Aumentam as suspeitas de que o voo 752, entre Teerão e Kiev, tenha sido abatido por engano por mísseis antiaéreos do Irão. Todas as 176 pessoas a bordo morreram quando este se despenhou, esta quarta-feira à noite, horas após os iranianos atingirem com mísseis bases norte-americanas no Iraque. A CBS avançou que o Pentágono está confiante dessa hipótese, explicando que os seus satélites detetaram o lançamento de dois mísseis terra-ar SA-15, disparados de uma bateria Tor M-1, de fabrico russo, utilizada pela Guarda Revolucionária do Irão. Os satélites americanos registaram depois o que pensam ser a explosão da aeronave. O Guardian avançou que as autoridades britânicas detetaram o mesmo, e os investigadores ucranianos estão a explorar essa possibilidade.
O avião “estava a voar num bairro complicado, alguém se pode ter enganado”, declarou o Presidente dos EUA, Donald Trump. Já o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, disse ter provas de que o avião foi abatido acidentalmente pelo Irão. “Isto é uma análise preliminar e queremos agora uma investigação credível e completa ao que aconteceu exatamente”, explicou Trudeau.
No entanto, Teerão desmente esse cenário, bem como as imagens que estão a circular em redes sociais, de destroços de mísseis – identificados como SA-15 – que terão sido encontrados perto do local. “O cenário de um ataque com mísseis não está em cima da mesa”, garantiu o responsável pela investigação iraniana, Hassan Rezaeifar, em declarações à agência noticiosa estatal IRNA. “Nenhum pedaço de mísseis foi encontrado no local”, assegurou o responsável.A IRNA escreveu que era “cientificamente impossível” que se tratasse de um ataque acidental, dado que havia outros aviões no ar ao mesmo tempo. Contudo, Rezaeifar também declarou que devido a um qualquer problema técnico, “o piloto do avião ucraniano estava a tentar voltar para o aeroporto”. Algo que dá credibilidade à tese de que as defesas antiaéreas de Teerão confundiram-no com uma retaliação dos EUA, pelo ataque às suas bases, horas antes. Além disso, as autoridades iranianas tinham informado que o avião já ardia antes de se despenhar.“A nossa comissão está a acordar com as autoridades iranianas viajar até ao local do acidente e planeia procurar destroços de mísseis russos terra-ar Tor”, escreveu no Facebook Oleksiy Danilov, secretário do Conselho de Segurança ucraniano.
Danilov acrescentou que alguns dos seus investigadores também estiveram envolvidos na análises aos destroços do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido sobre a Ucrânia em 2014, por separatistas armados com mísseis russos. “Usaremos todas as nossas melhores práticas da investigação ao ataque ao MH17 para descobrir a verdade”, prometeu.
Tragédia
O avião, um Boeing 737, levava passageiros de vários países, incluindo 82 iranianos, 63 canadianos e 11 ucranianos, que tripulavam a aeronave. Segundo Trudeau, 138 dos passageiros tinham como destino o Canadá, via Kiev, incluindo um casal que regressava de lua-de-mel.A Associated Press, acrescentou que muitos eram estudantes internacionais, que estudavam no Canadá e estavam de regresso depois das férias de inverno. “Sei que todos os canadianos estão de luto convosco”, declarou Trudeau, dirigindo-se às famílias das vítimas. “A nossa prioridade é descobrir a verdade e todos os responsáveis pela tragédia”, escreveu o primeiro-ministro no Facebook.Os pertences das vítimas, incluindo peluches e escovas de dentes para crianças, ficaram espalhados por uma vasta extensão dos terrenos rurais à volta de Teerão, à semelhança dos destroços. “Saí e vi que um avião se tinha despenhado ali. Pedaços de corpos estavam caídos no chão em todo o lado”, contou uma testemunha à AP.