Caso de Alcochete. Só um dos 43 arguidos quis falar

Caso de Alcochete. Só um dos 43 arguidos quis falar


Apenas Bruno Jacinto aceitou falar durante a primeira sessão  de julgamento sobre o ataque à academia do Sporting e garantiu  que informou a direção do clube sobre a ida dos adeptos. 


A primeira sessão do julgamento do caso do ataque à Academia do Sporting, em Alcochete, decorreu ontem e, dos 43 arguidos envolvidos no caso, só Bruno Jacinto quis prestar declarações ao coletivo de juízes presidido por Sílvia Pires. 
Bruno de Carvalho preferiu o silêncio – dentro e fora do Tribunal de Monsanto, em Lisboa –, e continuou a insistir na necessidade de reconstituir o que se passou para lá das portas de vidro da academia. O antigo presidente do Sporting Clube de Portugal não quis falar aos jornalistas e, quando questionado pela juíza sobre a sua profissão, Bruno de Carvalho disse apenas que, atualmente, é “comentador desportivo”.

Fernando Mendes, antigo líder da claque Juventude Leonina, foi o único arguido que não esteve presente, alegando motivos de saúde para justificar a sua ausência. 

Bruno Jacinto não sabe e não viu Na altura do ataque à academia, Bruno Jacinto era o responsável por fazer a ligação entre os elementos da claque e o clube. Durante o dia de ontem foi questionado, tanto pela juíza Sílvia Pires, como pelos advogados dos restantes arguidos sobre o que terá acontecido, mas garantiu sempre que, no dia 18 de maio, não viu ninguém ferido na academia de Alcochete. 

O ex-oficial de ligação entre o clube e as claques disse no Tribunal de Monsanto que não sabia que os membros da claque Juventude Leonina iam a Alcochete para agredir os jogadores e que, no dia das agressões, falou durante 40 minutos com cinco membros da claque do clube, cujas caras não estavam tapadas. Entre esses cinco adeptos estava Fernando Mendes e Nuno Torres. 

Não sabia das agressões, mas foi informado por Tiago Silva, membro da direção da claque Juventude Leonina, de que os adeptos iriam à Academia do Sporting por estarem descontentes com os últimos resultados da equipa na Liga dos Campeões. Este facto, segundo Bruno Jacinto, foi reportado por mensagem a André Geraldes, na altura, diretor-geral do Sporting.

O arguido referiu também que avisou Ricardo Gonçalves, à data diretor de segurança em Alcochete, da ida dos adeptos e que terá dito, cerca de 15 minutos antes das agressões, que iriam “questionar os jogadores, sobretudo Acuña, Bataglia e Rui Patrício”. 

À saída, a defesa de Bruno Jacinto referiu que o seu cliente está disponível para “justificar a sua não participação”: “Ele não tem de avisar ninguém, avisou o seu chefe hierárquico que, pelos vistos, desvalorizou”. 

O ataque à Academia do Sporting aconteceu em maio de 2018 e vão a julgamento 43 arguidos. Até fevereiro do próximo ano, a sala principal do Tribunal de Monsanto – que, normalmente, recebe casos de extrema complexidade – vai estar reservada exclusivamente a este julgamento. Hoje, o coletivo de juízes ouve seis testemunhas – todos militares da Guarda Nacional Republicana. 

A partir de agora, Bruno de Carvalho está dispensado de assistir às sessões do julgamento, só devendo regressar nas alegações finais do Ministério Público. O pedido de dispensa foi aceite pelo coletivo de juízes, depois de o advogado do antigo presidente do clube ter alegado que o seu cliente não tinha meio de transporte para ir até ao tribunal e que este tinha trabalhar de manhã e à tarde. À semelhança do ex-dirigente leonino, também outros 18 arguidos estão dispensados de assistir às próximas sessões do julgamento.