Não se compreendendo, percebe-se esta ânsia de criar factos. Desde logo, porque, para muitos, a desestabilização interna do PS é vista como o único meio de combater um Partido Socialista que governa o país e a maioria das autarquias e que continua, de acordo com as sondagens que vão sendo publicadas, a ter a aceitação da maioria dos portugueses.
Dito isto, querer misturar o eventual apoio do PS ou de parte dos seus militantes e dirigentes à candidatura a Presidente da República de Ana Gomes com apoios a uma hipotética candidatura a Secretário-Geral do PS pós-António Costa, não só é ridículo como tenta reduzir uma candidatura ao cargo de mais alto magistrado da nação a uma disputa partidária interna.
Bastaria um pouco de atenção ao passado recente, relativamente ao posicionamento do PS perante eleições Presidenciais, para perceber que o exercício da liberdade de pensamento e ação é algo que os militantes do Partido Socialista prezam, não se deixando condicionar por quaisquer pré-alinhamentos eleitorais internos. O que se demonstrará.
Em 2006 o Partido Socialista deliberou apoiar formalmente a candidatura de Mário Soares à Presidência da República, no entanto, não só Manuel Alegre se candidatou, como teve o apoio de muitos militantes e dirigentes concelhios e distritais do PS. Que se saiba essa candidatura não foi resultado da sua candidatura a SG do PS em 2004, nem tampouco teve os mesmos apoiantes.
Em 2011 o PS apoiou formalmente a recandidatura de Manuel Alegre. Defensor Moura, que tinha sido Presidente de Câmara de Viana do Castelo e à data era deputado eleito pelo PS, também se candidatou, tendo recebido apoios e votos de militantes do PS.
Em 2016, após a decisão de não apoio a qualquer dos candidatos por parte dos órgãos do Partido, apesar da candidata Maria de Belém ter sido Presidente do Partido até 2014, não representou que a maioria dos militantes e dirigentes do PS durante a liderança de António José Seguro tenham sido seus apoiantes ou que tenha resultado daí qualquer grupo informal de um putativo candidato à liderança do PS.
Em suma, querer achar que se o PS decidir a 24 de outubro não apoiar formalmente qualquer candidato a Presidente, significar que um qualquer dirigente ou militante do PS ao apoiar Ana Gomes apenas o faz porque apoia uma qualquer candidatura interna futura no PS é apenas absurdo.
As eleições Presidenciais servem para escolher o Presidente da República e não um futuro Secretário-Geral do PS, no PS ninguém confunde isso.