Portugal é a nossa identidade


Assistimos recentemente a um ataque dissimulado à identidade histórica de Portugal por parte de um deputado à Assembleia da República. Posto isto importa refletir sobre a questão da identidade numa perspetiva saudável, descomplexada, sem tabus, mas séria.


As perceções históricas das pessoas podem ser manipuladas com uma exposição a diferentes narrativas da história, que por sua vez afetam o processo de construção da identidade. Mas por mais que se possam manipular as perceções não se pode permitir a destruição do património histórico material e imaterial.

Tem-se debatido muito pouco a questão da identidade nacional como elemento chave para agregar, juntar e aproximar todos os portugueses, principalmente em tempos difíceis como os que estamos a atravessar.

Infelizmente, este tema é sempre usado para dividir e criar clivagens alimentando ruturas sem sentido que defendem a destruição de património histórico e cultural de uma grande nação como a nossa.

Assistimos nos últimos dias a alguns exercícios de profunda demagogia por parte de alguns que atacam o populismo (e bem) mas que usam o mesmo recurso – o populismo – quando tentam branquear os momentos históricos que construíram a nossa identidade enquanto povo, apelando à destruição de símbolos e monumentos de referência nacional.

A História deve servir para aprendermos o que de melhor nos trouxe e também para aprendermos com os erros do passado para que, em melhores e mais informadas circunstâncias, não voltemos a cometê-los no presente e no futuro.

A História não se corrige destruindo símbolos, monumentos, queimando livros, apagando imagens, proibindo leituras e branqueando os ensinamentos dos que, ao longo de milhares de anos, nos dirigiram e guiaram até aqui, lutando de forma brava pela defesa de valores comuns.

Tenho a profunda convicção de que todos os que valorizam as conquistas e a história passada da sua nação têm níveis mais altos de identidade nacional e uma forte ligação às raízes culturais do seu País, o que faz com que queiram fazer crescer essa nação nos termos em que foi, é e será.

Já no sentido inverso, acredito que os que subestimam e desvalorizam as conquistas históricas e o património – muitas vezes por meras opções de conjuntura – têm níveis mais baixos de identidade nacional e poucas ligações às raízes culturais do seu País.

Muitos portugueses viajaram pelo mundo, estudaram fora, têm desafios profissionais noutros países, procuraram novas oportunidades no estrangeiro, mas todos sabem que a identidade nacional e as raízes que nos ligam ao nosso País são como um porto de abrigo vitalício.

Um porto de abrigo onde nos sentimos seguros, com que nos identificamos plenamente, onde nos sentimos parte de algo, onde reconhecemos os nossos gostos, os nossos aromas, as nossas cores, as nossas emoções e acima de tudo as nossas gentes.

A identidade de um povo está na sua cultura material e imaterial que se foi construindo ao longo dos tempos com crenças, valores, alguns mitos, muitos símbolos, imensos monumentos, belíssima arte e um infinito de documentos escritos que foram salvaguardando a evolução da história.

Não pode ser agora, um espirro de populismo ou epifenómenos desgarrados, que vão destruir o que construímos durante séculos de sacrifícios, de batalhas, de derrotas, de vitórias, de conquistas e de progresso. A nossa identidade histórica e cultural é uma herança deixada pelas gerações que nos antecederam e este é o legado que também nós devemos deixar aos nossos filhos e netos.

A UNESCO definiu e reforçou a necessidade de defender a identidade histórica e cultural como forma de preservar a identidade das comunidades e fê-lo através da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural e Imaterial, assinada em Paris a 17 de outubro de 2003.

Também a Constituição da República Portuguesa (CRP) defende, no seu artigo 78º, nº1 que, “Todos têm direito à fruição e criação cultural, bem como o dever de preservar, defender e valorizar o património cultural.” A CRP refere ainda, no mesmo artigo 78º, nº2, alínea c), que este deve “Promover a salvaguarda e a valorização do património cultural, tornando-o elemento vivificador da identidade cultural comum;”.

Desde as convenções internacionais até à CRP, a defesa da identidade assente no património Cultural (material e imaterial) e na nossa história é essencial e não pode estar sujeita às discricionariedades conjunturais de minorias ou figuras com desejos mediáticos.

Figuras essas que utilizam a demagogia e o populismo para tentar impor crenças frágeis e que desprezam os valores sociais da maioria do povo que tem orgulho na sua história e valoriza o sentimento positivo de pertencer a um coletivo que partilha a mesma identidade e o mesmo património histórico.

Compete-nos a todos, com bom senso, não permitir que se abra um grave precedente que pretende apagar "a memória do passado", como afirmou recentemente o General Ramalho Eanes, e que terá implicações imprevisíveis no futuro, fragilizando elementos fundamentais de uma Nação como a sua História e a sua Identidade.

 

Gestor e Mestre em Ciência Política


Portugal é a nossa identidade


Assistimos recentemente a um ataque dissimulado à identidade histórica de Portugal por parte de um deputado à Assembleia da República. Posto isto importa refletir sobre a questão da identidade numa perspetiva saudável, descomplexada, sem tabus, mas séria.


As perceções históricas das pessoas podem ser manipuladas com uma exposição a diferentes narrativas da história, que por sua vez afetam o processo de construção da identidade. Mas por mais que se possam manipular as perceções não se pode permitir a destruição do património histórico material e imaterial.

Tem-se debatido muito pouco a questão da identidade nacional como elemento chave para agregar, juntar e aproximar todos os portugueses, principalmente em tempos difíceis como os que estamos a atravessar.

Infelizmente, este tema é sempre usado para dividir e criar clivagens alimentando ruturas sem sentido que defendem a destruição de património histórico e cultural de uma grande nação como a nossa.

Assistimos nos últimos dias a alguns exercícios de profunda demagogia por parte de alguns que atacam o populismo (e bem) mas que usam o mesmo recurso – o populismo – quando tentam branquear os momentos históricos que construíram a nossa identidade enquanto povo, apelando à destruição de símbolos e monumentos de referência nacional.

A História deve servir para aprendermos o que de melhor nos trouxe e também para aprendermos com os erros do passado para que, em melhores e mais informadas circunstâncias, não voltemos a cometê-los no presente e no futuro.

A História não se corrige destruindo símbolos, monumentos, queimando livros, apagando imagens, proibindo leituras e branqueando os ensinamentos dos que, ao longo de milhares de anos, nos dirigiram e guiaram até aqui, lutando de forma brava pela defesa de valores comuns.

Tenho a profunda convicção de que todos os que valorizam as conquistas e a história passada da sua nação têm níveis mais altos de identidade nacional e uma forte ligação às raízes culturais do seu País, o que faz com que queiram fazer crescer essa nação nos termos em que foi, é e será.

Já no sentido inverso, acredito que os que subestimam e desvalorizam as conquistas históricas e o património – muitas vezes por meras opções de conjuntura – têm níveis mais baixos de identidade nacional e poucas ligações às raízes culturais do seu País.

Muitos portugueses viajaram pelo mundo, estudaram fora, têm desafios profissionais noutros países, procuraram novas oportunidades no estrangeiro, mas todos sabem que a identidade nacional e as raízes que nos ligam ao nosso País são como um porto de abrigo vitalício.

Um porto de abrigo onde nos sentimos seguros, com que nos identificamos plenamente, onde nos sentimos parte de algo, onde reconhecemos os nossos gostos, os nossos aromas, as nossas cores, as nossas emoções e acima de tudo as nossas gentes.

A identidade de um povo está na sua cultura material e imaterial que se foi construindo ao longo dos tempos com crenças, valores, alguns mitos, muitos símbolos, imensos monumentos, belíssima arte e um infinito de documentos escritos que foram salvaguardando a evolução da história.

Não pode ser agora, um espirro de populismo ou epifenómenos desgarrados, que vão destruir o que construímos durante séculos de sacrifícios, de batalhas, de derrotas, de vitórias, de conquistas e de progresso. A nossa identidade histórica e cultural é uma herança deixada pelas gerações que nos antecederam e este é o legado que também nós devemos deixar aos nossos filhos e netos.

A UNESCO definiu e reforçou a necessidade de defender a identidade histórica e cultural como forma de preservar a identidade das comunidades e fê-lo através da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural e Imaterial, assinada em Paris a 17 de outubro de 2003.

Também a Constituição da República Portuguesa (CRP) defende, no seu artigo 78º, nº1 que, “Todos têm direito à fruição e criação cultural, bem como o dever de preservar, defender e valorizar o património cultural.” A CRP refere ainda, no mesmo artigo 78º, nº2, alínea c), que este deve “Promover a salvaguarda e a valorização do património cultural, tornando-o elemento vivificador da identidade cultural comum;”.

Desde as convenções internacionais até à CRP, a defesa da identidade assente no património Cultural (material e imaterial) e na nossa história é essencial e não pode estar sujeita às discricionariedades conjunturais de minorias ou figuras com desejos mediáticos.

Figuras essas que utilizam a demagogia e o populismo para tentar impor crenças frágeis e que desprezam os valores sociais da maioria do povo que tem orgulho na sua história e valoriza o sentimento positivo de pertencer a um coletivo que partilha a mesma identidade e o mesmo património histórico.

Compete-nos a todos, com bom senso, não permitir que se abra um grave precedente que pretende apagar "a memória do passado", como afirmou recentemente o General Ramalho Eanes, e que terá implicações imprevisíveis no futuro, fragilizando elementos fundamentais de uma Nação como a sua História e a sua Identidade.

 

Gestor e Mestre em Ciência Política