Zmar. Ordem dos Advogados fala em “lesão de direitos humanos”

Zmar. Ordem dos Advogados fala em “lesão de direitos humanos”


Ana Westerlund, proprietária de uma casa no Zmar, diz que se sente a “viver numa ditadura” devido ao pedido de requisição civil.


A decisão do Governo de decretar a requisição civil temporária dos alojamentos do eco resort Zmar para albergar pessoas que necessitem de confinamento obrigatório ou isolamento profilático – em face da cerca sanitária nas freguesias de São Teotónio e Longueira-Almograve devido ao elevado número de infeções por covid-19 – está a gerar contestação, sobretudo por parte dos proprietários. A requisição civil foi justificada com “motivos de urgência e de interesse público e nacional” e engloba a “totalidade dos imóveis e dos direitos a eles inerentes que compõem o empreendimento Zmar Eco Experience, localizado na freguesia de Longueira-Almograve”. O bastonário da Ordem dos Advogados (OA), Luís Menezes Leitão, considera que, ainda que seja um requisição temporária, como obrigaria à desocupação das casas por parte dos seus proprietários, o pedido pode “constituir uma lesão dos direitos humanos” e pede a intervenção da comissão de direitos humanos da própria Ordem.

Em comunicado, a OA escreve que “a partir do momento em que é levantado o estado de emergência, e por isso deixaram de estar suspensos os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos”, os proprietários de alojamentos no Zmar “têm os mesmos direitos a ser protegidos contra intervenções arbitrárias do Estado na sua propriedade e no seu domicílio familiar”.

A ceramista Ana Westerlund, viúva do ator Pedro Lima, é uma das contestatárias da medida e confessou nas redes sociais que se sente “a viver numa ditadura”. A artista esclarece que tem “uma casa no Zmar Eco Experience” e que o Governo decidiu que a tem de “disponibilizar para receber doentes Covid de Odemira, a maior parte deles trabalhadores nas estufas locais”, acrescentando: “Diz o primeiro-ministro que eles têm direito a viver em condições dignas (obviamente, mas esse direito não começou ontem!)”. Ana Westerlund pergunta se “não são os empresários que os contratam que são responsáveis por eles?” e se “não é o Governo que fecha os olhos à quantidade deles que devem estar ilegais?”.

Também o administrador judicial do complexo se manifestou contra a requisição civil e o impacto económico da medida: “Isto é uma atividade turística e toda a gente de bom senso considera que vir passar férias a um sítio que foi um covidário não é a solução mais apelativa”.