Dia Mundial da Poupança. Aprenda a poupar e escolha o melhor produto em que pode investir

Dia Mundial da Poupança. Aprenda a poupar e escolha o melhor produto em que pode investir


Na próxima quinta-feira comemora-se o Dia Mundial da Poupança. Por isso, esta é a altura ideal para fazer contas e pensar onde pode investir. O certo é que nem sempre há margem para amealhar e a taxa de poupança das famílias continua a atingir níveis mínimos. Não existem soluções milagrosas, mas há pequenos truques que…


Depósitos a prazo

Se a sua simplicidade é uma das vantagens, a taxa de remuneração oferecida torna este produto financeiro menos atrativo devido à queda da taxa da Euribor em todos os prazos. Apesar de ter vindo a perder adeptos nos últimos anos devido às taxas de juro que apresenta, continua a ser um dos instrumentos de poupança preferidos dos portugueses.  A maioria dos depósitos está a pagar, em média, uma taxa anual líquida próxima do zero. Só consegue contrariar esta tendência se procurar as ofertas para novos clientes ou montantes elevados. Mas a verdade é que há bancos que estão a levar esta redução ao limite e, praticamente, o máximo de remuneração que consegue encontrar é de 0,2%. Os últimos dados revelados pelo Banco Central Europeu (BCE) não são animadores: Portugal é o terceiro país da zona euro que pior remunera os depósitos a prazo; só a Irlanda e a Espanha é que pagam menos. Segundo os mesmos dados, entre julho e agosto saíram 343 milhões de euros dos depósitos a prazo, com o saldo total a baixar para cerca de 91 mil milhões de euros. Seria necessário recuar até fevereiro de 2011 para ver um montante mais baixo.Mas se é certo que não existe nenhuma aplicação financeira que esteja 100% isenta de risco, também é verdade que há aplicações que comportam um risco maior do que outras. Se analisarmos a escala de risco dos vários produtos financeiros disponíveis para os aforradores e investidores, os depósitos estão entre as aplicações mais seguras e, no pior cenário e se o banco falir, os clientes podem recorrer ao Fundo de Garantia de Depósitos até 100 mil euros por banco e por titular.

 

Certificados de aforro e CTPC

A perda de atratividade dos depósitos a prazo está a levar os aforradores portugueses a olharem cada vez mais para os produtos de poupança do Estado. Neste universo, os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC) – que vieram substituir os Certificados do Tesouro Poupança Mais – são o produto que mais interesse tem despertado. O montante sob gestão em certificados de aforro e do Tesouro aumentou 16 milhões de euros em setembro, atingindo quase os 17 mil milhões de euros. No caso do aforro, a taxa de remuneração é calculada com base na média dos valores da Euribor a três meses observados nos dez dias úteis anteriores, acrescida de 1%. Como a Euribor está atualmente em valores negativos, a taxa de juro para novas subscrições de certificados de aforro (série E) foi fixada em 0,584% bruta. Já nos CTPC, a taxa de juro é crescente: no primeiro e segundo anos são pagos 0,75% (remuneração bruta), e sobe para 1,05% no terceiro ano, 1,35% no quarto, 1,65% no quinto e 1,95% no sexto, até atingir 2,25% no último ano. A taxa de juro a partir do segundo ano é acrescida de um prémio correspondente a 40% do crescimento médio real do PIB, a preços de mercado nos últimos quatro trimestres conhecidos no mês anterior à data de pagamento de juros. Apesar de não ser um valor surpreendente, apresenta uma rentabilidade superior quando comparado com as alternativas existentes. Este produto financeiro destina-se essencialmente a quem esteja interessado em manter este investimento durante o prazo máximo (cinco anos).

 

Obrigações do Tesouro

Até há bem pouco tempo, adquirir obrigações do Tesouro (OT) era um bom negócio, já que era uma das formas mais rentáveis de aplicar as poupanças de médio ou longo prazo com capital garantido. Mas o certo é que as OT ganharam uma nova vida quando, em 2016, o Estado lançou as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), uma vez que este produto é o principal instrumento do Estado para satisfazer as suas necessidades de financiamento. O certo é que este produto de poupança tem invertido a tendência de desinvestimento em títulos de dívida que as famílias portuguesas vinham traçando. Em relação ao risco, é semelhante ao dos certificados, ou seja, só há risco de perder capital se o Estado entrar em incumprimento. 

 

 

Plano Poupança Reforma

Os Planos Poupança Reforma (PPR) têm vindo a perder algum interesse nos últimos anos, em parte devido à perda de benefícios fiscais. E o interesse em continuar a aplicar em PPR fica circunscrito aos aforradores entre os 40 e os 55 anos. “Quem está a menos de dez anos da aposentação não deve aplicar mais dinheiro em PPR”, refere a Deco. “Se tem um PPR e o desempenho deixa a desejar, transfira-o para outro mais rentável e com menos custos”.  O Estado apresenta igualmente um produto próprio, mas também não tem tido grande sucesso – angariou pouco mais de 9 mil aderentes desde que foi lançado. Segundo a OCDE, o número de adesões aos planos poupança reforma tem vindo a cair a um ritmo anual de 100 subscritores e, entre aqueles que mantêm estes planos, metade não fazem contribuições mensais.

 

Bolsa

O investimento direto na bolsa ainda assusta muitos portugueses. Pode representar um negócio rentável, mas o risco é sempre mais elevado em relação aos outros produtos de investimento.  O investidor pode fazer a compra individualmente, quando escolhe diretamente as ações que deseja, ou através de fundos de ações, ao adquirir unidades de participação de um destes instrumentos. Os especialistas aconselham os interessados a fazer este investimento a prazo (pelo menos a cinco anos) para ultrapassarem as flutuações do mercado. Qual a melhor solução para aplicar o seu dinheiro? O melhor é ir investindo de forma periódica e regular. A tendência dos mercados financeiros é para valorizarem a longo prazo. O investimento periódico e regular permite ainda expurgar os efeitos da emoção no investimento. Não vale a pena tentarmos adivinhar o melhor momento para investir. Não se esqueça, no entanto, de que em momentos de maior incerteza devemos evitar o investimento num determinado ativo. O foco deverá passar por uma estratégia diversificada em que apostamos em vários ativos e, eventualmente, em classes de ativos distintas.Não se esqueça da regra “dividir para reinar”: ao escolher títulos de diferentes países e setores consegue reduzir as flutuações do investimento. Tenha em conta o intermediário financeiro: uma opção acertada pode significar uma poupança de muitos euros, pois a eleição do melhor intermediário financeiro depende do seu perfil de investidor.

 

Ouro

O ouro continua a ser visto como um bom investimento de refúgio no caso de uma grave crise mundial e de colapso do sistema financeiro. No entanto, esta vantagem só se aplica ao metal em termos físicos, já que, no que toca ao investimento em produtos financeiros associados ao ouro (fundos, ETF, entre outros), é preciso ter em conta que a cotação desta matéria-prima é extremamente difícil de prever.Há ainda outras desvantagens que estão associadas ao seu potencial de valorização e à especulação no mercado. E, ao contrário do que possa pensar, quando decidir vender as barras, nada garante que ganhe dinheiro. Por exemplo, quem comprou ouro em 2011 ou 2012 e tente vender agora apenas recuperará pouco mais de metade do valor aplicado. Se considerarmos as comissões e as margens praticadas pelos bancos, a perda será ainda mais agravada. É muito provável que mesmo num período de subida da cotação internacional do ouro, não consiga um melhor preço pelas barras dado o diferencial que existe entre o valor da venda e o da compra.Mas, independentemente da forma escolhida para investir no metal precioso – desde tê-lo nas mãos, comprando moedas e barras, ou investindo em produtos financeiros com exposição ao ouro -, o investidor deve ter sempre em consideração o horizonte temporal, que deve ser encarado numa perspetiva de longo prazo, e as perdas potenciais do investimento, já que, nos últimos tempos, o ouro tem vindo a perder o seu brilho.

 

Siga o método dos japoneses

Para quem, ainda assim, tem dificuldade em poupar, então o melhor é seguir o exemplo dos mestres japoneses. Existem várias formas de gerir o orçamento mensal – através de aplicações informáticas como o Boonzi, usando o Excel ou recorrendo a uma simples folha de papel, mas é o Kakebo que está a ganhar maior relevo e já corre mundo. Trata-se de um método japonês doméstico de controlo do orçamento mensal que significa literalmente “livro de contas para a economia doméstica”. Através de tabelas de despesas (mensais e semanais) e de mapas de entradas e saídas de dinheiro, pretende auxiliar o seu utilizador a organizar as suas contas domésticas de forma a saber sempre quanto gastou e em quê. O princípio do Kakebo é que o utilizador tome consciência de todos os seus gastos ao cêntimo através da representação visual dos mesmos.Para utilizar o Kakebo, precisa de ir apontando as suas despesas no momento em que ocorrem ou de colecionar os recibos das suas compras para registar mais tarde os valores nas tabelas do Kakebo. Pensado para um ano completo, o Kakebo está dividido em 12 meses, com folhas específicas para registar as receitas e as despesas fixas nas mais variadas áreas do dia-a-dia: desde despesas de sobrevivência e extras a gastos com cultura e lazer, é importante registar cada cêntimo, todos os dias. Além disso há ainda espaço para delinear os objetivos financeiros para os próximos 30 dias. No final do mês analisam-se os gastos e a poupança semana a semana, vê-se se sobrou alguma coisa e reflete-se sobre o que correu bem e o que pode ser melhorado no mês seguinte. No final do ano é possível analisar as despesas dos últimos 12 meses por categorias e verificar os melhores truques e os maiores entraves, entre outras questões.