Os dois marroquinos que chegaram a Portugal em 2013 com documentos falsos e vivem com o estatuo de refugiados políticos, foram acusados pela polícia francesa de ligações ao Estado Islâmico.
Segundo o Diário de Notícias, Abdesselam Tazi, de 65 anos, e Hicham El Hanafi, de 29 anos, estiveram a ser investigados pelas autoridades francesas por suspeitas de recrutamento de jihadistas. A acusação com carimbo francês foi concluída no mês de novembro e estes dois marroquinos surgem como operacionais ativos do Estado Islâmico.
Estes dois homens que pediram asilo político a Portugal foram também investigados pela Polícia Judiciária em 2014 por suspeitas de terrorismo e Abdesselam Tazi foi este ano condenado a 12 anos de prisão pelos crimes de recrutamento para o terrorismo, financiamento do terrorismo e falsificação de documentos, como cartão de crédito e passaporte.
No início de julho, Tazi – que está preso na cadeia de Monsanto desde 2017 – ouviu as duras palavras do juiz Francisco Henriques: “Sei que é um homem religioso. Eu também sou. Espero que o seu deus lhe perdoe. O senhor saiu de Marrocos, veio para a Europa, aproveitando-se das fragilidades do sistema para quê? Para convencer uns miúdos a viajar para a Síria”.
Relação dos dois marroquinos
Na acusação, o Ministério Público referiu que Tazi foi o responsável pela radicalização de Hicham El Hanafi. Os dois homens viviam num quarto alugado por uma mulher, em Aveiro.
“Toda a gente diz que o comportamento do Hicham mudou com a convivência com Tazi, homem mais experiente, mais velho e com capacidade de sedução”, disse o procurador João Melo durante o debate instrutório que aconteceu em 2018, acrescentando que Tazi “estudava os personagens e os momentos próprios e sabia construir o seu discurso de forma a seduzir”.
Este caso ficou, aliás, marcado por uma decisão polémica do juiz Ivo Rosa. Durante a fase de instrução, Ivo Rosa decidiu ilibar o marroquino de crimes de terrorismo, considerando que apenas deveria seguir para julgamento por um crime de falsificação de documentos e quatro crimes de contrafação de moeda. Mais tarde, a Relação de Lisboa mostrou-se perplexa com a fundamentação do magistrado. A decisão foi revertida e Tazi acabou por ser julgado por crimes de terrorismo.