A circulação entre concelhos, em Portugal continental, está proibida desde a meia-noite de sexta-feira, mas tal não impediu um em cada dez portugueses de dormir a mais de 100 quilómetros de casa na quinta-feira passada.
Entre a sexta-feira da semana passada e a desta, os dados disponibilizados pela Direção Geral da Saúde (DGS) nos boletins diários de acompanhamento do coronavírus mostram que, nesse período, foram diagnosticados no país 3075 casos de covid-19, contra 3471 na semana anterior, uma descida de 11%, já inferior à das últimas semanas.
Por outro lado, o índice de transmissibilidade (Rt) do novo coronavirus em Portugal situa-se nos 0,93 e a incidência de 75,7 novos casos de infeção com SARS-CoV-2 por 100 mil habitantes, segundo os dados oficiais.
Já este domingo, Portugal registou 365 novos casos de covid-19 e dez vítimas mortais associadas à doença, contabilizando 820 407 contágios pelo vírus SARS-coV-2 e 16.837 mortes desde o início da pandemia.
O número de internamentos subiu, este domingo, tendo agora no total 633 (mais 15 internados do que no sábado), dos quais 142 hospitalizados nas Unidades de Cuidados Intensivos, isto é, menos seis do que no sábado.
Em relação à distribuição geográfica, Lisboa e Vale do Tejo foi a região que registou mais novos casos e mortes por covid-19 – 107 e seis, respetivamente. A região do Norte dá conta de 112 novos casos e três mortes. De seguida, está o Centro com 41 casos e zero mortes, o Algarve com 40 casos e também zero mortes e o Alentejo com 15 casos e uma morte.
Este panorama epidemiológico mais animador motivou cerca de 62% dos portugueses a saírem à rua todos os dias na semana passada, com o índice de mobilidade a fixar-se agora em 87%.
Esta percentagem é superior à de 77% verificada na semana de 8 a 12 de março, aquela que antecedeu o desconfinamento gradual do país, mas inferior aos 99% que se constataram no dia 19 de março, sendo que, neste indicador, o número 100 correspondente à mobilidade na situação pré-covid, a mobilidade considerada “normal” antes do surgimento da pandemia.
As conclusões são da consultora PSE que percecionou igualmente que antes de entrarmos em confinamento, aproximadamente 33% das pessoas ficavam em casa e, agora, mesmo com as limitações impostas pelo Executivo, esse valor subiu somente até aos 38%.
Um terço da população em trânsito faz mais de 20 quilómetros diariamente, mas, por meio da análise do Painel de Mobilidade PSE 2021, torna-se claro que 10,7% da população foi dormir a mais de 100 quilómetros da sua residência na quinta-feira, sendo que a consultora adiantou, em comunicado, que “este valor ronda os 6% a 7%, nos dias úteis mais recentes e 7,6% a 7,9% no último fim de semana”.
A necessidade de celebrar a páscoa O aumento do índice de mobilidade justifica-se pelo contorno das medidas de combate à covid-19, no âmbito da Páscoa, que estarão em vigor até às 5h do dia 5 de abril. Estas estão a ser levadas a cabo pelo Governo com o objetivo de “garantir que a Páscoa não é um momento de deslocação e de encontro, mas, pelo contrário, mais um momento de confinamento”, como explicitou o primeiro-ministro António Costa aquando da apresentação do plano de desconfinamento “a conta-gotas”.
Como o Nascer do Sol já havia noticiado, o Secretariado Nacional de Liturgia divulgou as indicações às paróquias, que começaram por se materializar através da inexistência das habituais procissões no domingo de ramos e da troca dos mesmos, para evitar ajuntamentos dos fiéis.
Este ano as celebrações vão poder ter assembleia, mas mantém-se a suspensão de procissões e outras manifestações populares com o compasso.
Este último consiste na visita casa a casa de uma paróquia do Crucifixo de Cristo no dia de Páscoa ou nas semanas seguintes para celebrar a sua Ressurreição e, a título de exemplo, em 2020, a Câmara de Melgaço condenou uma instituição de solidariedade social (IPSS) daquele concelho precisamente por dar a cruz a beijar aos seus utentes idosos.
Recorde-se que o Governo apontou para quinta-feira uma decisão sobre a etapa do desconfinamento seguinte, pois na próxima segunda-feira está previsto o regresso às aulas dos 2.º e 3º ciclos – e ATLs para as mesmas idades -, e dos equipamentos sociais na área da deficiência.
Também está estipulada a abertura dos museus, monumentos, palácios, galerias de arte e similares, das lojas até 200 m2 com porta para a rua, das feiras e mercados não alimentares – por decisão municipal -, e das esplanadas – com o máximo de quatro pessoas por mesa.
Naquilo que diz respeito ao exercício físico, poderá dar-se o regresso às modalidades desportivas de baixo risco e à atividade física ao ar livre até quatro pessoas, assim como a reabertura dos ginásios sem aulas de grupo.