo sendo independente, devido à sua nomenclatura estilo tropa. Não me revejo nessa forma de ser e estar.
A política reclama abertura e outro tipo de protagonistas. A dicotomia: dentro/fora, nós/eles, militante/não militante e o próprio/alheio têm os dias contados.
Percebi nessa altura que havia muita gente a apoiar-me e, que seria possível construir uma candidatura independente. Sinceramente, estava cansado de realizar o Clube dos Pensadores, foram catorze anos da minha vida, tinha a ilusão de pôr em prática algumas das minhas ideias.
Em 2018, decidi criar um site apoiado numa plataforma de candidatura. Fiz uma apresentação pública para dizer ao que vinha e comecei nessa altura a explicar a quem quis, como seria todo este processo. Segui o meu caminho independentemente de saber se A ou B se iriam candidatar.
A imprensa de um modo geral achou piada a quem se balanceava para uma câmara com tanta antecedência. Foi um caminho de pedras, moroso, difícil, com muitos obstáculos, olhares de soslaio, e nunca esquecer esta estulta pandemia.
Quando alguém está no poder tantos anos num local, neste caso 45 anos, julga-se senhor absoluto. Vivemos no séc. XXI, mas ainda há gente com medo de toda a espécie, chegando a ter medo de pensar. É absolutamente estranho não haver espaços para se realizar um encontro, um debate, tendo em conta a existência de tantas associações apoiadas por dinheiros públicos.
Enfim! É a democracia em que vivemos com a complacência do poder.
A democracia existe para haver alternância de poder, em vez, de se perpetuar no poder. E, o mais importante, a imprensa deve criar oportunidades para se poder expor ideias e propostas.
Durante este tempo que passou fui recolhendo as assinaturas, fazendo sessões de esclarecimento, apesar de muita gente achar que nunca chegaria a lado nenhum. Eu toda a minha vida gostei de desafios e colocar-me à prova, e detesto que me menosprezem. Toda a vida procurei ser diferente e ter uma postura de vida, contudo não sou maluco e sabia muito bem o que estava a fazer. Eu não sou Marcelo Rebelo de Sousa que antes de ser candidato a PR, entrou nas casas de todos nós durante 10 anos, porém, jactância à parte, realizar o Clube dos Pensadores durante 14 anos, não é para qualquer um!
Em Portugal não há uma cultura de tratar os assuntos com tempo e organização. A nossa cultura é tudo há última hora e o desenrascanço. Nisso não sou português.
Em 2021 cá estou, para apresentar a minha candidatura ao respectivo tribunal em Matosinhos, apoiado por um grupo de cidadãos eleitores (GCE), sem intervenção de partidos políticos.
Tenho a lista de proponentes, o mandatário da candidatura, a lista de candidatos e o mandatário financeiro ultimados.
O dia das eleições gerais para os órgãos das autarquias locais é marcado pelo Governo, por decreto publicado em Diário da República, com, pelo menos, 80 dias de antecedência. As eleições estão marcadas para o dia 26 de Setembro.
A apresentação da nossa candidatura só pode ser efectuada a partir do dia útil seguinte à publicação do Decreto que marque a data das eleições. Podemos fazê-la até ao 55.º dia anterior ao dia da eleição.
Assim o vou fazer.
Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores e Matosinhos Independente