8 de outubro de 1952. Qualquer semelhança  com a atualidade só pode ser mera coincidência

8 de outubro de 1952. Qualquer semelhança com a atualidade só pode ser mera coincidência


“A tática soviética destina-se a exercer influência nas eleições americanas?”, questionava-se a grande imprensa. Frente a frente Harry Truman e o general Eisenhower. Convinha mais aos russos o segundo na presidência, garantia-se. No meio da estratégia, a guerra da Coreia e o possível armistício. Truman desistiu.


Pois… já parece mania, que diacho! De cada vez que se fala de eleições nos Estados Unidos surge a fixação dos russos na tentativa de alterar o curso dos acontecimentos. Como veem, não é de hoje. Em 1952, Harry S. Truman era o presidente. Estava numa espécie de limbo: candidato-me? Não me candidato? A grande imprensa punha as coisas claramente nestes termos: a União Soviética faria tudo para que os republicanos chegassem ao poder, com o general Dwight Eisenhower. E usaria como estratégia de diabolização dos americanos a guerra da Coreia, recusando-se a discutir um armistício e permitindo a escalada do conflito. Pretenderiam com isso que Truman perdesse apoios entre os países europeus e que houvesse, da parte destes, uma maior abertura para se aproximarem da URSS. Mera geopolítica, sublinhavam determinados comentadores…

Truman fazia esforços contínuos para por um fim aos combates que se desenrolavam em redor do Paralelo 38. Seul era uma cidade em perigo. Robert Lovett, secretário da Defesa dos Estados Unidos dirigia recados às Nações Unidas. Malenkov, líder do Partido Comunista da União Soviética, um dos homens mais próximos de Estaline, respondeu através de um discurso beligerante no congresso de Moscovo, ao qual se seguiu uma artigo de Estaline no jornal Bolchevik. Do lado de lá do Atlântico, o senador Jenner fez uma leitura simples deste bate-boca: “A decisão de os soviéticos assinarem ou não o armistício demonstrará de forma cabal quem é que pretendem ver na Casa Branca”. A suspensão das hostilidades era vista como um fator favorável aos democratas.

O armistício só seria assinado em julho do ano seguinte. Truman percebeu que a sua popularidade atingira o ponto mais baixo. Decidiu não se apresentar. Seria Adlai Stvenson a surgir como candidato do Partido Democrata nas eleições de 4 de novembro. Até que ponto as manobras políticas soviéticas prejudicaram os democratas a favor dos republicanos, eis uma pergunta que ficaria sem resposta concreta. Facto é que, na sequência das previsões feitas, o Partido Republicano e o general Dwight Eisenhower venceu em 39 estados e Adlai Stevenson em apenas 9. No Colégio Eleitoral: 442 votos contra 89. A nível nacional, 55,18% contra 44,33%.

Joseph McCarty, senador pelo Wisconsin, estava tomado pela fúria da perseguição aos espiões soviéticos. Ainda não tinha chegado a era da informática. Alimentavam-se os bufos.