Diretas. Rui Rio quer um PSD preparado para governar já a partir de 2021

Diretas. Rui Rio quer um PSD preparado para governar já a partir de 2021


Recandidato à liderança dos sociais-democratas advoga um partido com condições reforçadas para liderar o país mas nada quis dizer sobre as eleições presidenciais de janeiro de 2021.


Sem anúncio prévio, e de forma discreta, a moção global estratégica do líder do PSD – e recandidato a novo mandato – foi ontem divulgada no site do partido, juntamente com os textos dos seus dois adversários, Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz.

No texto com o lema da candidatura – Portugal ao Centro – Rio Rui escreve que, se o partido seguir as linhas estratégicas, traçadas no programa eleitoral e na moção, então, o PSD poderá “assumir que a partir de 2021” estará “em condições reforçadas para Governar Portugal”.

Apesar de não querer entrar em “exercícios de adivinhação” sobre o cumprimento da atual legislatura, (que só termina em 2023), Rio propõe-se a melhorar as propostas do partido para se afirmar como “verdadeira alternativa aos olhos dos portugueses” bem antes do fim do atual mandato do Governo.

“Se à ambição conseguirmos acrescentar uma liderança responsável e mobilizadora, a credibilidade e a confiança indispensáveis ao bom cumprimento dessa missão, então teremos reunidas as condições que nos poderão conduzir à vitória”, concluiu o recandidato à liderança na sua moção com 32 páginas.

O mandato do próximo presidente do PSD só termina em 2022, mas não há uma única palavra sobre as eleições presidenciais, que terão lugar em janeiro de 2021. Os seus dois adversários, contudo, dedicaram-lhe várias parágrafos, ainda que com nuances. Montenegro dá apoio inequívoco a Marcelo Rebelo de Sousa, já Pinto Luz avisa que é preciso estarem reunidos alguns pressupostos. Rio explicou em Macedo de Cavaleiros, numa ação de campanha, que é preciso respeitar o timing do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre a sua decisão de recandidatura.

Rio prefere olhar para as autárquicas de 2021 e quer uma comissão autárquica para preparar as escolhas do PSD, admitindo acordos com outras forças políticas e movimentos independentes para contrariar a tendência de queda do partido.

“É urgente inverter essa tendência, mas é também indispensável reconhecer que não se ganha em ano e meio o que se perdeu em década e meia”, avisa Rui Rio na referida moção.

Em termos estratégicos, Rio volta a recusar a política espetáculo que “não pode ter lugar num partido que aspira a governar Portugal”, defende propostas para reformar vários setores e o próprio sistema político, elencando ainda prioridades como a demografia e as alterações climáticas, a justiça, a defesa da transparência e o combate à corrupção.

“Sendo o PSD o maior partido da oposição exige-se-lhe que assuma uma conduta responsável, colocando os interesses de Portugal acima dos interesses do partido. Portugal primeiro não é um mero slogan”, advoga também Rui Rio.

Sobre o grupo parlamentar também há uma menção com a certeza de que o atual líder do PSD não quer “um grupo monolítico”, mas espera de cada “deputado a lealdade e empenho para um esforço de convergência em torno das opções políticas e estratégicas que vierem a ser aprovadas no próximo Congresso do PSD”. O recado está dado.

As reações a Marcelo O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, começou o ano a pedir não só um Governo “forte, concretizador e dialogante”, mas uma oposição que seja alternativa. Não enumerou partidos, mas ficou claro que o recado tinha como destinatários os partidos à direita do PS, leia-se o PSD. Por isso, os apelos de Belém levaram dois dos três candidatos à liderança social-democrata a reagir. Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz usaram a mesma expressão para se pronunciarem sobre os recados de Belém: a promessa do PSD ser uma “alternativa forte”.

O primeiro a reagir foi Luís Montenegro, antigo líder parlamentar do PSD. O candidato escreveu uma declaração a garantir o compromisso de que “o PSD será a alternativa forte que se reclama de uma oposição”. Mais tarde foi a vez de Pinto Luz: “Da minha parte, só vos posso garantir que estou a trabalhar para dar ao país a alternativa forte de que tanto necessitamos. E vou fazê-lo mobilizando o PSD, mas sobretudo envolvendo os portugueses”, escreveu o também autarca em Cascais no Facebook. Já Rui Rio reagiu em Macedo de Cavaleiros. O líder do PSD considerou que as palavras do PR sobre a necessidade de diálogo (e defesa do interesse nacional) “batem certo” com o que tem defendido enquanto presidente social-democrata. Rio acrescentou, por isso, que se tratou de uma “intervenção normal” para a mensagem de Ano Novo do Chefe de Estado.

Sobre a campanha interna do PSD, Rio disse que as salas estavam “cheias”, mas os militantes também estão “cansados” depois de um ciclo eleitoral, com europeias e legislativas, além das diretas de há dois anos.