Antigo edifício do DN. Das notícias aos apartamentos de luxo

Antigo edifício do DN. Das notícias aos apartamentos de luxo


Em julho, o primeiro edifício construído de raiz para um jornal vai abrir as portas como condomínio de luxo. Mais de metade dos apartamento já estão vendidos e os valores superam os dois milhões de euros.


Um dia albergou jornalistas e dali saíam histórias e notícias todos os dias. Hoje, o edifício situado no número 266 em plena Avenida da Liberdade, a dois passos da praça do Marquês de Pombal, passou a ser notícia e daqui a poucos meses estará transformado num condomínio seleto. O imóvel classificado pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) como Imóvel de Interesse Público, foi vendido em 2016 pela Global Notícias – Media Group – que detém o Diário de Notícias – à 266 Liberdade, que pertence à promotora imobiliária Avenue.

Um negócio que superou os 20 milhões de euros transformou aquilo que há uns anos eram as salas dos Diário de Notícias, do Jornal de Notícias e do jornal O Jogo em 34 apartamentos de luxo. Segundo os dados disponíveis na página da JLL, consultora imobiliária internacional, os apartamentos vão desde os T0 ao T5, com áreas que variam entre os 47 e os 408 metros quadrados.

No edifício de cinco andares construído pelo arquiteto Porfírio Pardal Monteiro, funcionava no segundo piso a redação do Diário de Notícias e no quarto piso trabalhavam os jornalista do JN e d’O Jogo. Agora já não há secretárias – há salas, cozinhas e quartos por valores que ultrapassam os dois milhões de euros.

Ao Idealista, Aniceto Viegas, diretor-geral da promotora imobiliária Avenue, explicou esta semana que já foram comprados mais de metade dos 34 apartamentos disponíveis – com portugueses e brasileiros entre os compradores. “Neste momento, quase 60% dos apartamentos estão com contrato promessa de compra e venda, ou seja, estão comercializados. E esperamos até ao final do ano comercializar os restantes 40%”.

A conclusão das obras está prevista para os meses de junho e julho deste ano e os promotores do empreendimento garantem que as características do edifício foram preservadas, tendo procedido à recuperação dos soalhos e tetos, “assim como a utilização das pedras-mármore nacionais da zona de Sintra”.

Uma vez que se trata de um imóvel classificado pela DGPC, as únicas intervenções permitidas são de conservação e restauro, não estando assim autorizadas obras de demolição ou alteração da fachada exterior, que contém o famoso letreiro do Diário de Notícias.

Segundo a DGPC, “esta construção singular foi o primeiro edifício moderno da principal avenida de Lisboa e a primeira obra arquitetónica a ser projetada de raiz para um jornal”. Além de ter no seu interior pinturas assinadas por Almada Negreiros, este imóvel foi galardoado em 1940, ano da sua inauguração, com o Prémio Valmor – um prémio que distingue obras que devem ser preservadas dada a sua importância arquitetónica.

Pelas fotografias disponibilizadas pela 266 Liberdade no seu site, o elevador também se mantém e o promotor apresenta sempre a obra como a continuação da vida daquele que foi o edifício icónico do jornalismo. “Um edifício memorável com um passado inesquecível, onde grandes figuras da literatura, política e arte, marcaram um momento na história nacional. Haverá lugar mais perfeito para começar uma nova história?”, lê-se na apresentação do projeto.

O i pediu os projetos apresentados e aprovados pela DGPC mas até à hora de fecho desta edição não foi possível obter resposta.