Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas, diz ao i que “não é solução” os idosos saírem dos lares para irem votar no próximo dia 24 para as eleições presidenciais. A questão colocava-se porque foi criada uma solução para alargar o voto antecipado em confinamento para quem está em lares, mas só se inscreveram cerca de 4 mil pessoas. As dificuldades para se inscreverem na plataforma e os registos desconcertados entre a Segurança Social e os serviços do Ministério da Administração Interna obrigaram várias instituições a não conseguirem inscrever a tempo os idosos a seu cargo.
Manuel Lemos estima que cerca de 25 mil idosos possam ter ficado de fora. Só ficaram nos registos cerca de 4 mil. “Eles tinham direito a votar. muitos deles foram atores do 25 de Abril. E têm um sentido cívico elevadíssimo”, atirou Manuel Lemos.
Agora, se alguém quiser votar no dia 24 de janeiro e estiver num lar, só indo ao local de voto. Mas Manuel Lemos alerta: “Ninguém vai sair do lar. Então acha que perante esta catástrofe que estamos a viver, as pessoas podem correr o risco de sair do lar e não voltar para internamento? Ninguém corre esse risco. Toda a gente gostava de utilizar a sua cidadania e o seu direito de ir votar, mas ninguém consegue votar porque o risco é astronómico. Nós estamos todos confinados e vamos todos desconfinar os idosos dos lares para ir votar? Isso não é solução. É uma impossibilidade absoluta ou então é uma tontice absoluta”, defende. Manuel Lemos reforça que “estamos a viver um momento superdramático”. Quanto aos problemas, o responsável acredita que houve falta de organização, apesar da “simpatia” do secretário de Estado Adjunto da Administração Interna. E espera que nas autárquicas de outubro se aprenda com os erros.