Marcelo. Salário mínimo de 635 euros é “razoável no contexto português”

Marcelo. Salário mínimo de 635 euros é “razoável no contexto português”


A subida do salário mínimo provocou trocas de acusações entre patrões e sindicatos. Presidente da República também comentou.


O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, garante não estar arrependido de ter promulgado o aumento do salário mínimo para 635 euros. Até porque, para Marcelo, a proposta do Governo, que terá efeitos a partir de janeiro do próximo ano, é “razoável” com base no “contexto português”.

“O Presidente da República promulgou e, ao promulgar, disse que parecia razoável no contexto português. Eu não mudo de opinião em 15 dias, não chega a um mês. É razoável aquela decisão no contexto português”, afirmou este sábado Marcelo Rebelo de Sousa no âmbito da cerimónia de juramento de Hipócrates dos novos médicos da Região do Sul da Ordem dos Médicos. Esta não é, aliás, a primeira vez que Marcelo Rebelo de Sousa defende que o valor estipulado pelo Governo é razoável, já o tendo afirmado na altura em que promulgou a subida do salário mínimo, que considerou “uma solução razoável, a pensar na economia e na sociedade portuguesa”.

As declarações do chefe de Estado português estão relacionadas com a entrevista do presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, ao Dinheiro Vivo e à TSF, onde defendeu que a decisão do Governo de impor os 635 euros como salário mínimo não tem “racionalidade económica”, garantindo ainda que o “grande beneficiário” será o Estado, que vai conseguir arrecadar 126 milhões de euros por mês do diferencial de impostos.

Quem também reagiu às declarações do presidente da CIP foi Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP. “Esta posição do presidente da CIP não é nova, mas tem aqui uma nuance. Foi também a CIP que, há uns anos atrás, quando se falou na possibilidade de se aumentar o salário mínimo nacional, avançou com a visão catastrófica de que ia haver desemprego e encerramento de empresas”, disse à Lusa. O responsável acrescenta que a vida mostrou que a CIP está errava e que a sua posição continua a ser pautada “pelo erro” e por “uma tentativa de manipular, mentir, enganar e criar uma situação de dramatização junto da opinião pública para tentar justificar o que não tem justificação”.

Recorde-se que a subida do salário mínimo para 635 euros a partir de janeiro já é oficial desde meados deste mês. Depois do aumento para os 600 euros no ano transato, esta subida surge na sequência das intenções do Governo de atingir a meta de 750 euros para o salário mínimo nacional até ao final da atual legislatura, em 2023. Tal como o i avançou, este aumento de 35 euros vai traduzir-se numa subida de 31,15 euros líquidos no final do mês para cada trabalhador, o que representa pouco mais de um euro diário.

O aumento foi promulgado a 15 de novembro pelo Presidente da República, que diz esperar que “possa ser assegurado um crescimento da economia portuguesa, que permita atualizações cada vez mais significativas dos rendimentos”.