Arlene Foster apresentou hoje a demissão formal de primeira-ministra da Irlanda do Norte à Assembleia Autónoma, onde garantiu que continuará a trabalhar pelos direitos das mulheres e menores, com atenção especial ao assédio que sofrem nas redes sociais.
No discurso de despedida, Foster evocou alguns episódios pessoais em que foi "falsamente" acusada de corrupção e pelos quais teve de se "defender vigorosamente para limpar" o nome, sublinhou a ex-líder do Partido Democrata Unionista (DUP).
O novo líder da formação, Edwin Poots, nomeou o deputado regional Paul Givan para liderar o Executivo de Belfast, no qual o principal parceiro é o republicano Sinn Féin, ex-braço político do já inativo Exército Republicano Irlandês (IRA).
De acordo com as regras do Governo de poder partilhado, a saída da chefe do executivo também deixa vago o cargo de "número dois", que até agora era ocupado pela dirigente do Sinn Féin Michelle O'Neill.
Os republicanos, que defendem a unificação com a República da Irlanda, têm sete dias para apresentar o candidato ao cargo, mas se não houver acordo o Governo britânico será obrigado a convocar eleições regionais antecipadas.
Foster foi forçada a demitir-se em abril passado na sequência da contestação interna no DUP à sua gestão do 'Brexit', em particular a fação mais ultraconservadora e religiosa – na qual o próprio Poots se encontra – por fazer concessões durante a legislatura em relação à lei do aborto ou em matéria de direitos da comunidade LGTB.
Poots também resiste à introdução da língua gaélica no currículo escolar,
A saída de Foster, que para alguns correligionários foi vítima de perseguições, e o conservadorismo até agora demonstrado por Poots levaram à demissão de vários vereadores e dirigentes locais do partido fundado pelo histórico reverendo Ian Paisley (1926-2014).
Neste contexto, alguns observadores admitem que o Sinn Féin consiga ganhar a maioria dos votos nas eleições regionais, após a maioria do seu eleitorado ter rejeitado o 'Brexit' no referendo de 2016.