Partidos solidários com medidas  “pouco simpáticas”

Partidos solidários com medidas “pouco simpáticas”


Sociais-democratas a postos para apoiar iniciativas “menos simpáticas”. Esquerda garante apoio e CDS pede soluções “drásticas”.


O primeiro-ministro chamou, ontem, os partidos com assento parlamentar, para lhes comunicar o plano de medidas restritivas (ver páginas 4 e 5) que o Governo vai implementar. Da esquerda à direita, ninguém atacou a estratégia do executico. A ordem é essa: a pandemia do Covid-19 obriga a que se coloque o interesse nacional à frente. 

António Costa ouviu Rui Rio pedir mais medidas “pouco simpáticas”, se necessário, o Bloco de Esquerda a defender a requisição a privados, e o PCP, por exemplo, a assegurar que apoiará as medidas necessárias para que o país “saia desta curva apertada”, conforme explicou o líder do PCP, Jerónimo de Sousa. Que não saiu “descansado” porque a situação é difícil.

O primeiro a ser recebido foi o PSD. Rui Rio avisou que as medidas do Governo têm a “concordância” dos sociais-democratas. Contudo, o PSD estará disponível para apoiar ou até incentivar medidas mais restritivas. No limite, o Estado de Emergência, ainda que Rio não o tenha referido. Mais tarde, no final de um encontro com a CGTP, o líder da oposição, segundo a Lusa, afiançou que tal cenário só se avaliará se “vier a ser necessário”.

Seguiu-se o Bloco de Esquerda, representado por Catarina Martins. O BE está “solidário” com as medidas que o Governo toma, dará sugestões, mas “todas as medidas devem ser bem explicadas e bem preparadas”. E deixou uma proposta: “Sendo necessário, não se deve pôr de parte a necessidade de requisição de meios, equipamentos e instalações ao setor privado”, declarou Catarina Martins.

Já o CDS considera que o tempo é de tomar medidas drásticas para” não nos lamentarmos da falta de coragem política para tomar decisões imperiosas”. A frase foi de Francisco Rodrigues dos Santos, presidente do partido, que aludiu também a uma solução “imediata” de encerramento das escolas, com um familiar a ter direito uma baixa a 100% para ficar com as crianças. Pediu ainda o cancelamento de voos para países de risco.

Cristas em Quarentena A ex-líder do CDS (e vereadora na Câmara de Lisboa) está de quarentena por precaução. Ao tomar conhecimento de que um amigo, com quem tinha jantado no fim de semana, estava infetado, Assunção Cristas abandonou a reunião na Câmara onde se encontrava. No Facebook explicou o seu caso pessoal, “sem alarmismos”, assegurando não ter, até ao momento, “quaisquer sintomas”.

Tanto os partidos como o Parlamento afinam os seus planos de contingência. Na Assembleia da República há já um deputado do CDS, depois de ter tido contacto com Assunção Cristas (também é vereador na Câmara de Lisboa), e uma funcionária (que esteve de férias em Itália) em quarentena. Todas as visitas ao Palácio de São Bento foram suspensas e todas as conferências, apresentação de obras ou outras iniciativas adiadas. O PS, como já se esperava, adiou as eleições para as lideranças das federações distritais, tal como dos congressos federativos. Esta última decisão já tinha sido anunciada no início desta semana.

Os sociais-democratas também avançaram para a suspensão de todos os atos eleitorais locais, bem como as reuniões – ou assembleias distritais – previstas para este mês. O Conselho de Jurisdição Nacional do PSD decretou, com caráter obrigatório, o adiamento de todos os atos eleitorais e respetivas candidaturas. A medida foi imposta até ao final deste mês e será reavaliada nos últimos dias de março. O Chega, entretanto, optou por adiar um jantar-comício em Castelo Branco amanhã e o conselho nacional do partido, previsto para Amares.