Os portugueses repatriados de Wuhan, que deverão chegar a Lisboa em breve serão avaliados no desembarque e o i apurou junto de fonte do Governo que poderão mesmo vir a ser testados para o novo vírus antes de regressarem às suas casas. Caso os protocolos justifiquem a despistagem – que foi, por exemplo, feita no Japão e detetou o vírus em dois repatriados que não tinham sintomas –, o teste disponível no Instituto Ricardo Jorge permitirá resultados em cinco a seis horas.
Ainda não é claro qual o plano previsto para receber os 17 portugueses que pediram para deixar o epicentro da epidemia na China, ao mesmo tempo que se mantinha o secretismo em torno da repatriação. Durante o dia, em países como Reino Unido e Austrália, como já tinha acontecido em França, vieram a público obstáculos diplomáticos para fazer descolar voos de Wuhan. O Figaro já tinha denunciado na quarta-feira a relutância de Pequim em autorizar a operação europeia, por receio de que passasse a imagem de que o país tem dificuldades para conter a epidemia. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, reconheceu esta quinta-feira à Lusa que a operação é complexa e precisa de ser “rodeada da discrição e da prudência necessárias”.
Ao contrário de Reino Unido, Espanha ou França, que apresentaram planos detalhados sobre o repatriamento e optaram por colocar os cidadãos em isolamento, em locais próprios, em Portugal, a perspetiva no início da semana era de que os repatriados sem sintomas pudessem regressar às suas casas, podendo ser no entanto aconselhado um período de isolamento social de 14 dias, o tempo máximo de incubação do vírus, em função da avaliação do risco de terem sido expostos ao vírus, que será feita à chegada. Já ontem, a diretora-geral da Saúde adiantou que poderá também ser proposto o confinamento em instalações do Estado, não tendo revelado onde. A Constituição portuguesa não prevê a quarentena obrigatória, ainda que pudesse ser decretada em estado de emergência, e o internamento compulsivo só está previsto em casos de doença mental. Os portugueses farão uma primeira escala em França e viajarão para Portugal num C-130 do Exército, devendo aterrar no aeroporto de Figo Maduro.