O caso do lar da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro é um dos mais dramáticos conhecidos até ao momento: nos últimos dias, morreram 15 utentes na instituição infetados com covid-19 e há 77 pessoas infetadas. O presidente da Câmara Municipal de Aveiro revelou que os casos foram despistados na semana passada, quando os 105 idosos e os funcionários do lar foram sujeitos a testes que já tinham sido pedidos “pelo menos duas semanas”, revelou o Público.
Nas últimas semanas têm vindo a público vários surtos em lares com vítimas mortais, mas não é conhecido um balanço sobre o impacto da epidemia no setor ou se existe um levantamento do impacto que a epidemia está a ter junto dos utentes destas instituições.
Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), admite que não conhece números globais e o que o setor é bastante heterogéneo entre setor social e privado mas a sua perceção é que, existindo instituições a passar por momentos delicados, não é um problema generalizado no país. “Haver um caso já é mau, mas só lares de IPSS são 843 e neste momento tenho conhecimento de problemas em quatro ou cinco lares. Não é uma percentagem muito elevada, a questão está controlada, digamos assim. Mas nos outros não sei como está a situação”. Lino Maia diz, contudo, que as principais dificuldades continuam a ser o acesso a testes e equipamentos de proteção individual e o apoio do Estado tem tardado. “Os testes começaram pelo sul mas era preciso mais. Os testes são o grande desafio”.
O Ministério do Trabalho e Segurança Social avançou com um projeto para a realização de 10 mil testes em lares, considerados insuficientes no setor. Esta terça-feira, o secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales, garantiu que seriam enviados 2000 testes para Aveiro.
O Governo e a DGS têm vindo a fazer vários apelos para que os lares adotem medidas preventivas, separando os utentes por alas com equipas dedicadas para mitigar o contágio caso algum dos idosos adoeça. No fim de semana a ministra da Saúde apelou também para que as instituições acolham os utentes diagnosticados com covid-19 mas que não precisam de ficar internados nos hospitais.