Siderurgia europeia não escapa ao impacto da pandemia

Siderurgia europeia não escapa ao impacto da pandemia


Cortes na produção, redução da carga horária e trabalhadores em layoff: é este o cenário do setor. Portugal não fica alheio à tendência.


O setor siderúrgico não está imune ao impacto da pandemia provocada pela covid-19. E os dados não são animadores. De acordo com a Associação Europeia da Indústria Siderúrgica (Eurofer), 43% da força de trabalho está a ser afetada por layoff temporário, redução do horário de trabalho e demissões. No norte da Europa, 39% dos trabalhadores da indústria siderúrgica estão em layoff ou a trabalhar a meio tempo; já no sul da Europa, a percentagem de trabalhadores nessas condições é de 28%.

Desde março, uma parte considerável de empresas reduziram a produção, em média em 25%. Feitas as contas, a indústria siderúrgica do norte está a produzir menos 26%, e a do sul menos 24%. No entanto, o cenário já começou a mudar, face às medidas de desconfinamento e à reabertura de algumas fronteiras. As empresas do setor assinalam uma evolução positiva entre o final de junho e os primeiros dias de julho, com quase 40% a admitirem melhorias ao nível do emprego, produção e até mesmo de encomendas, enquanto 29% apontam para um impacto misto nos vários indicadores.

A verdade é que 2020 não está a ser um ano fácil para os produtores de aço. Exemplo disso são a ArcelorMittal (a maior produtora do mundo), a Thyssenkrupp e a Salzgitter, que anunciaram reduções na capacidade produtiva em resposta à menor procura dos setores consumidores desta matéria-prima, provocando assim uma queda livre nos preços das suas ações nas bolsas de valores. Também o indicador de confiança da construção DG ECFIN desceu 84% em março face a igual período do ano passado. Já o IHS Markit Eurozone Manufacturing PMI, uma espécie de barómetro da saúde da economia industrial europeia, caiu para 44,8% em março, o nível mais baixo desde 2009, com Itália, França e Espanha a surgirem como os países mais afetados.

 

Outros riscos

A par da pandemia, o setor siderúrgico enfrenta outros riscos que não são novos. Apesar de terem sido tomadas, no ano passado, algumas medidas de salvaguarda por parte da União Europeia – no total, 25 –, elas não foram suficientes para provocar perturbações no mercado. A explicação é simples: a fraca procura por aço, o aumento do protecionismo em todo o mundo (levando ao desvio do comércio) e o agravamento das sobrecapacidades foram responsáveis por mais de 15 mil despedimentos só no ano passado.

 

Exemplo nacional

Em Portugal, a referência do setor e a maior investidora é a SN/Megasa. E essa aposta é feita não só na área produtiva como na ambiental e social.

As duas fábricas geram emprego e são responsáveis pelas maiores operações de reciclagem em Portugal, contribuindo para o sucesso da economia circular. O atual cenário de possíveis dificuldades, ameaças e constrangimentos de várias ordens pode comprometer a atividade, a exemplo do que se passa no resto da Europa.