O Governo italiano tomou uma medida drástica no domingo de madrugada e impôs um bloqueio a 14 províncias do norte, e de toda a região da Lombardia, para pôr um travão na propagação do novo coronavírus. No total, são 16 milhões de pessoas afetadas pelas restrições de movimento.
Eram duas da manhã quando o primeiro-ministro de Itália, Guiseppe Conte, deu a conferência de imprensa após um longo dia cheio dúvidas e ansiedade provocado por um rascunho do decreto, divulgado no sábado. “Estamos a enfrentar uma emergência”, sublinhou o primeiro-ministro. “Uma emergência nacional”. Para tomar esta decisão, Conte explicou que reuniu informações e opiniões entre os ministros competentes na matéria e com o presidentes das regiões até às 19h locais (mais uma hora do que em Lisboa), mas que o processo não havia estado finalizado até essa hora.
Apelidando as medidas de “muito rigorosas”, declarou serem necessárias para suavizar a pressão sob os serviços de saúde italianos, congestionados pela pandemia e à beira da rutura. As restrições de movimento – impostas até 3 de abril – não são absolutas, mas o primeiro-ministro disse que Itália enfrenta um momento crítico, sendo o país europeu mais afetado pelo Covid-19. “Absoluta proibição da mobilidade para aqueles que estiveram em quarentena, temos que limitar a infeção pelo vírus e evitar o congestionamento das instalações hospitalares. Com o novo decreto, deixam de haver áreas vermelhas”, afirmou Conte.
As medidas incluem o corte das ligações ferroviárias entre Milão e Roma e a autorização para sair dos lugares afetados será apenas dada em casos de emergência. As escolas vão ser fechadas durante o tempo previsto, eventos públicos serão evitados: eventos culturais e funerais, por exemplo, estão proibidos. O decreto também requer que as pessoas permaneçam a uma distância de um metro em eventos desportivos, igrejas, supermercados e bares.
A Itália reportou mais de 130 novas mortes provocadas pelo coronavírus, um aumento de 50% em relação ao número de vítimas mortais relatados no dia anterior – no total, até ao final desta edição, são 366. Só no sábado, o número de novos infetados pelo Covid-19 em todo o país foi de 1000 – ao todo são quase 7500, o triplo desde quarta-feira. Um deles foi o líder de uma das formações que integram o Governo, o Partido Democrático. Nicola Zingaretti está em casa em quarentena.
Tal como Itália, o Vaticano anunciou o encerramento de das vilas pontifícias e dos seus museus. No domingo, o Papa Francisco transmitiu pela primeira vez em direto a Oração de Domingo, uma cerimónia que costuma agregar milhares de pessoas.