Existo enquanto pensar


A vida virtual também é real e, por isso, é um espelho daquilo que somos. Talvez por isso haja tanto medo em torno das verdades que os nossos computadores contam e a que qualquer pirata pode aceder.


A comunicação é a chave da sobrevivência. 
As células comunicam, os órgãos comunicam e a própria natureza é um complexo sistema comunicante. 
Na história da humanidade, a comunicação tem funcionado como catalisador do pensamento racional e esta particularidade favoreceu o pensamento crítico, capaz de julgar, relacionar e decidir em consciência e liberdade. 
Vivemos na era global, em que a informação se difunde a alta velocidade, ligando todos os pontos do globo em poucos segundos. Se, por um lado, podemos afirmar que evoluímos, retirando das novas tecnologias o melhor partido, também é verdade que aos poucos criámos uma dependência, quiçá doentia, em torno desta mesma conexão que, fazendo-nos sentir tão acompanhados, nos deixa tão sós.
“O homem age e o animal reage”. Esta máxima é uma verdade quando nos referimos ao estado normal da consciência humana. Porém, quanto mais dependemos das tecnologias, mais parecemos não ser capazes de pensar sobre o que nos rodeia, tomando por vezes decisões irracionais até na luta pela sobrevivência, conscientes de que a humanidade tende a viver em comunidade e, por conseguinte, só é capaz de vingar através de sistemas interligados que potenciam todas as ideias e vontades em torno da construção de um mundo melhor, mais justo, pacífico e tolerante. 
Somos parte ativa e responsável na transformação histórica desde que a internet surgiu para ligar pessoas umas às outras. A internet é, sem dúvida alguma, a maior reserva de informação que alguma vez existiu e uma via para infinitas possibilidades de conteúdos. De certa forma, é um psicoativo que gera sensações de novidade, imprevisibilidade e euforia. Comunica-se e consome-se instantaneamente e também se presta à evasão do quotidiano, das gentes e dos lugares envoltos numa névoa de sentimentos penosos. Apesar de tudo, parece ser um espaço democrático: todos acedem em condições de igualdade, em certa medida. Neste mundo paralelo, todos temos espaço para dizer algo, mesmo disfarçados por nomes virtuais, acreditando estar a influenciar o real. O prazer que a internet e suas redes oferece pode levar ao seu maior perigo: o uso abusivo e viciante. Todas as tecnologias da comunicação acrescentaram muito a várias dimensões da vida, mas inteligência, respeito, autonomia e moderação são precisos para fazer escolhas. 
É importante não esquecermos que é nossa, e não da máquina, a responsabilidade de qualquer decisão que tomemos.
Entrando na realidade virtual podemos ter mil caras, mil opiniões e certezas sobre tudo. Saibamos ou não, opinamos, julgamos, defendemos, manipulamos…. É este outro dos grandes riscos – arruinar a capacidade de ser. 
A possibilidade da comunicação à distância é uma norma geral e, na atualidade, uma das razões pelas quais a pandemia de covid-19 não apagou o mundo. Pela internet se mantiveram as responsabilidades profissionais, o acesso à cultura, ao lazer e ao consumo, diálogos e monólogos, encontros e desencontros. 
Que nunca nos esqueçamos de que a vida virtual também é real e, por isso, é um espelho daquilo que somos. Talvez por isso haja tanto medo em torno das verdades que os nossos computadores contam e a que qualquer pirata pode aceder.

Professor e investigador

Existo enquanto pensar


A vida virtual também é real e, por isso, é um espelho daquilo que somos. Talvez por isso haja tanto medo em torno das verdades que os nossos computadores contam e a que qualquer pirata pode aceder.


A comunicação é a chave da sobrevivência. 
As células comunicam, os órgãos comunicam e a própria natureza é um complexo sistema comunicante. 
Na história da humanidade, a comunicação tem funcionado como catalisador do pensamento racional e esta particularidade favoreceu o pensamento crítico, capaz de julgar, relacionar e decidir em consciência e liberdade. 
Vivemos na era global, em que a informação se difunde a alta velocidade, ligando todos os pontos do globo em poucos segundos. Se, por um lado, podemos afirmar que evoluímos, retirando das novas tecnologias o melhor partido, também é verdade que aos poucos criámos uma dependência, quiçá doentia, em torno desta mesma conexão que, fazendo-nos sentir tão acompanhados, nos deixa tão sós.
“O homem age e o animal reage”. Esta máxima é uma verdade quando nos referimos ao estado normal da consciência humana. Porém, quanto mais dependemos das tecnologias, mais parecemos não ser capazes de pensar sobre o que nos rodeia, tomando por vezes decisões irracionais até na luta pela sobrevivência, conscientes de que a humanidade tende a viver em comunidade e, por conseguinte, só é capaz de vingar através de sistemas interligados que potenciam todas as ideias e vontades em torno da construção de um mundo melhor, mais justo, pacífico e tolerante. 
Somos parte ativa e responsável na transformação histórica desde que a internet surgiu para ligar pessoas umas às outras. A internet é, sem dúvida alguma, a maior reserva de informação que alguma vez existiu e uma via para infinitas possibilidades de conteúdos. De certa forma, é um psicoativo que gera sensações de novidade, imprevisibilidade e euforia. Comunica-se e consome-se instantaneamente e também se presta à evasão do quotidiano, das gentes e dos lugares envoltos numa névoa de sentimentos penosos. Apesar de tudo, parece ser um espaço democrático: todos acedem em condições de igualdade, em certa medida. Neste mundo paralelo, todos temos espaço para dizer algo, mesmo disfarçados por nomes virtuais, acreditando estar a influenciar o real. O prazer que a internet e suas redes oferece pode levar ao seu maior perigo: o uso abusivo e viciante. Todas as tecnologias da comunicação acrescentaram muito a várias dimensões da vida, mas inteligência, respeito, autonomia e moderação são precisos para fazer escolhas. 
É importante não esquecermos que é nossa, e não da máquina, a responsabilidade de qualquer decisão que tomemos.
Entrando na realidade virtual podemos ter mil caras, mil opiniões e certezas sobre tudo. Saibamos ou não, opinamos, julgamos, defendemos, manipulamos…. É este outro dos grandes riscos – arruinar a capacidade de ser. 
A possibilidade da comunicação à distância é uma norma geral e, na atualidade, uma das razões pelas quais a pandemia de covid-19 não apagou o mundo. Pela internet se mantiveram as responsabilidades profissionais, o acesso à cultura, ao lazer e ao consumo, diálogos e monólogos, encontros e desencontros. 
Que nunca nos esqueçamos de que a vida virtual também é real e, por isso, é um espelho daquilo que somos. Talvez por isso haja tanto medo em torno das verdades que os nossos computadores contam e a que qualquer pirata pode aceder.

Professor e investigador