O julgamento de Rui Pinto foi suspenso, nesta quarta-feira, depois de uma das juízas ter estado em contacto com um familiar que testou positivo para a covid-19. Segundo a RTP, trata-se da mãe de uma das juízas do coletivo.
A 27.ª sessão do julgamento do Football Leaks, que decorria no Campus de Justiça de Lisboa, ainda arrancou por volta das 10h45. No entanto, foi interrompida cerca de 15 minutos depois, com o coletivo de juízes a ausentar-se da sala. Mais tarde, a presidente do coletivo, a magistrada Margarida Alves, regressou à sala para comunicar que um dos juízes tinha acabado de receber a informação de que um familiar estava infetado, anunciando assim a suspensão do julgamento durante, pelo menos, 14 dias.
“Vamos interromper o julgamento para os próximos 14 dias. Não sei quando poderemos retomar, serão depois notificados”, declarou a presidente do coletivo de juízes. Na altura, estava a depor o advogado Pedro Henriques – representante da Doyen Sports Investment, empresa detida por Nélio Lucas, grupo privado que atua em áreas como as do entretenimento ou do desporto e que foi investigada por fraude -, que respondia às perguntas da Procuradora da República.
Na sessão de terça-feira, o empresário Nélio Lucas confirmou que a Doyen pagou 700 mil euros à empresa de Alexandre Pinto da Costa, Energy Soccer, pela transferência do médio Casemiro, não tendo conseguido explicar os contornos do empréstimo ao FC Porto. É de lembrar que, de acordo com contratos revelados pelo jornal Record, em março de 2016, o clube portista recebeu, por parte do Real Madrid, 7,5 milhões de euros pelo regresso do médio Casemiro ao clube espanhol. Desse montante, distribuiu cerca de 1,26 milhões em comissões à Doyen. Esta, posteriormente, entregou 700 mil euros à Energy Soccer.
Recorde-se que Rui Pinto, o principal arguido do processo, responde por 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência e seis de acesso ilegítimo contra personalidades conectadas ao Sporting, à Doyen, à sociedade de advogados PLMJ, à Federação Portuguesa de Futebol, à Ordem dos Advogados e à Procuradoria-Geral da República. O hacker esteve em prisão preventiva desde 22 de março de 2019 e foi colocado em prisão domiciliária a 8 de abril deste ano. O criador do Football Leaks, de 32 anos, está em liberdade desde 7 de agosto, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu “sentido crítico”. Por quest ões de segurança, está inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.