Olá Valência


Miguel irá a Valência. Não para correr, bem sabemos, passou pouco mais de uma semana desde a operação ao ombro que lhe devolverá as forças que aquele monstro de cavalos requer. Foram algumas corridas feitas no limite do esforço, gerindo a exigência feita a um corpo com mazelas. Umas trazidas de Silverstone, após empurrão tão…


Miguel irá a Valência.

Não para correr, bem sabemos, passou pouco mais de uma semana desde a operação ao ombro que lhe devolverá as forças que aquele monstro de cavalos requer.

Foram algumas corridas feitas no limite do esforço, gerindo a exigência feita a um corpo com mazelas.

Umas trazidas de Silverstone, após empurrão tão desnecessário.

Outra de Philip Island, numa armadilha eólica.

Em ambas o Falcão se levantou e de novo ensaiou um bater de asas, indo à luta, buscando limites, entregando garras afiadas e olhar atento a tudo.

Travões, suspensões, pneus, electrónica, traçado e asfalto, voltas lançadas, qualificações, estratégia de corrida, longa é a lista meus senhores, onde Miguel estuda a melhor opção e emprega a melhor estratégia. Um entre vinte e dois, dos melhores que este mundo de milhões seleciona para centenas de quilómetros batalhados à décima de segundo, por vezes ganhos ou perdidos em milésimas quase invisíveis.

Miguel chegou ao MotoGP este ano e foi gigante.

Vou repetir, não vão julgar que se me escapou precipitado o epíteto.

Gigante.

No querer, no saber, na gestão de todas as dificuldades e vicissitudes, numa panóplia de decisões tomadas sem queixume e bastas vezes se revelando certeiras e de sensibilidade incomum.

É fácil ser-se bom nas botas do melhor cowboy, disparar certeiro num pôr-do-sol pré-desenhado, como teremos visto a alguns.

É cómodo vencer o cansaço num sofá almofadado e debruado a cetins finos, como acontece a tantos.

Não é fácil ser-se Falcão certeiro, bicho veloz, quando as garras e o vento dos outros parecem saídos de restritos e guardados segredos de quase perfeição, em maquinaria reservada a pesos pesados, de preferência espanhóis ou italianos.

Não podia ter tido melhor sorte uma Tech3 ao aventurar-se por equipa nova do que se lhe deparar um estudioso arrojado e conhecedor no desbaste dos limites. Guy agradeceu e devolveu com exigente sabedoria.

Não poderia ter calhado melhor parceiro à KTM, que se pretende a rivalizar com as melhores, do que um mouro de trabalho e um poço de dicas e soluções.

Roma, Pavia e quem porfia, que não se fizeram num dia e que sempre alcançam, tudo valendo a pena e boa cama fazendo, não sendo nem a alma pequena e na outra se deitando, para o ano mais virá, atrás de Miguel surgirá quem dele saudoso fará.

Quatro mundos, senhores, quatro são os mundos que por hoje se nos entrelaçam, os austríacos talvez percebendo a tempo a raridade Oliveira, a Tech3 para sempre a casa de chegada a este mundo, olhando e tratando Miguel como um valioso e fundamental parceiro em jornada rumo ao futuro, o próprio Falcão, gerindo um universo de equações de consecutiva e crescente exigência, entregando a carta a Garcia e poucas mágoas carpindo, correndo tantas vezes desigualmente equipado, fosse em ferramenta, em alma ou mesmo num físico alvejado e atingido por desnecessidades, deixa-me dizer-te a partir deste cantinho longínquo e quiçá desconhecido para ti, que grande, mas que grande ou mesmo enorme tu nos saíste portuga dum raio e do nosso orgulho.

E por fim o quarto mundo, a última dimensão, e se os últimos são os primeiros atentemos na importância de semelhante prisma, esse quarto mundo desta galáxia de MotoGP que se tornou nossa, esse mundo que afinal somos nós, adeptos, seguidores, apaixonados, críticos, sofredores e amparo de bancada.

Um mundo que se quer repetido a cada fim-de-semana de adrenalina, a cada ano de trabalho, a cada degrau rumo ao topo.

Pensai nisso senhores, que confortável será o intimo de quem sofre por tão nobre cavaleiro, tão corajoso soldado da velocidade.

Pensai e não vacileis na hora de estar lá.

Sempre.

Onde é preciso. Até já Valência.

Olá Valência


Miguel irá a Valência. Não para correr, bem sabemos, passou pouco mais de uma semana desde a operação ao ombro que lhe devolverá as forças que aquele monstro de cavalos requer. Foram algumas corridas feitas no limite do esforço, gerindo a exigência feita a um corpo com mazelas. Umas trazidas de Silverstone, após empurrão tão…


Miguel irá a Valência.

Não para correr, bem sabemos, passou pouco mais de uma semana desde a operação ao ombro que lhe devolverá as forças que aquele monstro de cavalos requer.

Foram algumas corridas feitas no limite do esforço, gerindo a exigência feita a um corpo com mazelas.

Umas trazidas de Silverstone, após empurrão tão desnecessário.

Outra de Philip Island, numa armadilha eólica.

Em ambas o Falcão se levantou e de novo ensaiou um bater de asas, indo à luta, buscando limites, entregando garras afiadas e olhar atento a tudo.

Travões, suspensões, pneus, electrónica, traçado e asfalto, voltas lançadas, qualificações, estratégia de corrida, longa é a lista meus senhores, onde Miguel estuda a melhor opção e emprega a melhor estratégia. Um entre vinte e dois, dos melhores que este mundo de milhões seleciona para centenas de quilómetros batalhados à décima de segundo, por vezes ganhos ou perdidos em milésimas quase invisíveis.

Miguel chegou ao MotoGP este ano e foi gigante.

Vou repetir, não vão julgar que se me escapou precipitado o epíteto.

Gigante.

No querer, no saber, na gestão de todas as dificuldades e vicissitudes, numa panóplia de decisões tomadas sem queixume e bastas vezes se revelando certeiras e de sensibilidade incomum.

É fácil ser-se bom nas botas do melhor cowboy, disparar certeiro num pôr-do-sol pré-desenhado, como teremos visto a alguns.

É cómodo vencer o cansaço num sofá almofadado e debruado a cetins finos, como acontece a tantos.

Não é fácil ser-se Falcão certeiro, bicho veloz, quando as garras e o vento dos outros parecem saídos de restritos e guardados segredos de quase perfeição, em maquinaria reservada a pesos pesados, de preferência espanhóis ou italianos.

Não podia ter tido melhor sorte uma Tech3 ao aventurar-se por equipa nova do que se lhe deparar um estudioso arrojado e conhecedor no desbaste dos limites. Guy agradeceu e devolveu com exigente sabedoria.

Não poderia ter calhado melhor parceiro à KTM, que se pretende a rivalizar com as melhores, do que um mouro de trabalho e um poço de dicas e soluções.

Roma, Pavia e quem porfia, que não se fizeram num dia e que sempre alcançam, tudo valendo a pena e boa cama fazendo, não sendo nem a alma pequena e na outra se deitando, para o ano mais virá, atrás de Miguel surgirá quem dele saudoso fará.

Quatro mundos, senhores, quatro são os mundos que por hoje se nos entrelaçam, os austríacos talvez percebendo a tempo a raridade Oliveira, a Tech3 para sempre a casa de chegada a este mundo, olhando e tratando Miguel como um valioso e fundamental parceiro em jornada rumo ao futuro, o próprio Falcão, gerindo um universo de equações de consecutiva e crescente exigência, entregando a carta a Garcia e poucas mágoas carpindo, correndo tantas vezes desigualmente equipado, fosse em ferramenta, em alma ou mesmo num físico alvejado e atingido por desnecessidades, deixa-me dizer-te a partir deste cantinho longínquo e quiçá desconhecido para ti, que grande, mas que grande ou mesmo enorme tu nos saíste portuga dum raio e do nosso orgulho.

E por fim o quarto mundo, a última dimensão, e se os últimos são os primeiros atentemos na importância de semelhante prisma, esse quarto mundo desta galáxia de MotoGP que se tornou nossa, esse mundo que afinal somos nós, adeptos, seguidores, apaixonados, críticos, sofredores e amparo de bancada.

Um mundo que se quer repetido a cada fim-de-semana de adrenalina, a cada ano de trabalho, a cada degrau rumo ao topo.

Pensai nisso senhores, que confortável será o intimo de quem sofre por tão nobre cavaleiro, tão corajoso soldado da velocidade.

Pensai e não vacileis na hora de estar lá.

Sempre.

Onde é preciso. Até já Valência.