Ainda a recuperar dos estragos causados pelos ciclones Idai e Kenneth que causaram a morte de 714 pessoas, em março e abril, Moçambique está novamente em alerta laranja devido ao mau tempo no norte do país.
As condições climatéricas provocaram a destruição parcial e total de mais de 500 casas na cidade portuária de Pemba. Já em Cabo Delgado, o mau tempo provocou o desabamento da ponte sobre o rio Montepuez e a morte de cinco pessoas.
“Foi decretado o alerta laranja para todas as províncias do país, o que vai ajudar a que se faça o pré posicionamento. É importante que o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades se prepare, de modo que, caso ocorra uma situação igual a que se regista em Cabo Delgado, as infraestruturas já estejam lá implantadas para fazer a busca e salvamento”, disse a ministra da Administração Estatal e Função Pública, Carmelita Namashulua, citada pela Agência de Informação de Moçambique.
A ponte que desabou em Cabo Delgado, construída durante o tempo colonial, deixou isolados os distritos de Meluco, Macomia, Muidumbe, Mueda, Nangade, Palma e Mocímboa da Praia, no norte desta província, disse uma fonte da Administração Nacional de Estradas na região à Agência Lusa. “Temos uma equipa no terreno para avaliar danos e depois deste trabalho teremos ideia do real impacto deste desabamento, incluindo as alternativas que vamos adotar para solucionar o problema”, afirmou a Administração Nacional de Estradas de Moçambique na região à mesma agência noticiosa, acrescentando que mais pormenores serão divulgados numa comunicação oficial.
Dados do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) revelam que, no mínimo, 2.650 pessoas em Cabo Delgado foram afetadas pelo mau tempo e. até agora, foi registado o óbito de cinco pessoas.
Segundo o delegado do INGC desta província, Alberto Armando, para além de Cabo Delgado, o mau tempo também atingiu. embora com menos intensidade, uma parte de Nampula
Um mau ano Em março, Moçambique foi atingido pelo ciclone tropical Idai, o mais forte a atingir o país desde o Jokwe, em 2008. O ciclone devastou a zona centro, e, para além de destruir várias infraestruturas, provocou 604 mortos e afetou cerca de 1,5 milhões pessoas.
Um mês depois, a província de Cabo Delgado foi atingida pelo ciclone Kenneth, que provocou a morte a 45 pessoas e afetou 250 mil vidas.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, disse numa visita à Beira durante o verão que “o exemplo de Moçambique deve ser um alerta para todos”.
Entre os meses de novembro e abril, Moçambique é ciclicamente atingido por ventos ciclónicos oriundos do Índico e por cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral.
No total, morreram 714 pessoas durante o período chuvoso em 2018/2019, incluindo as 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth.