António Costa confirma que plano da TAP não vai passar pelo Parlamento

António Costa confirma que plano da TAP não vai passar pelo Parlamento


“Creio que quem anunciou, ou teve uma má fonte, ou se precipitou naquilo que era a perspetiva da atuação do Governo”, disse o primeiro-ministro à entrada para o conselho europeu, em Bruxelas. Governo apresenta plano esta quinta-feira à Comissão Europeia.


O plano de reestruturação da TAP não vai, afinal, ser debatido e votado na Assembleia da República. Esta possibilidade havia sido aventada nos últimos dias, mas António Costa confirmou esta quinta-feira que o futuro da companhia aérea vai mesmo ficar nas “mãos” do Executivo. “Não faz parte do sistema constitucional português” que o Parlamento “substitua o Governo nas funções de governação”, disse aos jornalistas o primeiro-ministro, à entrada para o conselho europeu, em Bruxelas.

Recorde-se que esta possibilidade havia sido adiantada, no passado domingo, pelo comentador político Luís Marques Mendes, e foi confirmada, no dia seguinte, por fonte da direção do PSD. “Creio que quem anunciou, ou teve uma má fonte, ou se precipitou naquilo que era a perspetiva da atuação do Governo”, acrescentou António Costa.

O primeiro-ministro afirmou ainda que “quem governa em Portugal é o Governo, e isso significa governar nas áreas boas e nas áreas más, significa governar quando se tomam medidas populares e governar quando se tomam medidas impopulares”. “Faz parte da ação governativa e não vale a pena o Governo ter a ilusão que pode transferir para outro órgão de soberania aquilo que só a ele lhe compete fazer. Seria, aliás, um erro que assim fosse”, concluiu.

O presidente do PSD, Rui Rio, também já tinha reagido com uma nota de repúdio perante a possibilidade do dossiê TAP ser enviado ao Parlamento. “Levar o plano da TAP ao Parlamento para votação não é só uma clara fuga do Governo às suas responsabilidades. É abrir um precedente muito grave. Por esse caminho, poderemos ter qualquer matéria governamental a ser votada em plenário, com todas as consequências daí decorrentes”, escreveu o líder do principal partido da oposição, em mensagem publicada na rede social Twitter.

Plano apresentado em Bruxelas. Entretanto, o Governo apresenta esta quinta-feira à Comissão Europeia o plano de reestruturação da TAP, uma exigência de Bruxelas para autorizar o empréstimo do Estado de até 1,2 mil milhões de euros à companhia aérea para fazer face à crise na sequência da pandemia.

O plano – aprovado em Conselho de Ministros extraordinário, que decorreu na noite de terça-feira – deverá ser hoje apresentado publicamente. Neste momento, sabe-se apenas que o pacote de medidas – concebido com o contributo da consultora Boston Consulting Group e do Deutsche Bank – deverá incluir dois mil despedimentos, de 500 pilotos (dos atuais 1468), 750 tripulantes de cabina efetivos e outros 750 funcionários do pessoal de terra.

A reestruturação inclui ainda um corte transversal de 25% dos salários daqueles que permanecem na empresa e a redução da frota da companhia. A TAP deverá ficar com 88 aviões, contra os 101 que possuía no final do terceiro trimestre. Por confirmar, fica ainda a necessidade de novos financiamentos públicos, até um valor na ordem dos 1,8 mil milhões de euros até 2024, valor que ultrapassa largamente o investimento previsto inicialmente pelo Governo (que já inscreveu no Orçamento do Estado para 2021 500 milhões de euros em garantias, para que a empresa possa financiar-se no mercado).