Marcelo Rebelo de Sousa vai passar o ano no Corvo, a mais pequena ilha dos Açores, e será de lá que fará a tradicional mensagem de Ano Novo. OPresidente da República voltará a inovar e a mensagem será lida, em direto, na RTP, às 13 horas do primeiro dia de 2020. Se os planos não forem alterados, devido às condições climatéricas, Marcelo festejará a passagem de ano num jantar com mais de 200 pessoas. E será a última mensagem antes da decisão de se recandidatar a um novo mandato.
Ochefe de Estado tem aproveitado as mensagens de Ano Novo para fazer alguns avisos ao Governo. E também algumas exigências. A primeira foi no dia 1 de janeiro de 2017 e Marcelo Rebelo de Sousa realçou que o país tem de “crescer muito mais”. Para Marcelo, o ano de 2016, o primeiro da geringonça, tinha sido “o ano da gestão do imediato” e o seguinte teria de ser “o ano da gestão a prazo e da definição e execução de uma estratégia de crescimento económico sustentado”.
O ano de 2017 ficou, porém, marcado pela tragédia. Mais de uma centena de mortos fizeram acordar o país para a dura realidade dos incêndios e para as fragilidades do interior do país. Marcelo pediu para “reinventarmos o futuro” depois de um “ano povoado de reconfortantes alegrias, mas também de profundas tristezas”.
A mensagem, ao contrário do que é habitual, foi proferida a partir da sua em casa em Cascais já que o Presidente da República estava a recuperar de uma cirurgia a uma hérnia. “Temos de converter as tragédias que vivemos em razão mobilizadora de mudança, para que não subsistam como recordação de irrecuperável fracasso”, afirmou. O chefe de Estado fez um “balanço positivo”, mas considerou que o crescimento económico foi “tardio e insuficiente”.
O ano de 2019 ficou marcado pelas eleições europeias, regionais da Madeira e legislativas. Marcelo apelou aos portugueses para votarem e constatou que Portugal “saiu da crise, reganhou esperança”, mas “precisa de olhar para mais longe e mais fundo”.
Recandidatura em outubro
Marcelo deverá anunciar a recandidatura em outubro. A dúvida não é se ganha, mas a dimensão da vitória e com que apoios. PSD e CDS deverão voltar a estar ao lado do atual Presidente da República. O PS terá de decidir se apresenta candidato próprio ou apoiará Marcelo. Outra hipótese no PS, à semelhança do que aconteceu nas últimas presidenciais, será a de dar liberdade de voto aos militantes. Ferro Rodrigues, João Soares e Jorge Coelho já admitiram apoiar o ex-presidente do PSD.
Marques Mendes acredita que o PS não terá um candidato próprio, porque António Costa não quer correr “o risco de ter uma derrota humilhante”. No seu último comentário, na SIC, o conselheiro de Estado elogiou a mensagem de Natal do Presidente da República. Marcelo avisou que estão a ser adiadas decisões importantes e o comentador político garantiu que “o país gosta de um Presidente dos afetos, mas também aprecia que Marcelo, de vez em quando, fale grosso”. Para Luís Marques Mendes, o papel do Presidente da República também é fazer “avisos e reprimendas”.
Marcelo já avisou que 2020 deve ser um ano “estável” e melhor do que aquele que está a chegar ao fim.”Seria ainda melhor se pudéssemos dizer que foi um ano superior ao anterior em termos de metas na vida dos portugueses”, disse Marcelo, na apresentação de cumprimentos de boas festas do Governo ao Chefe de Estado. Esta quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa fará a quarta mensagem de Ano Novo. A penúltima deste mandato.