Sexo em pandemia. Dicas para manter vida sexual ativa: da masturbação aos jogos virtuais à distância

Sexo em pandemia. Dicas para manter vida sexual ativa: da masturbação aos jogos virtuais à distância


Encontros virtuais ou até escrever uma carta de amor podem ajudar a saciar o desejo sexual. Saiba que recomendações foram dadas pelo mundo fora em tempos de covid-19.


Com a covid-19 a grassar em praticamente todo o mundo desde inícios do ano passado, ter relações sexuais numa altura em que é pedido distanciamento físico tornou-se quase uma impossibilidade, principalmente para quem não tem cara-metade. Não há noite, festas, convívios. Os bares e discotecas estão fechados a cadeado, por isso há quem esteja a atravessar um jejum sexual há meses. Os benefícios das relações sexuais são evidentes: libertam endorfinas e ocitocina na corrente sanguínea, gerando bem-estar. Por isso, já que o toque em tempos de pandemia não é aconselhado, há que apelar à imaginação para ter prazer de outras formas: criar encontros virtuais, partilhar músicas ou até escrever uma carta de amor. Por que não?

Estas são algumas ideias dadas recentemente pela Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), mas há mais:_jogos sexuais à distância ou então experiências como o sexting – mensagens de cariz sexual – podem funcionar como alternativa. Além disso, sozinho ou em casal, ler livros ou ver documentários sobre sexualidade podem ajudar a descobrir novas formas de obter prazer. E, no caso de ter acompanhante, conversar abertamente sobre sexo pode ajudar a saciar o desejo sexual, bem como criar um espaço para usufruir da companhia do outro se tiver filhos, deitando-os sempre num horário específico. Mas caso esteja sozinho, é importante não entrar em pânico e aceitar que a covid-19 tem repercussões na vida sexual.

 

Usar máscara e nada de beijos

Se, em Portugal, as dicas sobre como ultrapassar o desejo sexual em tempos de pandemia são bem-vindas, no estrangeiro há indicações para casais que têm feito correr muita tinta. No Canadá, por exemplo, foi recomendado pelo Departamento de Saúde Pública que os casais que vivem na mesma casa evitem beijar-se e usem máscara durante as relações sexuais para evitar o contágio. Já aqueles que não coabitam devem não apenas “deixar de beijar-se” como “evitar contacto face a face ou proximidade, e ponderar usar uma máscara que cubra o nariz e a boca”.

No estado norte-americano de Massachusetts, a recomendação é idêntica: quem tiver relações sexuais com pessoas além daquelas com quem está em confinamento deve cumprir uma “longa lista de cuidados que envolvem usar máscara durante o ato sexual”. A minimização do número de parceiros sexuais é aconselhada, tal como evitar beijos e comportamentos sexuais com risco de transmissão fecal-oral ou que envolva sémen ou urina. Usar máscara, tomar banho antes e depois da relação sexual e limpar o espaço físico com sabão ou toalhitas com álcool são outras das recomendações.

No país vizinho, as autoridades de saúde da Catalunha aconselham que as relações com pessoas que não partilhem o mesmo teto sejam reduzidas ao mínimo, com o risco de contágio a ser muito maior se houver mudanças de parceiro sexual. No entanto, dizem não haver “provas de que a doença se transmita através do sexo vaginal ou anal”, por isso recomendam apenas que o sexo tenha lugar “em espaços grandes, abertos e bem ventilados”.

Quase nos antípodas, as autoridades de saúde australianas criaram polémica com uma recomendação que até foi alvo de piadas na internet: os especialistas aconselharam que “se mantenha uma distância de pelo menos 1,5 metros durante as relações sexuais”. A sugestão está a ser ridicularizada, com vários internautas a questionar “como é que é possível fazer sexo com alguém a essa distância”.

 

Masturbação e sexo online

“A atividade sexual de menor risco durante a pandemia envolve você mesmo, sozinho”, esclareceu a diretora do Departamento de Saúde Pública do Canadá, Theresa Tam, sublinhando que, desta forma, é possível saciar o desejo sexual sem estar em contacto com outras pessoas. Vários médicos norte-americanos também indicaram que a masturbação é a melhor forma de satisfação nesta altura de pandemia, sendo a abstinência sexual – prática voluntária ou involuntária de abster-se de alguns ou todos os aspetos da atividade sexual – outra das soluções a ter em conta.

No estado do Massachusetts, a atividade sexual através de plataformas digitais, tais como o telemóvel ou videochamada, é também recomendada. De acordo com os médicos locais, as atividades sexuais através de vias digitais equilibram as necessidades humanas de intimidade com a segurança pessoal. “Os pacientes podem ser aconselhados a envolver-se em atividades sexuais com parceiros através dos serviços de chat por telefone ou vídeo”, aconselharam os médicos._Além disso, reforçaram a importância de, a seguir ao ato sexual, lavar bem as mãos, bem como os teclados do computador ou telefones e brinquedos sexuais, cujas vendas em países como a Colômbia ou a Dinamarca cresceram exponencialmente.

 

O sexo depois de ter covid-19

Na Tailândia, o alerta, logo no início da pandemia, de que a covid-19 pudesse ser sexualmente transmissível – depois de terem sido identificados resquícios do vírus nos espermatozoides de homens infetados – fez com que um médico e investigador do departamento de controlo de doenças tailandês recomendasse a pacientes que ultrapassaram a doença não terem relações sexuais durante pelo menos um mês.

“Devem usar preservativo quando começam a ser novamente sexualmente ativas mesmo após terem passado 30 dias”, defendeu.

 

Jovens norte-americanos têm cada vez menos sexo

De acordo com dados divulgados no ano passado, em pleno pico da pandemia, a atividade sexual entre os jovens norte-americanos tem vindo a baixar significativamente há 21 anos, com muitos deles a substituir as relações sexuais pelos jogos de computador ou as redes sociais. Segundo um relatório feito pela revista americana Jama Network Open, entre 2000 e 2018 quase um em cada três jovens norte-americanos, com idades entre 18 e 24 anos, não relatou atividade sexual no ano anterior.

Esta tem vindo a ser uma das maiores preocupações dos médicos, que relatam que a covid-19 só veio piorar estes números. Por isso, dizem que as consequências da pandemia têm de ser devidamente analisadas por profissionais de saúde, uma vez que jovens desempregados ou profissionalmente pouco ativos têm maior probabilidade de serem sexualmente inativos, o que, em tempos de pandemia, se agrava devido ao confinamento.