O álbum esteve anunciado para o passado dia 27 de novembro, mas o próprio fadista acabou por apresentar as novas músicas no seu espetáculo de despedida dos palcos, realizado a 9 de novembro de 2019 no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
O álbum nasceu "da intuição e da certeza de que Carlos do Carmo tinha ainda fados por cantar, fados esses, em que nalguns casos, nem se suspeitava que pudessem ser fados", lê-se na apresentação da discográfica.
Na sua composição musical, poderão encontrar-se canções da autoria de Victorino D'Almeida, que já assinara para o fadista, entre outros, o "Fado do Campo Grande", Mário Pacheco, Paulo de Carvalho, autor da música de "Lisboa Menina e Moça", e José Manuel Neto, guitarrista que acompanhou o fadista várias vezes, tanto em estúdio como em palco, e que abre o disco com um solo.
Vasco Graça Moura, Herberto Helder, José Saramago e Mia Couto, são outros autores que se cruzam no disco, sendo Herberto e Sophia dois estreantes na voz do cantor.
A edição física do disco conta com dois CD, o álbum de originais e o registo do espetáculo no Coliseu dos Recreios, em 2019 e será também disponibilizada uma "versão limitada e especial", em que, além dos dois discos, se encontra um DVD com o concerto de 2019 e um vídeo com uma entrevista ao fadista, feita no decurso da construção do álbum.
Segundo a Universal Music, esta versão tem também imagens inéditas de estúdio e de ensaios.
O fadista morreu no passado dia 1 de janeiro, em Lisboa, aos 81 anos e, na opinião do musicólogo Rui Vieira Nery, foi "a maior força renovadora do fado, depois de Amália Rodrigues".
Em 2020, recebeu o Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural, atribuído pela Estoril Sol, que segundo nota do júri o considerou " a individualidade exemplar numa área que Vasco Graça Moura muito prezava e para a qual contribuiu com numerosos poemas".
Para além disso, o galardão distinguiu igualmente "o papel fundamental de Carlos do Carmo na divulgação dos maiores poetas portugueses", facto comprovado neste novo álbum.
Ao longo da sua carreira, atuou no Olympia, em Paris, nas Óperas de Frankfurt e de Wiesbaden, na Alemanha, além do Canecão, no Rio de Janeiro, e do Savoy, em Helsínquia, entre outras salas.
Em 2014 recebeu um Grammy Latino pelo conjunto da obra, e o Prémio Personalidade do Ano/Martha de la Cal, da Associação Imprensa Estrangeira em Portugal. No ano seguinte foi agraciado com a mais elevada distinção da capital francesa, a Grande Médaille de Vermeil, e, no ano seguinte, o Estado português condecorou-o como o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito.
No seu último concerto no Coliseu dos Recreios, em 2019, recebeu, em palco, a chave da cidade de Lisboa, uma honra dada habitualmente aos chefes de Estado que visitam Portugal.
