A comida do pessoal


Mas a comida do pessoal de uma casa onde as pessoas têm gosto pela cozinha e sabem o que fazem respira uma magia diferente. Normalmente é comida de tacho, daquela caseira, como quando comíamos em casa da mãe ou da avó. É de uma variedade que uma carta para o público não pode suportar (por…


É hábito dizer-se que se queremos conhecer uma pessoa, temos de conhecer a casa dela. A nossa casa é, regra geral, o espelho do que somos enquanto pessoas. Na arrumação, demonstrativa da organização que nos define, mas em muitos outros pormenores que, se vistos com atenção, caracterizam os nossos gostos, as nossas crenças (ou falta delas) e a nossa forma de estar na vida. Porque as pessoas, mesmo que inconscientemente, são muito padronizadas e revelam-se bem nas suas escolhas literárias ou cinematográficas. Nos gadgets que as complementam e nas zonas da cidade onde escolhem morar. Mas também na cozinha, através dos diferentes elementos que fazem questão que não faltem ou dos ingredientes que enchem os armários e a dispensa. Ou até mesmo a falta deles e o frigorífico vazio, que não é normalmente de quem pouco tem, mas sim de quem raramente lá para.

Na restauração, com as devidas diferenças, o caso assemelha-se. Se queremos ficar a saber verdadeiramente o que se passa num restaurante, que tipo de ambiente existe entre os funcionários e de que forma os proprietários se preocupam com os seus clientes, nada como provar a comida do pessoal. Por várias razões. A começar pela mais óbvia, de que quem se preocupa com o bem-estar e a satisfação dos seus colaboradores, quem faz questão que eles sejam bem servidos e bem tratados mais facilmente estará preparado para melhor servir e tratar os seus clientes, até por ter a equipa do seu lado. Essa será sempre uma das primeiras premissas de liderança num espaço destes. Exigir para si próprio e para os clientes o mesmo respeito que exige dos seus funcionários para com quem estão a servir ou a atender.

Mas a comida do pessoal de uma casa onde as pessoas têm gosto pela cozinha e sabem o que fazem respira uma magia diferente. Normalmente é comida de tacho, daquela caseira, como quando comíamos em casa da mãe ou da avó. É de uma variedade que uma carta para o público não pode suportar (por uma questão de caracterização e de fidelização) e traz sempre ao de cima alguns segredos e prazeres de quem a faz. A hora de comer não é, para muita gente, uma simples obrigação, é um prazer. Quando a cozinheira ou o cozinheiro são bons e têm liberdade para surpreender, até o patrão normalmente se “encosta” a esses pratos em vez de estar sempre a comer do mesmo. Isso faz parte também da gestão de recursos humanos e de manter os empregados motivados, para eles perceberem que quem lhes pede produtividade promove-lhes qualidade. Como diz um amigo, para eles se manterem ao nosso lado quando só há ossos para roer têm de ter a oportunidade de nos acompanhar também quando a carne é abundante. Assim se escolhe com quem se vai para a “guerra”.

Na realidade, a própria limpeza da cozinha, a forma como se tratam e conservam os alimentos e os produtos que se usam para cozinhar dizem muito do que comemos. Dizem, aliás, tudo. E dizem também do patrão. Não basta ter uma sala bonita, umas mesas arranjadas e uns talheres a rebrilhar se, depois, tudo o resto falhar. A comida do pessoal é, no fundo, o reflexo da própria vida. De como nos comportamos com as pessoas, pela frente e por trás. Do caráter, dos princípios e dos valores. Se somos só fachada ou se somos genuínos. Da nossa postura em relação a quem trabalha diretamente connosco. Como os defendemos e lhes sabemos exigir dando condições para isso. Uma equipa de trabalho é como uma família e, no caso da comunicação interna, a comida do pessoal é um excelente cartão-de-visita. Muitas vezes, as pessoas não percebem as razões do sucesso de uns e do insucesso de outros. Elas começam na forma como tratamos os nossos.

A comida do pessoal


Mas a comida do pessoal de uma casa onde as pessoas têm gosto pela cozinha e sabem o que fazem respira uma magia diferente. Normalmente é comida de tacho, daquela caseira, como quando comíamos em casa da mãe ou da avó. É de uma variedade que uma carta para o público não pode suportar (por…


É hábito dizer-se que se queremos conhecer uma pessoa, temos de conhecer a casa dela. A nossa casa é, regra geral, o espelho do que somos enquanto pessoas. Na arrumação, demonstrativa da organização que nos define, mas em muitos outros pormenores que, se vistos com atenção, caracterizam os nossos gostos, as nossas crenças (ou falta delas) e a nossa forma de estar na vida. Porque as pessoas, mesmo que inconscientemente, são muito padronizadas e revelam-se bem nas suas escolhas literárias ou cinematográficas. Nos gadgets que as complementam e nas zonas da cidade onde escolhem morar. Mas também na cozinha, através dos diferentes elementos que fazem questão que não faltem ou dos ingredientes que enchem os armários e a dispensa. Ou até mesmo a falta deles e o frigorífico vazio, que não é normalmente de quem pouco tem, mas sim de quem raramente lá para.

Na restauração, com as devidas diferenças, o caso assemelha-se. Se queremos ficar a saber verdadeiramente o que se passa num restaurante, que tipo de ambiente existe entre os funcionários e de que forma os proprietários se preocupam com os seus clientes, nada como provar a comida do pessoal. Por várias razões. A começar pela mais óbvia, de que quem se preocupa com o bem-estar e a satisfação dos seus colaboradores, quem faz questão que eles sejam bem servidos e bem tratados mais facilmente estará preparado para melhor servir e tratar os seus clientes, até por ter a equipa do seu lado. Essa será sempre uma das primeiras premissas de liderança num espaço destes. Exigir para si próprio e para os clientes o mesmo respeito que exige dos seus funcionários para com quem estão a servir ou a atender.

Mas a comida do pessoal de uma casa onde as pessoas têm gosto pela cozinha e sabem o que fazem respira uma magia diferente. Normalmente é comida de tacho, daquela caseira, como quando comíamos em casa da mãe ou da avó. É de uma variedade que uma carta para o público não pode suportar (por uma questão de caracterização e de fidelização) e traz sempre ao de cima alguns segredos e prazeres de quem a faz. A hora de comer não é, para muita gente, uma simples obrigação, é um prazer. Quando a cozinheira ou o cozinheiro são bons e têm liberdade para surpreender, até o patrão normalmente se “encosta” a esses pratos em vez de estar sempre a comer do mesmo. Isso faz parte também da gestão de recursos humanos e de manter os empregados motivados, para eles perceberem que quem lhes pede produtividade promove-lhes qualidade. Como diz um amigo, para eles se manterem ao nosso lado quando só há ossos para roer têm de ter a oportunidade de nos acompanhar também quando a carne é abundante. Assim se escolhe com quem se vai para a “guerra”.

Na realidade, a própria limpeza da cozinha, a forma como se tratam e conservam os alimentos e os produtos que se usam para cozinhar dizem muito do que comemos. Dizem, aliás, tudo. E dizem também do patrão. Não basta ter uma sala bonita, umas mesas arranjadas e uns talheres a rebrilhar se, depois, tudo o resto falhar. A comida do pessoal é, no fundo, o reflexo da própria vida. De como nos comportamos com as pessoas, pela frente e por trás. Do caráter, dos princípios e dos valores. Se somos só fachada ou se somos genuínos. Da nossa postura em relação a quem trabalha diretamente connosco. Como os defendemos e lhes sabemos exigir dando condições para isso. Uma equipa de trabalho é como uma família e, no caso da comunicação interna, a comida do pessoal é um excelente cartão-de-visita. Muitas vezes, as pessoas não percebem as razões do sucesso de uns e do insucesso de outros. Elas começam na forma como tratamos os nossos.